terça-feira, 10 de abril de 2018

VIOLÊNCIA: Tentativa de fuga em presídio deixa 23 mortos na Grande Belém

FOLHA.COM
Moisés Sarraf
BELÉM

Ação aconteceu um dia após a região registrar 12 assassinatos em 5 horas

Massacre deixa mais de 20 mortos em presídio na região metropolitana de Belém, no Pará - Reprodução

​​​Ao menos 23 pessoas morreram na tarde desta terça-feira (10) durante uma tentativa de fuga do Centro Penitenciário de Recuperação do Pará, no Complexo de Santa Izabel do Pará, na região metropolitana de Belém, segundo o governo do estado.
Até o final da tarde, tinham sido confirmadas 22 mortes de presos e criminosos que tentavam fazer o resgate de detentos, além de um agente prisional. Outros quatro agentes ficaram feridos, de acordo com a Susipe (Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará).
Segundo o órgão, a ação foi realizada de maneira coordenada. Um grupo de presos iniciou um motim dentro do presídio, enquanto criminosos do lado de fora tentavam uma invasão para fazer o resgate de detentos do complexo, que fica às margens da rodovia BR-316.
Seis agentes prisionais foram feitos reféns, o que resultou em um confronto entre os criminosos e policiais que faziam a segurança interna do presídio.
Informações preliminares da Segup (Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social), durante a tentativa de fuga a investida externa utilizou explosivos contra um dos muros do pavilhão C do presídio.
A identidade do agente prisional morto durante a troca de tiros não foi informada. Outros quatro agentes de segurança ficaram feridos, sendo que um está em estado grave e recebe atendimento em hospital da região metropolitana de Belém.
No início da noite, o governo do estado ainda trabalhava na identificação e contagem das vítimas. Somente após essa ação será possível saber quantos dos mortos estavam presos no complexo e quantos faziam parte do grupo que tentou realizar o resgate.
MAIS ASSASSINATOS
Este início de semana na Grande Belém tem sido marcado pela violência. Doze pessoas foram assassinadas em um intervalo de cinco horas nesta segunda-feira (10). Exceto por uma mulher, as vítimas são homens na faixa de 18 a 30 anos.
As mortes ocorrem na sequência de dois assassinatos de policiais militares, um pela manhã da segunda e outro, na noite de domingo. Ambos estavam de folga. 
Com as mortes, segundo a secretaria, sobe para 16 o número de policiais assassinados em Belém e na região metropolitana desde o início do ano. Três já estavam na reserva. O governo não informou quantos dos 13 mortos na ativa estavam ou não em serviço.
MASSACRE EM PRESÍDIOS
No início de 2017, o país viveu uma matança em diferentes presídios. À época, massacres e confrontos em série mataram ao menos 126 detentos em prisões de Amazonas, Roraima e Rio Grande do Norte.
Um ano depois, como a Folha mostrou em reportagem, as realidades nesses estados seguiam longe de resolver seus principais problemas carcerários, como sistemas penitenciários superlotados, facções criminosas, infraestrutura precária, fugas e mortes.
Nem o alardeado grupo de trabalho anunciado pela ministra Cármen Lúcia (presidente do STF) como ação emergencial após aquela matança de 2017 mudou o quadro dos presídios no país.
Massacre em Manaus: Instalações do Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim) após rebelião que resultou na morte de 59 presos; com motins simultâneos em duas outras cadeias, óbitos chegam a 67 /Marlene Bergamo - 14.jan.2017/ Folhapress

SUPERLOTAÇÃO
O Brasil ultrapassou a Rússia em 2015 e agora abriga a terceira maior população prisional do mundo, segundo dados divulgados no final do ano passado pelo Ministério da Justiça.
Eram 699 mil brasileiros presos naquele ano, contra 646 mil russos. Só perdemos para os Estados Unidos (2,1 milhões) e a China (1,6 milhão).
Entre os quatro países com maior população carcerária, também temos a terceira maior taxa de encarceramento por 100 mil habitantes (342) desde 2000, quando passamos os chineses (119). O índice é mais baixo que o dos americanos (698) e da Rússia (445), mas é o único que está em crescimento contínuo desde 1995.
Os dados são do Infopen (Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias), que é feito pelo Depen (Departamento Penitenciário Nacional) desde 2004 e, em 2017, contou com parceria do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A coleta foi realizada por meio de um formulário digital, preenchido pelos gestores dos estabelecimentos prisionais dos Estados.
O levantamento mais recente indica que o número de vagas no sistema prisional brasileiro diminuiu, na contramão da população carcerária, que só cresce. Foram registradas 3.152 vagas a menos (queda de 0,8%) e 28.094 presos a mais (alta de 4%) no primeiro semestre de 2016, com relação ao fim de 2015.
Com isso, a taxa de ocupação nas prisões saltou de 188% para 197% no período, ou seja, há dois presos para cada vaga em presídios no Brasil. Na prática, nove em cada dez detentos vivem em unidades superlotadas. Uma resolução do Ministério da Justiça de novembro de 2016 recomenda que o limite da ocupação seja, no máximo, de 137,5%, mas todos os Estados ultrapassam esse índice.

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