quinta-feira, 17 de maio de 2018

POLÍTICA: PT e PDT entram em disputa pelo apoio do PSB

JB.COM.BR
KATIA GUIMARAES, katia.guimaraes@jb.com.br

Ofensiva de Ciro Gomes levou petistas a apressar aliança nos estados

Depois que o PT decidiu manter a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a legenda abriu as negociações para fechar alianças nos estados que fortalecem o palanque da disputa presidencial, mas também que garantam a eleição ou reeleição de governadores petistas. Com a desistência do ex-ministro Joaquim Barbosa de se lançar candidato, o PSB passou a ser o partido mais cobiçado. Para o PDT, do pré-candidato Ciro Gomes, a prioridade é uma aliança nacional com o PSB e, enquanto isso PT e PSB começaram a conversar sobre as coligações estaduais. A ofensiva do PDT levou o PT a agilizar as conversas na tentativa de sair à frente nas alianças e atrair o PSB no maior número de estados possíveis. A expressão barrar o avanço do PDT foi usada entre petistas.
O presidente do PSB, Carlos Siqueira, teve encontros com Gleisi Hoffmann, do PT, e Carlos Lupi, do PDT. Gleisi acena com o peso de Lula no NE, enquanto Lupi diz que o momento é de Ciro Gomes

Nesta semana, em encontro com o presidente do PSB, Carlos Siqueira, o PT avisou que as pesquisas de intenção de votos dão gás para a manutenção do nome do ex-presidente Lula, que continua liderando qualquer cenário e, no 2º turno, sai vencedor com candidatos de centro e de direita na disputa. A costura é complicada e, em alguns lugares, poderá haver dois palanques de candidatos presidenciais. No encontro, participaram a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR) e o deputado Paulo Teixeira (SP), do núcleo eleitoral da legenda. Em pelo menos, 10 estados os dois partidos poderão estar juntos, como é o caso do Ceará, pela reeleição de Camilo Santana (PT). Lá, o PDT também integrará a chapa e poderá haver um palanque para Ciro e outro para o candidato petista. 
No Nordeste, onde o ex-presidente Lula tem alto índice de intenção de votos cerca de 50%, o PT vê com cautela o avanço de Ciro Gomes. Sem Lula na disputa, ele, que já foi governador do Ceará, tem grandes chances de aumentar sua popularidade, e sua intenção de votos sai da casa dos 6% para 16%, de acordo com a última pesquisa do Instituto DataFolha. “Vai depender muito do processo de como vai ficar a cabeça das pessoas vendo essa injustiça com o Lula. Depois de um tempo, as pessoas começam a ver a realidade do seu dia a dia quem pode ganhar quem vai tomar posse. Vai depender muito da consequência desse processo”, afirma Carlos Lupi, presidente do PDT. Ex-ministro do governo Lula por cinco anos, Lupi diz sentir grande carinho e respeito pela “injustiça draconiana” pela qual o ex-presidente passa, mas diz ser preciso separar as coisas. “A gente tem uma história em comum. Agora, uma coisa é a relação humana, outra coisa é a disputa eleitoral. E o Brasil está em um novo momento e eu acho que o Ciro é o nome desse novo momento”, afirma. A gente tem história em comum. Mas uma coisa é a relação humana, outra coisa é a disputa eleitoral
Em dois estados, as costuras são mais complicadas, como Minas Gerais, em que o ex-prefeito Márcio Lacerda (PSB), quer concorrer ao governo, enquanto o PT pretende atrair apoio da legenda para reeleger Fernando Pimentel (PT). O PDT também é alvo dos petistas em Minas para essa chapa, e, nesse caso, Lacerda poderia ser um nome para o Senado. Mas, por outro lado, se o ex-prefeito sair para o Palácio de Tiradentes, o mais provável seria ele obter o apoio dos pedetistas. Em Pernambuco, as conversas ainda deverão ser mais difíceis, pois a vereadora Marília Arraes (PT) é forte candidata ao governo, e do outro lado está o PSB que quer renovar a aliança para reeleger Paulo Câmara (PSB). O acerto envolveria não só abrir mão de um nome petista com grandes chances de se eleger e que conta com o apoio da militância petista, mas também um palanque para o ex-presidente Lula.
Apesar das dificuldades nacionais, PT e PDT estão próximos em vários estados além do Ceará e, segundo Lupi, as alianças vão se dar naturalmente, mesmo que o PT mantenha a candidatura de Lula. No Piauí, as duas legendas estão juntas para reeleger o governador Wellington Dias (PT); na Bahia, onde Rui Costa (PT) também pretende continuar no cargo; e no Acre, onde há uma aliança histórica com os irmãos Vianna, que tentarão eleger o prefeito de Rio Branco, Marcus Alexandre (PT). “Se o Lula é candidato, vai ter um dia para apoiar o Lula, e vamos ter o palanque para o Ciro”, disse Lupi. 
Ontem, Carlos Siqueira se reuniu com Lupi para começar a desenhar as conjunturas regionais. “A nossa tarefa agora é ver onde dá pra juntar, onde não dá”, diz Lupi. Ele explicar que vai ter muito estado onde pode ter dois palanques nacionais e outros estados onde o Ciro será apoiado por dois candidatos, como é o caso do Amazonas, em que o governador Amazonino Mendes (PDT) é candidato à reeleição, mas o PSB pretende lançar o presidente da Assembleia Legislativa, David Almeida, ao governo. No caso de uma aliança nacional entre as duas legendas, Ciro teria a opção de ter ir às duas campanhas estaduais ou em nenhuma para não criar arestas. No Amapá, a situação é similar: o governador Váldez Góis (PDT) quer se reeleger e o senador João Capiberibe (PSB) também é candidato.

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