quinta-feira, 14 de setembro de 2017

DENÚNCIA: Janot diz que Blairo pediu empréstimos fraudulentos, e PF apreende carta de fiança

OGLOBO.COM.BR
POR CAROLINA BRÍGIDO E EDUARDO BRESCIANI

Procurador-geral sustenta que ministro solicitou dinheiro ao ex-presidente do BicBanco para cobrir rombo de R$ 130 milhões em sua gestão

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi - Ueslei Marcelino / Reuters / 29-3-17

BRASÍLIA - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sustenta que o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, solicitou ao então presidente do BicBanco, José Bezerra de Menezes, que fizesse empréstimos ao ex-secretário Eder de Moraes para cobrir um desfalque de R$ 130 milhões deixados pela gestão de Maggi como governador de Mato Grosso (MT).
Um dos elementos da investigação é uma carta de fiança de R$ 5 milhões assinada por Blairo e apreendida pela Polícia Federal (PF) na casa do ex-secretário. O ministro foi alvo de busca e apreensão na Operação Malebolge da Polícia Federal, deflagrada nesta quinta-feira. O BicBanco foi vendido para uma instituição financeira da China e hoje se chama CCB Brasil.
“Blairo Borges Maggi conversou diretamente com José Bezerra de Menezes, à época proprietário do BicBanco, e solicitou que todos os requerimentos financeiros de empréstimos solicitados/intermediados por Eder de Moraes fossem liberados pela instituição financeira”, afirma Janot em um dos pedidos feitos ao Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da operação.
De acordo com Janot, os empréstimos tinham objetivo de cobrir um desfalque de R$ 130 milhões deixado pelo governo Blairo no âmbito da secretaria de Infraestrutura entre 2005 e 2006.
“Entre 2005 e 2014, vários empréstimos foram realizados perante a instituição financeira BicBanco com finalidade diversa da contratualmente estipulada. Os recursos provenientes dos empréstimos foram utilizados para pagamento de dívidas políticas e eleitorais dos investigados e posteriormente quitadas, de forma dissimulada, com a utilização de pessoas jurídicas diversas, ligadas ao grupo político de Blairo Maggi e Silval Barbosa”, sustenta a PGR.
Uma carta de fiança de R$ 5 milhões assinada por Blairo, dirigida ao BicBanco, apreendida na residência de Eder de Moraes, dava garantia a um dos empréstimos fraudulentos solicitados pelo grupo por meio de uma empresa de pavimentação.
Em sua delação premiada, o ex-governador Silval Barbosa afirma que tanto ele como Blairo assumiram as dívidas por temer que os empresários denunciassem as irregularidades caso viessem a ter as dívidas executadas pelo banco.
OUTRO LADO
Em nota divulgada após a operação desta quinta-feira, Blairo Maggi negou as acusações que lhe são imputadas.
"Jamais utilizei de meios ilícitos na minha vida pública ou nas minhas empresas. Sempre respeitei o papel constitucional das Instituições e como governador, pautei a relação harmônica entre os poderes sobre os pilares do respeito à coisa pública e à ética institucional", diz trecho da nota.
Blairo diz ainda nunca ter agido ou autorizado alguém a agir em seu nome para obstruir a Justiça.
"Nunca houve ação, minha ou por mim autorizada, para agir de forma ilícita dentro das ações de Governo ou para obstruir a justiça. Jamais vou aceitar qualquer ação para que haja "mudanças de versões" em depoimentos de investigados. Tenho total interesse na apuração da verdade", afirma o ministro.
Ele afirma ainda não ter feito pagamentos nem autorizado que alguém fizesse repasses ao ex-secretário Eder Moraes. De acordo com ele, a acusação feita pelo ex-governador Silva Barbosa é "mentirosa".
Conclui dizendo respeitar o papel da Justiça e afirma que usará "de todos os meios legais necessários" para se defender.

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