sexta-feira, 6 de outubro de 2017

LAVA-JATO: Lava-Jato diz que recibos de aluguel de apartamento apresentados por Lula são falsos

OGLOBO.COM.BR
POR GUSTAVO SCHMITT

Força-tarefa quer que documentos sejam periciados para verificar se houve 'montagem'

Recibos de aluguel apresentados por Lula têm datas inexistentes - Reprodução

SÃO PAULO - A força-tarefa da Lava-Jato disse que "sem margem de dúvida, são ideologicamente falsos" os recibos de aluguel apresentados pela defesa do ex-presidenteLuiz Inácio Lula da Silva como provas de pagamento de aluguel do apartamento vizinho ao que o petista mora em São Bernardo do Campo. O Ministério Público Federal (MPF) protocolou na noite da última quinta-feira ao juiz Sergio Moro o chamado "incidente de falsidade" para apurar a autenticidade dos documentos.
O MPF afirma que as provas demonstram que o contrato de aluguel do apartamento e os recibos são “papéis criados para disfarçar a real titularidade do imóvel usado pelo ex-presidente, que foi comprovadamente comprado com recursos oriundos da Odebrecht.”
Na semana passada, O GLOBO revelou que o empresário Glaucos da Costamarques diz ter assinado de uma vez só todos os recibos de aluguel referentes ao ano de 2015. Dono do apartamento alugado ao ex-presidente — que, para a força-tarefa da Lava-Jato, foi comprado com propina da Odebrecht — Costamarques sustenta que não recebeu qualquer aluguel de fevereiro de 2011 até novembro de 2015, quando seu primo José Carlos Bumlai foi preso.
Um dia depois da prisão, internado num hospital em São Paulo, Costamarques teria recebido a visita do advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula, dizendo que os aluguéis passariam a ser pagos. Pouco depois, foi procurado pelo contador, João Muniz Leite, que a pedido de Teixeira, levou a remessa de recibos para serem assinados.
Para esclarecer o episódio, os procuradores pediram que o contador preste depoimento a Moro e para que Costamarques seja ouvido novamente no processo.
A Força-Tarefa também pediu que a defesa de Lula apresente os recibos originais para que ser periciados, além da produção de novas provas que possam contribuir para evidenciar a falsidade e verificar se houve montagens dos documentos".
"Os recibos apresentados pela defesa têm origem desconhecida, não trazem nenhuma comprovação a respeito da data em que foram produzidos", diz a Força-Tarefa em pedido de abertura de incidente de falsidade criminal.
RECIBOS DÃO FALSO AMPARO À LOCAÇÃO, DIZ PGR
Os recibos, referentes ao período entre agosto de 2011 e novembro de 2015, foram apresentados pelos advogados de Lula no último dia 26. O material chamou a atenção dos investigadores por apresentar incorreções: dos 26 comprovantes, dois deles trazem datas que não existem — 31 de junho de 2014 e 31 de novembro de 2015. Outros seis recibos trazem erros de digitação. O nome da cidade onde fica o apartamento foi escrito como “São Bernanrdo”.
Para os procuradores, as incorreções são elementos indicativos de que os 26 recibos foram "confeccionados para dar falso amparo à locação simulada do apartamento":
"Isto é, indicativos de que se trata de documentos falsos", diz o documento do MPF, assinado pelo coordenador da Força-Tarefa, Deltan Dallagnol, além de outros 11 membros do grupo de trabalho da Lava-Jato.
Lula comprou o apartamento 122 do Edifício Green Hill, em São Bernardo do Campo, em 2000. Durante seus dois mandatos, o governo federal alugou o imóvel vizinho, de número 121 por questões de segurança e o contrato expirou em janeiro de 2011. No fim de 2010, o apartamento foi colocado à venda e o comprador foi Glaucos Costamarques, primo do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula.
O ex-presidente nega as acusações e alega ser vítima de lawfare, em traduação livre, guerra jurídica com manipulação do sistema legal.
O advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, disse em nota que "a perícia nos recibos irá demonstrar que eles são idôneos e que foram assinados pelo proprietário do imóvel, dando quitação dos aluguéis à D. Marisa, que contratou a locação". Segundo a defesa, "O questionamento do MPF é uma tática ilusionista de quem não conseguiu provar que valores provenientes de contratos da Petrobras beneficiaram o ex-Presidente Lula".

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