quarta-feira, 16 de maio de 2018

ECONOMIA: Dólar mantém escalada e fecha a R$ 3,677

OGLOBO.COM.BR
POR GABRIEL MARTINS

Ibovespa inverteu o cenário da véspera e fechou em alta

A moeda oficial dos Estados Unidos segue em alta - Karen Bleier / AFP

RIO — O dólar comercial continua a sequência de valorização e fechou a quarta-feira em alta de 0,40% ante o real, cotado a R$ 3,677. Na máxima do dia, a divisa atingiu R$ 3,695. Por sua vez, a Bolsa inverteu o cenário de queda da véspera e fechou em alta de 1,65%, aos 86.536 pontos. Analistas atribuem a valorização da moeda americana a fatores externos, com dados da economia dos EUA, enquanto no mercado acionário a melhora foi puxada pelas commodities.
Cleber Alessie, operador de câmbio da corretora H. Commcor, diz que a manutenção da alta do dólar está atrelada ao cenário externo.
— Nesta quarta, os dados da produção industrial americana e eles vieram acima das expectativas. O mercado esperava um avanço de 0,6%, e o resultado foi alta de 0,7%. Assim como o dado de abril foi melhor do que o esperado, o percentual de março foi revisado para cima, uma alta de 0,5% para 0,7%. Isso fortalece aqueles as apostas em uma postura mais agressiva do Fed neste ano, ou seja, de quatro altas de juros, e não três. Isso tende a garantir força para o dólar ao longo do dia — disse Alessie.
O operador de câmbio da H. Commcor também indicou que a moeda americana está em queda frente aos emergentes, mas não em relação ao Brasil. Por isso, ele acredita que o Banco Central (BC) pode fazer algum tipo de intervenção.
— O real está descolado dos principais pares hoje. A leitura é que, se a situação do dólar continuar assim, próximo dos R$ 3,70, o BC tende a tomar alguma atitude, mas ele não deve fazer isso antes de divulgar a decisão de política monetária hoje.
Os analistas também pontuam que o fato de o dólar estar em alta frente ao real pode ser explicado pelo desempenho ruim de candidatos pró-reformas na última pesquisa eleitoral, divulgada no início desta semana.
Para Carlos Soares, analista da consultora Magliano, outro ponto que impacta na alta do dólar é que os títulos de 10 anos do Tesouro americano (treasuries) estão acima de 3%.
— Agora, no meio da tarde, eles estão operando a 3,08%. Quando estão acima de 3%, acabam pressionando as moedas estrangeiras, uma vez que a remuneração dos treasuries acabam atraindo mais investidores — analisou Soares.
Os treasuries de 10 anos são considerados um dos papéis mais importantes das finanças globais. A taxa de juros associada a ele — chamada de “yield” pelos agentes do mercado — reflete quanto estão cobrando os investidores para emprestar ao governo americano.
No final do dia, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa básica de juros da economia (Selic) em 6,5%, contratiando a previsão dos analistas, que esperaravam que o Copom revisasse a taxa para 6,25%. Este resultado fez com que a Bosla, no after market, apresentasse queda.
— Com a divulgação do resultado, o índice after market caiu 215 pontos, já que a maioria dos analistas previam uma revisão da Selic para baixo. O leilão do índice futuro operava na média dos 87 mil pontos, mas com a manutenção da taxa de juros, fechou nos 86.785 pontos — indicou Pablo Spyer, diretor da Mirae Asset
BOLSA EM ALTA
A Bolsa iniciou o pregão em alta, e continuou em ritmo de crescimento após a abertura. No início da manhã, o índice avançava 1,4%%, aos 86.318 pontos. No fechamento, o Ibovespa também mantinha a tendência de valorização.
Na avaliação de Bernard Gonin, gestor de renda fixa da Rio Gestão de Recursos, a alta da Bolsa pode ser explicada pelo bom desempenho das commodities, como o petróleo.
— A Petrobras está apresentando resultados muito positivos, e isso influencia positivamente a Bolsa — explica Gonin.
No fechamento, os papéis ON (com direito a voto) da Petrobras avançaram 1,84%. Já os PN (sem direito a voto), apresentavam valorização de 1,82%. Por sua vez, as ações da Vale também seguiram em ritmo de alta e registravam elevação de 1,77%.
Gonin aponta que também existe um fluxo maior de migração para a Bolsa, muito provavelmente por causa da expectativa de um novo corte da taxa básica de juros (Selic).
— Essa alta da Bolsa é motivada, também, por causa do fluxo. Com a expectativa da manutenção dos juros baixos, investidores passam a migrar da renda fixa para aplicações que apresentam maior rentabilidade, como aquelas atreladas à Bolsa — explicou.
Na terça, o Ibovespa fechou com leve desvalorização de 0,12%, aos 85.130 pontos, mas Gonin indicou que a queda da Bolsa brasileira foi bem inferior às desvalorizações de outras bolsas mundiais.

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