quarta-feira, 13 de setembro de 2017

CASO JBS: Irmãos Batista são acusados de chantagem e de corromper 'mais de mil servidores'

OGLOBO.COM.BR
POR JULIANA ARREGUY E TIAGO DANTAS

Ao justificar prisão, juiz afirma que acusados podem fugir, caso delação com PGR seja cancelada

Wesley Batista (à esquerda), ao lado do executivo Gilberto Tomazoni, e de Joesley Batista - Eliária Andrade / Agência O GLOBO (10/06/2013)

SÃO PAULO - Os irmãos Joesley e Wesley Batista são acusados de chantagear autoridades públicas e de corromper mais de mil servidores. As informações foram utilizadas para justificar a prisão preventiva desta quarta-feira pela Polícia Federal (PF) e pelo juiz João Batista Gonçalves, da 6ª Vara Criminal da Justiça Federal de São Paulo.
O juiz cita três motivos para justificar a necessidade de manter os irmãos Batista presos por tempo indeterminado enquanto a Polícia Federal continua suas investigações. Primeiro, escreve o magistrado, há elementos concretos que os dois executivos "teriam continuado a praticar delitos mesmo após a celebração de acordo de colaboração premiada".
Na sequência, Gonçalves relata que Joesley e Wesley "possuem considerável influência sobre as áreas política e econômica do país, inclusive com a prática de chantagens junto a autoridades públicas". Por fim, ele cita a facilidade com que os executivos poderiam fugir do país, principalmente, "após possível revogação dos benefícios premiais" concedidos pela Procuradoria Geral da República (PGR).
O magistrado não esclarece a que episódio de chantagem se refere, mas dedica parte do despacho à relação do grupo JBS com diferentes instâncias da União: "A segregação cautelar também se justifica (...), haja vista o poder e a influência do grupo econômico dirigo pelos investigados em diversos setores da política e da economia nacionais, como, por exemplo, no BNDES, CADE, Receita Federal, Ministério da Agricultura e CVM".
Segundo o juiz, há elementos no processo que mostram que, em episódios anteriores, os irmãos Batista "não teriam se furtado a utilizar a exponencial influência que detinham para atender seus interesses".
A ação que levou Wesley a prisão nesta quarta-feira investiga a compra e venda de ações da JBS e de valores em dólar durante a negociação do acordo de delação premiada com a PGR. Com a informação de quando o acordo iria perder o sigilo, os irmãos Batista teriam lucrado cerca de R$ 100 milhões com a operação de câmbio, segundo o Ministério Público Federal (MPF), e evitado um prejuízo de R$ 138 milhões para a companhia, de acordo com a PF.
Para os investigadores, os dois executivos usaram informações privilegiadas para ter ganhos econômicos. No dia seguinte à divulgação do acordo de delação, em 17 de maio, o dólar teve uma valorização recorde e a Bolsa de Valores de São Paulo teve a maior queda nos últimos oito anos.
O pacto firmado perante a PGR prevê a imunidade quanto aos fatos anteriores, o que não alcança fatos típicos posteriores, como é o caso dos presentes crimes autônomos do juízo de 1ª instância

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