sexta-feira, 29 de julho de 2016

ECONOMIA: Dólar cai 1,63% no dia, a R$ 3,243, mas termina mês com alta de quase 1%

Do UOL, em São Paulo

O dólar comercial fechou esta sexta-feira (29) com queda de 1,63%, cotado a R$ 3,243 na venda. Na véspera, a moeda norte-americana havia subido 0,78%
Com isso, o dólar termina a semana com desvalorização de 0,47%, mas encerra o mês com alta de 0,92%.
No ano, no entanto, a moeda tem queda acumulada de 17,86%.
PIB dos EUA
A queda do dólar na sessão foi influenciada pela divulgação do PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos, que cresceu abaixo do esperado por analistas.
Com isso, investidores aumentavam as apostas de que o Fed (Federal Reserve, banco central norte-americano) deve adiar a alta dos juros por lá.
Juros mais altos nos EUA poderiam atrair para lá recursos atualmente aplicados em países onde as taxas de juros são maiores, como o Brasil.
Estímulos no Japão
Ainda no exterior, o Banco do Japão aumentou seus estímulos à economia, mas decepcionou parte dos investidores que esperavam ações mais intensas do banco central japonês para sustentar a economia.
Ausência do BC
Também influenciou a queda do dólar no dia a ausência de atuação do Banco Central no mercado de câmbio. 
O BC vinha atuando por meio de leilões de swaps reversos, que equivalem à compra futura de dólares, em praticamente todas as sessões deste mês. 
No entanto, operadores não viram na ausência do BC uma mudança de rumo na política de intervenções. Mesmo antes de Ilan Goldfajn assumir como presidente do BC, eram raros os leilões de swap cambial nos últimos pregões do mês.
"Sem o BC atuando [com swaps reversos], o dado dos EUA faz mais efeito sobre o mercado brasileiro", disse à agência de notícias Reuters o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.

(Com Reuters)

NEGÓCIOS: Bolsa sobe, atinge maior nível do ano e fecha mês com alta de 11,2%

Do UOL, em São Paulo

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou esta sexta-feira (29) em alta de 1,13%, a 57.308,21 pontos. Na véspera, a Bovespa havia caído 0,33%.
Esse é o maior valor de fechamento desde 5 de maio de 2015, quando a Bolsa encerrou o dia com 58.051,61 pontos.
Com isso, o índice termina a semana com alta de 0,54%, e encerra o mês com valorização de 11,22%. No ano, a Bolsa acumula ainda ganho de 32,2%.
A alta de hoje foi puxada, principalmente, pelo desempenho positivo das ações da Petrobras e dos bancos, que têm grande peso sobre o Ibovespa. A maior alta do índice foi da Natura, que saltou 11%.
Petrobras
As ações ordinárias da Petrobras (PETR3), com direito a voto em assembleia, dispararam 5,02%, a R$ 14,01.
As ações preferenciais da Petrobras (PETR4), que dão prioridade na distribuição de dividendos, subiram 3,76%, a R$ 11,87.
Os papéis da estatal foram influenciados pela venda de participação em um dos blocos do pré-sal por US$ 2,5 bilhões.
Bancos
As ações do Bradesco (BBDC4) avançaram 3,13%, a R$ 28,36, após despencarem 4,45% na véspera.
As ações do Banco do Brasil (BBAS3) ganharam 1,84%, a R$ 21,05, e as ações do Itaú Unibanco (ITUB4) se valorizaram 1,84%, a R$ 33,79.
Natura
As ações da Natura (NATU3) saltaram 11%, a R$ 33,30, a maior alta do Ibovespa.
Os papéis da fabricante de cosméticos ainda tinham influência da divulgação de seubalanço trimestral, considerado positivo por analistas, e pela melhora na recomendação feita pelo Credit Suisse.
Vale 
As ações preferenciais da Vale (VALE5) subiram 0,33%, a R$ 15,01. No sentido oposto, as ações ordinárias da Vale (VALE3) tiveram baixa de 2,84%, a R$ 18,50, influenciadas pela queda nos preços do minério de ferro na China.
Embraer
A fabricante de aviões Embraer teve a maior queda do dia no Ibovespa, influenciada pelo resultado trimestral considerado negativo por analistas.
As ações da Embraer (EMBR3) despencaram 15,45%, a R$ 14,83.
Dólar cai 1,63%, a R$ 3,243
No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou com queda de 1,63%, cotado a R$ 3,243 na venda. Na véspera, a moeda norte-americana havia subido 0,78%.
Com isso, o dólar termina a semana com desvalorização de 0,47%, mas encerra o mês com alta de 0,92%.
No ano, no entanto, a moeda tem queda acumulada de 17,86%.
Bolsas internacionais
As principais Bolsas de Valores da Europa fecharam em alta.
Itália:+1,96%
Portugal: +1,42%
Espanha: +1,27%
Alemanha: +0,61%
França: +0,44%
Inglaterra: +0,05%
Das sete principais Bolsas da Ásia e do Pacífico, cinco fecharam em baixa e duas tiveram alta.
Japão: +0,56%
Austrália: +0,1%
Coreia do Sul: -0,24%
China: -0,5%
Taiwan: -1,02%
Hong Kong: -1,28%
Cingapura: -1,71%

(Com Reuters)

LAVA-JATO: Lula e Delcídio viram em réus sob acusação de obstruir Lava Jato

FOLHA.COM
MÁRCIO FALCÃO, DE BRASÍLIA

Pedro Ladeira/Folhapress 
Lula e Delcídio deixam encontro com Renan Calheiros e Edison Lobão

A Justiça Federal no Distrito Federal recebeu denúncia e transformou em réus o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-senador Delcídio do Amaral e mais cinco pessoas por tentativa de obstrução da Lava Jato.
Eles são acusados de participar de uma trama para comprar a delação premiada do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.
Essa é a primeira denúncia recebida pela Justiça contra o ex-presidente Lula, que também é alvo de investigação do juiz Sérgio Moro, do Paraná, por suspeita de ter sido beneficiado por empreiteiras envolvidas na Lava Jato.
A decisão foi tomada na quinta-feira (28) pelo juiz Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara da Justiça Federal de Brasília, que também recebeu a acusação contra o pecuarista José Carlos Bumlai, seu filho, Maurício Bumlai, o banqueiro André Santos Esteves, Diogo Ferreira Rodriguez, ex-assessor de Delcídio, Edson Siqueira Ribeiro Filho, que atuou na defesa de Cerveró.
Segundo Leite, a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal tem os requisitos mínimos para a abertura de ação penal.
"Pela leitura dos autos, observo a presença dos pressupostos processuais e condições da ação (incluindo a justa causa, evidenciada pelas referências na própria peça acusatória aos elementos probatórios acostados a este feito), e que, a princípio, demonstram lastro probatório mínimo apto a deflagrar a pretensão punitiva proposta em juízo", escreveu.
Lula, o pecuarista e Maurício Bumlai são acusados de embaraço à investigação (pena de 3 a 8 anos). Delcídio, Diogo e Edson são acusados além de obstrução e por exploração de prestigio (pena de 1 a 5 anos) e patrocínio infiel (6 meses a 3 anos). Esteves foi acusado de embaraço e exploração de prestígio.
O caso veio à tona no final de 2015 quando Delcídio, então líder do governo Dilma no Senado, acabou preso após ser gravado em uma conversa na qual ofereceu auxílio financeiro para evitar a colaboração premiada de Cerveró. A ideia seria evitar que fossem delatados pelo ex-diretor. Segundo a Procuradoria, eles teriam atuado para comprar por R$ 250 mil o silêncio de Cerveró.
A denúncia tramitava inicialmente no STF (Supremo Tribunal Federal) porque Delcídio tinha foro privilegiado. Mas ele acabou cassado pelo Senado após se tornar delator da Lava Jato e o inquérito foi enviado pela Justiça Federal no DF.
A PGR afirmou que Lula "impediu e ou embaraçou investigação criminal que envolve organização criminosa, ocupando papel central, determinando e dirigindo a atividade criminosa praticada por Delcídio do Amaral, André Santos Esteves, Edson de Siqueira Ribeiro, Diogo Ferreira Rodrigues, José Carlos Bumlai, e Maurício de Barros Bumlai".
Os investigadores analisaram e-mail, extratos bancários, telefônicos, passagens aéreas e diárias de hotéis.
A afirmação de Janot foi confirmada pelo procurador Ivan Cláudio Marx na ratificação da denúncia feita na Justiça Federal no DF.
"Delcídio do Amaral, como representante do governo no Senado, não exercia a chefia do esquema criminoso. E, pelo menos nessa atividade de obstruir as investigações contra a organização criminosa, Delcídio aponta Lula como sendo o chefe da empreitada", escreveu o procurador.
E complementou: "Aqui, a narrativa de Delcídio se demonstrou clara, plausível e, ainda, corroborada pela existência das reuniões prévias que realizou com Lula antes de Bumlai passar a custear os valores destinados a comprar o silêncio de Cerveró".
PASSOS
Agora, o juiz deu 20 dias para que os advogados apresentem as defesas dos sete acusados, poderão apresentar documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas. Depois começa a fase de instrução do processo, com depoimentos de testemunhas de defesa e acusação. Na sequência, os acusados também falarão à Justiça, antes do juiz decidir se condena ou não os réus.
JUIZ
A denúncia foi aceita pelo juiz Ricardo Leite que protagonizou polêmica na Operação Zelotes, que apura esquema de corrupção no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), órgão responsável por julgar os autos de infração da Receita.
Ele foi alvo de um embate com procuradores que o acusaram de atrapalhar o caso e entraram com uma ação pedindo que ele deixasse a operação porque várias decisões judiciais dificultaram a obtenção de provas.
OUTRO LADO
Em depoimento à PGR, Lula disse que jamais discutiu com Delcídio a tentativa de obstruir a delação de Cerveró. A defesa de José Carlos Bumlai tem negado acusações.
A defesa de André Esteves declarou que ele não cometeu nenhuma irregularidade. Segundo o advogado do banqueiro, Antônio Carlos de Almeida Castro, a confirmação da denúncia "era tecnicamente esperada", embora a defesa do André tivesse a expectativa de que fosse excluído da denúncia, já que outras pessoas foram denunciadas como pretensas participantes da alegada trama no lugar de agentes financeiros.
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Leia a íntegra da decião:

LAVA-JATO: Lula, Delcídio e mais cinco se tornam réus na Lava Jato

ATARDE
Agência Brasil

Paulo Whitaker | Reuters
Os envolvidos são acusados de tentar impedir Nestor Cerveró de assinar acordo de delação

A Justiça Federal aceitou nesta sexta-feira, 29, denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal no Distrito Federal (MPF-DF) contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-senador Delcídio do Amaral, e mais cinco acusados pelo crime de obstrução das investigações da Operação Lava Jato.
Com a decisão, Lula e Delcídio passam à condição de réus na ação penal, além do ex-controlador do Banco BTG André Esteves, Diogo Ferreira, ex-chefe de gabinete de Delcídio; o empresário José Carlos Bumlai e o filho dele, Maurício Bumlai, e o advogado Edson Ribeiro.
Todos os envolvidos são acusados de tentar impedir o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró de assinar acordo de delação premiada com a força-tarefa de investigadores da Operação Lava Jato.
Na semana passada, o MPF reiterou a denúncia contra os acusados, que já haviam sido denunciados ao Supremo Tribunal Federal (STF), pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
No entanto, no dia 24 de junho, o ministro Teori Zavascki remeteu o processo para a Justiça Federal em Brasília, por entender que a suposta tentativa de embaraçar as investigações ocorreu na capital federal. Além disso, com a cassação do mandato de Delcídio do Amaral, nenhum dos envolvidos permaneceu com foro privilegiado na Corte.

GESTÃO: Após ameaça de greve, Temer envia ao Congresso reajuste para delegados da Polícia Federal

OGLOBO.COM.BR
POR EDUARDO BARRETTO

Acordo prevê reajuste de 37% para a categoria e revisão de benefícios

Agente da PF cumpre mandados judiciais na Operação Lava-Jato - Alexandre Cassiano / Agência O Globo

BRASÍLIA — Em mais uma autorização de reajuste, o presidente interino Michel Temer assinou projeto de lei que prevê aumento salarial para delegados da Polícia Federal, na noite desta quinta-feira. O acordo, feito em maio — nos últimos dias da gestão da presidente afastada Dilma Rousseff —, promete reajuste médio de 37% para a categoria, além de revisão de benefícios. A Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) já cogitava fazer greve durante a Olimpíada.
Protestos para esta sexta-feira nas superintendências regionais em todos os estados estavam prestes a acontecer. Outra manifestação estava marcada para a próxima terça, desta vez nos aeroportos de todo o país - três dias antes da abertura dos Jogos Olímpicos. Ainda na terça, a associação convocaria assembleia para deliberar sobre greve, que seria a primeira dos delegados.
De acordo com o projeto de lei, que será enviado ao Congresso a partir desta sexta-feira, as parcelas seriam recompostas em parcelas anuais: janeiro do ano que vem, de 2018 e 2019. Também serão revistos benefícios de auxílio-saúde, auxílio-alimentação e pré-escola.
Em meio ao ajuste fiscal, Temer já sancionou, sem vetos, reajustes dos servidores do Poder Judiciário e do Ministério Público da União. O presidente interino já enviou ao Congresso projetos de lei prevendo aumento para outras nove categorias. Todos os acordos foram negociados quando Dilma ainda estava no Planalto.
Depois que Temer assumiu a Presidência interinamente, a Câmara também aprovou 14 projetos de reajustes para servidores do Executivo, Legislativo, Judiciário, Procuradoria-Geral da República e militares. Os projetos haviam sido enviados à Casa no ano passado.

ECONOMIA: Ex-ministro de Dilma pressiona governo por liberação de fundos setoriais

UOL
Fernando Rodrigues

Senador Eduardo Braga quer que recursos sejam usados em investimentos
Dinheiro iria para melhorias na aviação regional e em segurança pública
Henrique Meirelles teme impacto fiscal, mas pode liberar fluxo dos fundos

Senador defende aplicação dos recursos na integração econômica fora do eixo Rio-São Paulo

Relator do orçamento federal de 2017, o senador Eduardo Braga (PMDB-AM) negocia com o Palácio do Planalto a liberação de recursos dos fundos setoriais, como os da Aviação Civil e da Segurança Pública. O ex-ministro de Minas e Energia no governo Dilma Rousseff defende a utilização do dinheiro em melhorias no transporte aéreo e no sistema prisional.
Apenas o Fnac (Fundo Nacional de Aviação Civil) mantém em caixa, hoje, cerca de R$ 18 bilhões. Mensalmente, o estoque aumenta por causa da arrecadação do governo derivada da atividade econômica no setor.
As informações são do repórter do UOL Guilherme Moraes.
A ideia, segundo o senador, é permitir que parte dos estoques seja liberada para investimentos até 2018. Além disso, os fluxos mensais dos fundos também passariam a ser aplicados.
“É uma proposta absolutamente ponderada'', afirma Eduardo Braga. “Não queremos zerar os fundos. No caso do Fnac, o fluxo em 2017 será da ordem de R$ 5 bilhões. Poderíamos usar esse dinheiro e mais uma parte do que já está contingenciado para modernizar a aviação regional.''
Braga diz que a verba poderia ser usada na integração comercial fora do hub aéreo do eixo Rio-São Paulo. “Seria possível, por exemplo, criar uma alternativa mais rápida e eficaz de escoamento entre a Zona Franca de Manaus e o agronegócio da região Centro-oeste.''
A medida tem o apoio de vários senadores e deputados, que aprovaram há 2 semanas uma emenda à Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2017 que evita novos contingenciamentos nos fundos setoriais.
Na 4ª feira (27.jul), o líder do PP no Senado, Ciro Nogueira (PI), reuniu-se com o ministro Maurício Quintella (Transportes). Pediu a construção de aeroportos no interior de seu Estado.
Nas últimas semanas, o senador Eduardo Braga tratou da proposta com o presidente interino Michel Temer e os ministros Henrique Meirelles (Fazenda) e Dyogo Oliveira (Planejamento).
Segundo ele, Temer se mostrou disposto a implantar a ideia, mas disse que seria necessário encontrar uma alternativa para não comprometer as contas públicas. O dinheiro dos fundos setoriais, quando não usado, ajuda a melhorar o resultado fiscal primário do governo. Fazenda e Planejamento também não têm uma posição definida sobre o assunto.
“A cobertura de rombo fiscal não deveria ser feita com fundos setoriais, que têm funções específicas e importantes'', afirma o ex-ministro.
Em seu favor na negociação, Eduardo Braga tem o voto no julgamento definitivo do impeachment de Dilma Rousseff. Na votação de admissibilidade do processo no Senado, ele estava em licença médica.

POLÍTICA: Temer confia que PEC dos gastos será votada este ano, mas vê dificuldades para reformas

UOL
Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA, 29 Jul (Reuters) - O presidente interino Michel Temer admitiu nesta sexta-feira (29) que o governo não deve conseguir aprovar as reformas da Previdência e trabalhista ainda este ano, como desejava inicialmente, mas afirmou que fará todo o esforço para votar a Proposta de Emenda à Constituição do teto de gastos no Orçamento.
"Acredito que a PEC do teto de gastos será possível e temos hoje a colaboração do Congresso. As reformas trabalhista e previdenciária não sei quanto tempo vão levar ainda", disse o presidente interino.
Ano eleitoral
A reforma da Previdência foi apontada sempre como uma das principais medidas do governo Temer para tentar sanear os problemas financeiros do país. Inicialmente, o Palácio do Planalto planejava mandar uma proposta no início de junho, com apenas 30 dias de governo, mas as negociações com as centrais sindicais se mostraram mais difíceis que o previsto.
Além disso, parlamentares revelaram que um tema complicado e que mexe nos direitos sociais dificilmente seria apreciado pelos deputados com boa vontade em um ano eleitoral com muitos deputados se candidatando a prefeito.
"Eu espero que seja (enviado ao Congresso) antes das eleições. É claro que não haverá uma decisão antes das eleições", disse o presidente interino. "Pela experiência parlamentar que tive, acho que não será fácil aprovar este ano, não sei se será possível."
A proposta que o governo trabalha, disse Temer, será gradual, mas não está ainda definido o formato.
"A Previdência sem dúvida será gradual, terá regras de transição. Ou faz para vigorar no futuro ou faz para que suavemente vá entrando em vigor, com um sistema de transição", disse.
Ajuste fiscal
Questionado se esperava a aprovação do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff para então adotar medidas mais duras de ajuste fiscal, como espera o mercado, Temer afirmou que não tem esperado e trabalha "como se fosse ficar".
"Não estou esperando ou não teria proposto o teto de gastos do Orçamento. Essa é uma medida dura, complicada", afirmou, ressaltando que o governo espera terminar estudos para as reformas que considera mais urgentes –previdenciária e trabalhista– e as enviará ao Congresso assim que possível.
Temer justificou o que pareceu um excesso de gastos no início de seu governo, com o descontingenciamento de recursos congelados por Dilma, o reajuste do programa Bolsa Família e os concedidos aos servidores federais.
"Não fizemos nada que vulnerasse o ajuste fiscal. Não cumprir acordos de reajustes para servidores traria prejuízos jurídicos e políticos, fragilizaria o governo", disse, citando o risco de greves de servidores próximo ao início da Olimpíada.
Mercosul
O presidente interino voltou a defender uma flexibilização do Mercosul, hoje vivendo um impasse pela transferência ou não da presidência 'pro-tempore' à Venezuela e praticamente inativo nos últimos meses.
"Não temos nenhuma objeção ao Mercosul. O que muitas vezes comentamos é que precisamos fazer adequações, flexibilizações. O Brasil não pode ficar muito amarrado, impedido de fazer acordos bilaterais. Queremos continuar, achamos o Mercosul um instrumento importante, mas são necessárias mudanças. Há conversações nesse sentido", disse.
A visão de que o Mercosul precisa mudar já havia sido defendida por Temer e pelo ministro das Relações Exteriores, José Serra, publicamente. No entanto, as regras do bloco impedem acordos bilaterais independentes.
Em entrevista à agência de notícias Reuters, Serra defendeu que os acordos possam ser feitos em velocidades diferentes, o que teria a concordância de outros parceiros, como Argentina e Paraguai, especialmente.
Nesse momento, no entanto, o bloco não consegue nem mesmo resolver a questão da sua presidência, que deveria ser assumida pela Venezuela. No entanto, Paraguai e Brasil, com um apoio mais tímido da Argentina, são contrários.
"O Brasil não está exatamente se opondo a que se transfira a presidência. Está ponderando que a Venezuela tem que cumprir requisitos firmados quatro anos atrás e que até agora não foram cumpridos", disse Temer.
A posição, na prática, inviabiliza a presidência venezuelana, já que o país teria até agosto para cumprir mais de 40% dos requisitos não cumpridos em quatro anos.

(Edição de Maria Pia Palermo e Alexandre Caverni)

ECONOMIA: Impasse no impeachment prejudica país e atrasa retomada econômica, diz Temer

OGLOBO.COM.BR
POR REUTERS

Interino afirma que Senado fará avaliação política sobre quem estava na Presidência antes e quem está agora

O presidente interino Michel Temer em entrevista a correspondentes internacionais - ANDRESSA ANHOLETE / AFP

BRASÍLIA - Em entrevista a correspondentes internacionais no Palácio do Planalto, o presidente interino Michel Temer afirmou nesta sexta-feira que a aprovação do processo impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff depende de uma avaliação política, e não jurídica. Apesar de afirmar que o governo não pode e não deve interferir no cronograma, Temer ressaltou que os senadores farão uma avaliação das “condições políticas” do governo.
– Essa questão do impeachment no Senado não depende da nossa atuação. Depende da avaliação política, não uma avaliação jurídica – que o Senado está fazendo. Nós não temos e não poderíamos ter influência nesse processo – afirmou, acrescentando:
– Eu penso que o Senado vai avaliar as condições políticas de quem está hoje no exercício e de quem esteve no exercício da Presidência até um certo período – disse o peemedebista.
O presidente também ressaltou que a demora em torno do impeachment é prejudicial para o país e atrasa a retomada do crescimento econômico.
– Dizem que quando terminar o processo do impeachment o investidor saberá com quem vai falar e isso vai incentivar o investimento. Dizem que há muita gente aguardando exatamente o processo de agosto – afirmou.
Temer disse que, para defender sua permanência, teria que fazer o auto-elogio de seu governo, mas que a discrição não aconselharia – apesar de ressaltar várias vezes durante a entrevista de cerca de uma hora, a boa relação que tem com o Congresso, algo que faltava à presidente afastada.
– O que fizemos em 70 dias foi um avanço muito grande. Você não pode avançar num sistema democrático, se não tiver uma conexão muito grande entre o Executivo e o Legislativo – afirmou.
77 DIAS DE GOVERNO
O governo interino completa nesta sexta-feira 77 dias e Temer repete que, apesar da interinidade, precisa continuar trabalhando em “benefício do país”, já que a Presidência da República independe de quem ocupa o cargo, mas mostra alguma impaciência com a solução do processo. Durante a entrevista, demonstrou alguma preocupação com o prazo de votação do impeachment pelo Senado, prevista para o fim de agosto, e chegou a afirmar que terá dificuldades de representar o Brasil no encontro do G20, na China, nos dias 4 e 5 de setembro, se o impedimento não for votado até lá.
O G20 vem sendo programado para ser a primeira grande viagem internacional de Temer, em uma estratégia para melhorar a imagem do Brasil no exterior depois do afastamento de Dilma, mas Temer admitiu que pode desistir da viagem se a votação passar para o início de setembro.
– O Brasil precisa sair desse impasse. O mundo precisa sair desse impasse. Eu vou ter alguma dificuldade, vou ter que examinar (se impeachment não for votado). A situação de interinidade não dá a mesma potência para o Estado brasileiro - afirmou, ressaltando que espera uma solução, seja para sua permanência ou para a volta de Dilma.
Questionado sobre a relação com Dilma e com a nova oposição, Temer disse que, desde o afastamento, não teve qualquer contato com a presidente e não deverá ter.
– Eu vejo gestos muito agressivos dos que querem o retorno dela. Em vez de argumentar no Senado, o fazem nas ruas – afirmou, dizendo que continuará a falar “docemente”.
– Se eu tivesse alguma coisa a dizer aos movimentos a favor (do impeachment) eu recomendaria que nada fizessem, porque agora não adianta.
'NÃO É O TRADICIONAL EU NÃO SABIA'
Questionado sobre os problemas de corrupção que abalaram o governo Dilma, do qual vazia parte como vice-presidente, Temer voltou a dizer que não tinha participação ativa nas decisões. Já sobre as acusações de que seu partido, o PMDB, também recebeu doações ilegais, afirmou nunca ter sabido de nada e que o partido recebeu “uma série de doações oficiais”.
– Nunca houve uma coisa que eu pudesse dizer ‘isso veio por fora’. Não é o tradicional ‘eu não sabia’. Não é exatamente isso. É que as doações que vinham entravam oficialmente no partido e saiam oficialmente. Eu não tinha a menor notícia de qualquer gesto de corrupção – garantiu.
Temer ressaltou que muitas vezes têm se falado que as doações legais poderiam ter origem em dinheiro de propinas.
– Isso precisa provar, que foi realmente a propina que levou a doações oficiais – disse.
A chapa Dilma-Temer, eleita em 2014, é alvo de ações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que podem levara à cassação dos mandatos. Para Temer, é preciso ressaltar é que as instituições estão funcionando regularmente.
– Se não estivessem, a Lava-Jato não iria até onde foi. Havia corrupção, havia. Vai melhorar, porque a Lava-Jato vai produz esse efeito.
O presidente interino garantiu, ainda, que não vai trabalhar pelo seu partido nas eleições municipais, apesar de desejar sucesso ao PMDB, conforme acordado em recente jantar com aliados.
– Tenho uma base muito ampla. Eu não vou entrar nas questões municipais porque desagrado a base. Estou mais interessado em tirar o país da recessão e ficar popular.

GERAL: OAB remarca Exame de Ordem em Salvador para o dia 14 de agosto

CONJUR

A prova da Ordem dos Advogados do Brasil para os inscritos em Salvador, suspensa por causa de uma falsa ameaça de bomba no último domingo (24/7), foi remarcada para o dia 14 de agosto. Segundo o Conselho Federal, 3,5 mil pessoas participarão do exame. As datas da segunda fase estão mantidas.
O teste do último domingo ocorreria no Centro Universitário Jorge Amado, mas o prédio foi evacuado depois que um homem entrou em uma das salas pouco antes do início da prova e anunciou que carregava uma bomba e que iria explodir o prédio.
Depois da ameaça, o homem isolou-se em uma sala do sétimo andar da faculdade. O Batalhão de Operações Policiais Especiais negociou a rendição do homem, que se entregou no final da tarde. Depois de detido, as forças de segurança descobriram que o "cordão de bombas" usado pelo homem era formado por pacotes de balas de gengibre.
A Assessoria de Imprensa do Conselho Federal informou ainda que o autor da ameça de bomba foi proibido de participar do exame, pois foi eliminado com base no item 3.6.21 do edital: “Perturbar, de qualquer modo, a ordem dos trabalhos, incorrendo em comportamento indevido".

MUNDO: Hillary Clinton promete recuperar economia e reforçar segurança

FOLHA.COM
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL À FILADÉLFIA

Oito anos após ser derrotada por Barack Obama na disputa pela candidatura democrata à Casa Branca, Hillary Clinton aceitou a nomeação do partido nesta quinta (28) para concorrer na eleição presidencial de 8 de novembro, com um discurso voltado para a recuperação da economia e a segurança nacional.
Primeira mulher a concorrer à Presidência dos EUA por um dos dois grandes partidos, Hillary foi apresentada pela filha, Chelsea, como "minha heroína".
Robyn Beck/AFP 
A candidata democrata à Casa Branca, Hillary Clinton, discursa nesta quinta (28) na Filadélfia

No discurso mais importante de sua vida, buscou equilíbrio entre a defesa do legado de Obama e a promessa de correções de rumo, a começar pela criação de empregos, o aumento dos salários e o combate à desigualdade.
Elogiando Obama pela retomada econômica após a crise de 2008, prometeu mais.
"Quero dizer a vocês nesta noite que nós vamos capacitar todos os americanos a terem vidas melhores. Minha principal missão como presidente será criar mais oportunidades e melhores empregos, com salários mais altos aqui mesmo nos EUA", disse.
Foi um recado aos americanos que não sentem os efeitos da recuperação do país depois da recessão, público que tem sido um dos alvos de seu adversário republicano, o empresário Donald Trump, sobretudo a classe média e média-baixa branca.
ECOS DE BILL
A ênfase na melhora econômica fez lembrar a candidatura presidencial de seu marido, Bill Clinton, em 1992, que tornou famoso o slogan "é a economia estúpido".
Durante as prévias, Hillary chegou a dizer que, se for eleita, o marido terá a função de comandar a revitalização da economia, "porque ele sabe como fazê-lo".
Sob Bill Clinton (1993-2001), a economia americana cresceu 3,5% ao ano em média, e o desemprego estava em 3,8% quando ele deixou a Casa Branca.
Hoje o desemprego, que chegou ao patamar de 10% durante o auge da crise, está em torno de 5% e, de acordo com projeções do FMI (Fundo Monetário Internacional), a economia americana crescerá 2,2% neste ano.
Rebatendo o discurso de Donald Trump na convenção republicana da semana passada, Hillary evocou o republicano Ronald Reagan ao dizer que Trump havia levado o país da "manhã na América" à meia-noite".
"Ele quer nos separar do resto do mundo e um dos outros", afirmou, antes de citar outro ex-presidente, o democrata Franklin D. Roosevelt: "Não há nada a se temer a não ser o próprio medo".
A segurança nacional e o risco terrorista, outro alvo constante de Trump, também foram abordados. Hillary reconheceu os perigos, mas rejeitou o discurso do medo. "Vamos encarar o desafio, como sempre fizemos."
Além dos rumos da economia, a eleição presidencial de novembro também é decisiva em relação à segurança nacional, disse a democrata, enfatizando sua experiência em temas de política externa como ex-secretária de Estado.
"Basta ler as notícias para ver as turbulências que encaramos. De BagdáCabul, a Nice e Paris e Bruxelas, de San Bernardino a Orlando, estamos lidando com inimigos determinados que precisam ser derrotados", afirmou, aludindo à recente série de atentados. "Não surpreende que as pessoas estejam ansiosas e em busca de conforto e liderança firme."
Em aceno aos eleitores de Bernie Sanders, seu resiliente rival nas prévias, agradeceu a o senador por "botar a justiça social no centro do debate, onde ela pertence".

ANÁLISE: Hillary atrai famosos e deixa convenção mais midiática do que Trump

UOL
Jim Rutenberg
Na Filadélfia

Mark J. Terrill/AP
26.jul.2016 - Performance de Alicia Keys durante o segundo dia da convenção democrata

Hillary Clinton tem se saído melhor na TV na Filadélfia do que Donald Trump em Cleveland. Esperava-se o contrário. Trump é a genuína sensação televisiva, ex-apresentador de um reality show de sucesso, que prometeu trazer um pouco de "showbiz" para seus eventos.
No entanto, foi Hillary que teve as celebridades e as apresentações musicais sonhadas pelo programa "Tonight Show": Alicia Keys, Meryl Streep, Paul Simon, Elizabeth Banks, Lenny Kravitz e Lena Dunham. Foi Hillary que teve sua apresentação produzida de forma mais profissional. E pelo menos nas duas primeiras noites, foi Hillary que teve a melhor avaliação da audiência, de milhões de pessoas.
Sua equipe planejou seu cronograma para aproveitar ao máximo o grande prêmio da mídia para candidatos de um grande partido: controle quase total de quatro noites de horário nobre em um canal de notícias a cabo, e pelo menos uma hora, entre as 22h e as 23h, nos canais abertos.
Até Trump deu crédito à convenção democrata quando ligou na quarta-feira à noite para discutir as diferenças entre as duas convenções. "Gostei das duas apresentações", disse Trump, embora segundo ele nenhum julgamento real possa ser feito até depois da última noite, quando os discursos — e as avaliações — dos dois candidatos podem ser comparados.
Aqui na Filadélfia, cada um dos discursos democratas teve seu próprio objetivo distinto: atiçar o eleitorado (O senador Cory Booker de Nova Jersey e as mães cujos filhos desarmados foram assassinados pela polícia), atacar Trump (A senadora Elizabeth Warren e as atrizes Lena Dunham e America Ferrara), unificar o partido (Bernie Sanders e Bernie Sanders), completar a biografia da candidata (Bill Clinton), atrair os independentes (Michael Bloomberg). As ações e discursos tiveram cada minuto coreografado, de forma que nenhum segundo de precioso horário nobre fosse desperdiçado.
Mas mesmo quando ficou claro que os planejadores da convenção de Hillary estavam fazendo um trabalho muito melhor usando o tempo de TV, a questão que pairou sobre a campanha o ano todo permanece: Isso importa? Trump chegou até onde chegou através de uma guerra midiática assimétrica.
Ele absteve-se de táticas tradicionais de campanha, como anúncios em massa na TV e sofisticado uso direcionado de dados que o presidente Barack Obama aperfeiçoou ao longo de suas duas campanhas. Em vez disso, ele encheu a televisão e o Twitter com um reality show que quando atinge seu efeito máximo deixa seus adversários sem oxigênio na mídia.
Hillary seguiu o antigo manual da mídia pelo qual as eleições presidenciais sempre foram ganhas na era moderna: disciplina na comunicação, até excessiva (considerando sua profunda aversão a coletivas de imprensa); anúncios em massa na TV; e o clássico trabalho de campo porta-a-porta atrás de votos.
As convenções ininterruptas são uma ótima oportunidade para se testar qual abordagem funcionará melhor, e levará um tempo até sabermos. Até o momento, Trump desafiou todas as regras tradicionais da mídia política. Se sua abordagem para as convenções se provar mais efetiva, então ele certamente as terá revolucionado.
Trump disse que no final ele venceria porque "temos uma mensagem muito melhor, e temos um mensageiro melhor."
Repórteres que estiveram em Cleveland logo formaram um consenso de que a convenção de Trump havia sido "um grande desastre", como alguns deles escreveram. Trump escreveu na noite de terça-feira no Twitter que sua convenção era "muito mais interessante". Talvez mais para fascinante, como pode ser olhar um acidente na estrada.
O que a imprensa de notícias viu como um grande desastre, os apoiadores de Trump viram como renovador, uma atitude de falar "o que deve ser dito". E pelo menos dois respeitados institutos de pesquisa, o CNN/ORC e o USC Dornsife/Los Angeles Times, mostraram um aumento repentino para Trump.
Trump disse que isso provava que ele obtivera "o resultado pretendido" de sua convenção. "Consegui o maior salto [nas pesquisas]", disse.
As pesquisas são ainda mais notáveis se você considera o seguinte: Hillary e os Super PACs que a apoiam gastaram US$68 milhões em propaganda na TV, em comparação com os menos de US$6 milhões de Trump e seus grupos de apoio, de acordo com a empresa de monitoramento de publicidade Kantar Media.
Nos últimos anos houve muita discussão sobre se comerciais de 30 segundos têm funcionado na política como antigamente. Mas sempre houve uma circunstância na qual não havia muita dúvida de que eles eram eficazes: aquelas raras ocasiões em que um lado podia veicular comerciais sem concorrência, ou quase.
Historicamente, a assimetria na mídia paga funcionou para quem quer que fosse capaz de gastar mais ou de forma mais eficiente", disse Elizabeth Wilner, que monitora publicidade política para a Kantar Media. Agora, ela disse, "a disparidade é assustadora."
Se essa disparidade na publicidade continuar e ainda assim Hillary perder, poderá haver reverberações para além da política nacional. A indústria da publicidade americana e seus clientes teriam de avaliar melhor a eficácia do que foi considerada a mais importante ferramenta de marketing na história da mídia por boa parte das últimas quatro décadas.
David Plouffe, que ajudou a encabeçar a campanha de Obama em 2008, disse que a mídia da campanha presidencial era uma estratégia de longo prazo, e sua eficácia só poderia ser avaliada de verdade em novembro. É tudo um esforço para se motivar a combinação vencedora de eleitores indo votar nos Estados que fazem a diferença no Colégio Eleitoral.
Essa não é uma peça de um ato só", ele disse, "e acho que o efeito cumulativo de ações direcionadas e gastos direcionados ainda conta".

ECONOMIA: Apenas 42 cidades conseguem pagar a folha com recursos próprios

OGLOBO.COM.BR
POR DANIELLE NOGUEIRA

Entre elas estão capitais, como o Rio, e municípios turísticos, como Gramado

Vista aérea dos arranha-céus da cidade de Balneario Camboriu, em Santa Catarina - Márcia Foletto / Agência O Globo

RIO - Apenas 42 prefeituras conseguiram pagar a folha com recursos próprios em 2015, segundo levantamento feito para o Índice Firjan de Gestão Fiscal. No ano passado, eram 45. Em 2006, quando começou a série, eram cem. A queda da receita num ritmo maior que a redução de gastos com pessoal explica por que cada vez menos cidades consegue pagar os salários do funcionalismo com a arrecadação própria.
Na lista das 42 cidades estão grandes capitais, como Rio, São Paulo, Belo Horizonte e Salvador, e cidades médias, especialmente do interior paulista, como Osasco e Barueri. Em ambos os casos, explica o economista-chefe da Firjan, Guilherme Mercês, são cidades que têm uma dinâmica econômica forte e, por isso, têm musculatura para arrecadar impostos, mesmo em tempos de crise.
As outras mais de cinco mil cidades não conseguem arrecar recursos sozinhas para pagar os salários dos funcionários e dependem de transferências da União ou dos estados para isso. Como boa parte dos salários do funcionalismo é atrelada ao mínimo e este subiu mais que a inflação nos últimos anos, os gastos têm crescido em algumas ou reduzido num ritmo menor que a queda das receitas.
— As receitas caíram por duas razões: a recessão fez a arrecadação desabar e as transferências da União também caíram, seja porque a União também teve menos arrecadação ou porque não houve reajuste nos repasses — disse François Bremaeker gestor do Observatório de Informações Municipais.
770 NÃO CUMPREM TETO DA LRF
Uma das consequências dessa situação é que cada vez mais municípios vem ultrapassando o teto estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal de 60% da receita corrente líquida (RCL, que são impostos mais transferências) para despesas com funcionalismo público.
Em 2015, foram pelo menos 770 cidades ou 13,8% dos municípios brasileiros. Em 2007, eram 115 municípios. Mantido o padrão da última década, nos próximos cinco anos, mais de mil prefeituras romperão o limite da lei, segundo Mercês.
Para solucionar a questão, a Firjan defende que, de forma imediata, as prefeituras cortem pessoal e deixem de abrir concursos para melhorar as contas. E que, no médio prazo, sejam estabelecidos tetos para gastos, da mesma forma como vem sendo defendido pelo governo federal.

COMENTÁRIO: Lula busca refúgio

POR MERVAL PEREIRA - OGLOBO.COM.BR

Não bastasse a exposição internacional de nossas mazelas proporcionada pela realização das Olimpíadas, vem agora o ex-presidente Lula pedir ajuda ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, como se fôssemos um país sem instituições jurídicas independentes, como quaisquer dessas repúblicas de banana em que ele deu pretensas palestras, e onde liderou o lobby em favor de empreiteiras nacionais.
Por feliz coincidência, no mesmo dia em que Lula tenta colocar o país numa situação vexaminosa, mas só conseguiu dar um tiro no próprio pé, uma perícia da Polícia Federal expõe fatos que indicam que o ex-presidente e sua família são os reais proprietários do sítio em Atibaia em que as empreiteiras OAS e Odebrecht fizeram obras orçadas em R$ 1,2 milhão.
Além de, segundo especialistas, não haver o menor sentido em pedir intervenção internacional na soberania brasileira, as decisões do Conselho da ONU são “administrativas e declaratórias”, e o mais provável é que o pedido seja recusado sem maiores análises, por impróprio.
Enquanto Lula vai dando demonstrações de que não tem preparo para as adversidades políticas, acumulam-se provas e testemunhos da verdadeira organização criminosa que a Procuradoria-Geral da República diz ser chefiada por ele.Segundo a PGR, a “organização criminosa jamais poderia ter funcionado por tantos anos e de uma forma tão ampla e agressiva no âmbito do governo federal sem que o ex-presidente Lula dela participasse”.
Em outro ponto, em que pede para que Lula e outras autoridades sejam incluídas no inquérito principal, o Procurador-Geral Rodrigo Janot, a quem aliás Lula acusa de persegui-lo, afirma: “Os diálogos interceptados com autorização judicial não deixam dúvidas de que, embora afastado finalmente do governo, o ex-presidente Lula mantém o controle das decisões mais relevantes”.
Os advogados de Lula acusam também o juiz Sérgio Moro de ter como objetivo colocar Lula na cadeia. Nas mensagens interceptadas pela Polícia Federal nas investigações sobre o sítio de Atibaia e o tríplex do Guarujá, o presidente da empreiteira OAS, Léo Pinheiro, anota que vai abrir dois centros de custo: “1º Zeca Pagodinho (sítio)” e “2º Zeca Pagodinho (praia)”, alusão ao triplex do Guarujá.
O nome dos centros de custo deve ter sido dado devido ao teor etílico dos relatos do engenheiro Paulo Gordilho, que cuidou das obras, sobre seus encontros com Lula para definir as intervenções: "Bebemos eu e ele [Lula] uma garrafa de cachaça da boa Havana mineira e umas 15 cervejas", escreveu em mensagem interceptada pela PF.
O caso do sítio de Atibaia ainda vai ter novos desdobramentos, pois na delação premiada da Odebrecht, alguns executivos, especialmente Marcelo Odebrecht, admitirão que participaram também das obras. Eles tratam a questão como “um favor” que fizeram a Lula depois que as obras da OAS deram problema, e dona Mariza reclamou.
O ex-presidente então pediu ajuda à Odebrecht, que interveio nas obras para terminar, mas sem ligações com o lobby, que admitem ter sido feito. Esse lobby eles alegam ser o papel de um ex-presidente em qualquer país do mundo.
Essa promiscuidade entre o público e o privado – as obras no sítio foram encomendadas e começaram quando Lula ainda era presidente, em 2010 – é recorrente nos relatos de vários colaboradores da Operação Lava Jato, e incluem a presidente afastada Dilma Rousseff, que alega não saber de nada sobre o pagamento propina através de caixa 2 para o marqueteiro João Santana pela Odebrecht em conta no exterior.
Se o Conselho de Direitos Humanos da ONU resolvesse investigar a fundo a questão, teria muito trabalho pela frente. É de se prever que as associações de juízes e procuradores saiam em defesa do Ministério Público e de Moro, pois estão sendo expostas ao julgamento internacional como se fizessem parte de um sistema judicial completamente manipulado.
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), que pode ser considerado o chefe do Poder Judiciário, tem obrigação de reagir a essa tentativa de desmoralização, mas o atual presidente, Ricardo Lewandowski, não dá sinal de reação.

IMPEACHMENT: Curiosidades do impeachment

OGLOBO.COM.BR
POR JORGE BASTOS MORENO

Givaldo Barbosa | Agência O Globo

O documento da defesa da Dilma na comissão do impeachment foi protocolado com o número 171. Era para ser 170, mas a defesa da própria Dilma pediu mais tempo pra apresentar suas alegações finais - o que o sistema interpreta como novo andamento, gerando a defesa final no Senado como '171'.

Registro da defesa de Dilma com o número de protocolo | Reprodução

SAÚDE: Pais de bebês com microcefalia vivem abandono e recorrem à Justiça em PE

FOLHA.COM
KLEBER NUNES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RECIFE

A família de Luhandra, nove meses, vendeu o carro e o mercadinho, tirou os filhos da escola particular e mudou-se para o Recife, onde vivem com salário de R$ 700.
Os pais de Wiliam, oito meses, cobram na Justiça desde abril um subsídio para complementar a renda de R$ 900. Com só R$ 250 de Bolsa Família, a mãe de Pérola, dez meses, viaja toda semana 400 km de Betânia até a capital e dorme em casas de apoio.
Em comum, a busca por tratamento em até cinco hospitais diferentes do Recife para seus bebês com microcefalia, má-formação do cérebro ligada aovírus da zika, que pode ser transmitido pelo mosquito Aedes aegypti.
Sergio Figueiredo/Folhapress
ABANDONO
Um ano depois do início das notificações dos casos que ganharam repercussão internacional, com epicentro em Pernambuco, pais de bebês com microcefalia reclamam de abandono pelo poder público, tanto na falta de recursos financeiros como no tratamento médico e apoio psicológico prometidos por prefeituras, Estado e União.
Sem o suporte adequado, pais dividem entre si cartelas de remédios de alto custo, dormem em casas de apoio e dependem da ajuda de parentes e ONGs.
Em Pernambuco, o número de notificações de bebês com microcefalia alcançou 2.074 registros (376 deles confirmados). O relato de mães ouvidas pela Folha no Estado é de desesperança e tristeza pela saúde dos filhos, que têm dezenas de convulsões diárias, danos oftalmológicos, disfagia (dificuldade para engolir) e refluxo.
Os quadros de saúde dos bebês com microcefalia são piores do que os médicos e o próprio poder público vislumbravam no início das notificações.
SEM RESULTADO
Quinta filha, o diagnóstico de microcefalia de Luhandra chegou três meses antes de a comerciante Jusikelly Severina da Silva, 32, dar à luz. Ela morava em Jaboatão dos Guararapes, região metropolitana do Recife. "Só com meu marido trabalhando como almoxarife, também fui obrigada a tirar os outros quatro filhos do colégio e me mudar pro Recife para ficar mais fácil me deslocar para os quatro hospitais onde ela é atendida."
A filha passa por consultas ao menos duas vezes por semana com neurologistas, pediatras e oftalmologistas. Com terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e fisioterapeutas a menina faz as sessões de reabilitação. No entanto, a mãe diz que o esforço não está trazendo resultados satisfatórios -em parte por causa do pouco tempo das sessões, em média 20 minutos. O ideal seria o dobro, segundo médicos ouvidos pela reportagem.
SEM SUBSÍDIO
Ver a filha convulsionar quase que diariamente tornou-se rotina para a atendente de telemarketing Nadja Cristina Gomes Bezerra, 42. Mãe de Alice Vitória Gomes Bezerra, de nove meses, ela conta com a ajuda de familiares e desconhecidos para custear os medicamentos da filha -que variam de R$ 79 a R$ 300, e duram no máximo um mês.
"Já recebi cartelas [avulsas] dos médicos, mas tem o custo fora alimentação, fraldas e vitaminas que ela precisa tomar, não dá", afirmou.
Afastada do emprego por causa da depressão, Nadja terá seu auxílio-doença de R$ 800 encerrado em setembro. Pela faixa salarial de telemarketing, teve negado o BPC (Benefício de Prestação Continuada) pelo INSS. "Estou com avisos de corte de água e luz da casa onde moro graças ao meu pai que emprestou. Ao todo são mais de dez contas atrasadas."
Suzana Lima, 25, mãe de Wiliam, também teve o pedido do BPC negado e precisou recorrer à Justiça. Ganhou a liminar, mas não ainda na prática: só em setembro um assistente social a visitará para então obter o benefício. "Eles vão ver que apenas com o salário de padeiro do meu marido não temos condições de arcar com tantos custos."
INTERIOR DESCOBERTO
O subsídio também é a esperança de Marcione Rocha, 29, mãe de Pérola. Desempregada, quer deixar a cidade de Betânia para poder tratar a filha na capital. "Meu marido está desempregado, temos apenas o Bolsa Família para nós dois e os três filhos." Ela usa um carro da prefeitura para o deslocamento na ida. "No retorno eu pago a passagem. São seis horas de viagem."
"Aqui na região tem alguns médicos, até hoje espero atendimento oftalmológico. Se não viajasse para o Recife ia prejudicá-la."
Ela também lamenta a falta de remédios gratuitos -há três meses aguarda um anticonvulsivante, que deveria ter sido entregue quatro meses atrás -e cita o direito de ter o exame que comprovaria a microcefalia decorrente da zika.


OUTRO LADO
Procurado, o INSS não se manifestou sobre a razão das negativas e a quantidade de famílias com casos de microcefalia hoje cobertos com o benefício.
Em nota, o governo de Pernambuco afirma que ampliou a rede de tratamento -de dois para 23 serviços especializados- e reduziu de 430 para 60 km a distância percorrida pelas famílias com polos no interior. "Os desafios estão postos e vamos continuar capacitando os profissionais e estamos avaliando as possibilidades de incorporar anticonvulsivantes na rede estadual farmacêutica", diz a nota.
O Ministério da Saúde diz, em nota, que a microcefalia "é um agravo de conhecimento recente" e que tem monitorado e dado atenção integral aos casos. Segundo a pasta, em março foi lançada estratégia para encaminhar as famílias à reabilitação e assistência social, e foram repassados R$ 2.200 aos Estados por caso notificado.
A nota afirma ainda que o SUS disponibiliza anticonvulsionantes que em sua maioria atendem os casos.
GRAVIDADE SURPREENDE
O vídeo gravado por celular há apenas um mês mostrava uma bebê sentada sozinha na cadeira. Agora, essa mesma criança repousa no colo da mãe sem reação a estímulos e com convulsões diárias. O agravamento do caso de Luhandra é o retrato dos bebês com microcefalia um ano após o início da onda de notificações.
"Estávamos preparados para o zika até porque tínhamos a circulação do vetor, mas não para esses efeitos nos bebês", afirma Cristina Mota, secretária-executiva de atenção à saúde da Secretaria da Saúde de Pernambuco.
As chamadas convulsões refratárias têm sido recorrente nesses bebês. Mais sérias, as crises ocorrem dezenas de vezes por dia, agravando as lesões cerebrais e comprometendo o desenvolvimento.
"Socorremos nossos filhos com as crises, e nas policlínicas ou UPAs [unidades de saúde] eles [médicos] dizem que não podem fazer nada e mandam para casa. Precisamos do atendimento e dos remédios que são caros e não temos condições", diz a mãe Jusikelly Silva, 32.
A fisioterapeuta Pepita Duran também se surpreendeu com as novas complicações causadas pelo vírus da zika. "Ninguém esperava. Agora estamos diante de um problema muito grave, que por outro lado está suscitando o debate sobre o acesso à saúde."
Com os casos agravados, governo e técnicos da saúde já falam em síndrome congênita do vírus da zika. Em Pernambuco, um novo protocolo de atendimento será discutido.

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