segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

POLÍTICA: Meirelles nega que esteja sendo ‘fritado’ devido à demora na retomada

OGLOBO.COM.BR
POR ANA PAULA RIBEIRO

Ministro diz que ações por retomada estão em curso e novas medidas estão a caminho

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles - ANDRE COELHO / Agência O Globo/22-11-2016

SÃO PAULO E RIO - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, confirmou esta manhã que o governo prepara um pacote de medidas para ajudar na retomada do crescimento econômico, como antecipou o GLOBO em sua edição desta segunda-feira. Ele negou ainda estar sendo "fritado" por aliados políticos do presidente Michel Temer, especialmente no PMDB e no PSDB.
Em entrevista ao colunista do GLOBO Jorge Bastos Moreno, Temer admitiu pressões por mudanças na condução da política econômica, mas reiterou apoio a Meirelles. O presidente adiantou ainda que ações estavam sendo desenhadas pela equipe econômica — um pacote de dez medidas — para religar os motores do crescimento.
— Não tenho visto isso (estar sendo fritado). Estamos em um processo de discussão sobre o que precisamos fazer (para que a retomada ocorra) — afirmou Henrique Meirelles, durante evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Há muita insatisfação na base aliada com a anemia da economia brasileira e a aposta excessiva da Fazenda em medidas fiscais de dificílima negociação com o Congresso e cujos efeitos só serão colhidos no longo prazo. O cardápio curto de opções é alvo de críticas também de economistas influentes, como o ex-presidente do Banco Central (BC) Arminio Fraga, ligado aos tucanos, e de setores do empresariado, como a própria Fiesp.
Estes segmentos reivindicam a adoção de medidas de estímulo à economia, de alívio ao endividamento das empresas e/ou de efeito fiscal imediato, entre outras. Armínio, por exemplo, sugeriu semana passada, em entrevista ao "Valor Econômico", elevação de impostos ou suspensão de desonerações em vigor para melhorar o resultado das contas públicas, abrindo espaço para uma ação mais agressiva do BC.
A indústria tem pedido medidas de incentivo à produção e às exportações, entre outros pontos. Já a ala política com trânsito no Palácio do Planalto se concentra na defesa de que o BC reduza mais rapidamente os juros, mesmo sem contrapartida fiscal, e libere compulsórios para que os bancos alonguem as dívidas das empresas, abrindo espaço para retomada de investimentos.
Fazenda e BC se opõem a várias dessas ideias. Cauteloso, Meirelles se esquivou de detalhes esta manhã:
— Estamos em processo de elaboração (do pacote de dez medidas). O Brasil está cansado de medidas precipitadas.
Na avaliação do ministro, o mais importante é garantir o controle dos gastos públicos e a redução da participação da dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). Para isso, descarta medidas de incentivo à economia que passem por desonerações de impostos:
— Não pretendemos aumentar o déficit público dando mais desonerações.
— O Brasil estava na UTI e em risco de colapso. Mas com as medidas que estamos tomando, o Brasil saiu da UTI. Ainda não está andando rápido, mas está em processo de recuperação e vamos sim crescer de forma sustentável — afirmou ele, diante de empresários.
Entre as medidas que teriam ajudado o Brasil a sair desse quadro mais crítico, o ministro citou a PEC dos gastos (que ainda precisa ser aprovada em segundo turno pelo Senado), a transparência nas contas públicas e a Reforma da Previdência, cuja proposta será apresentada por Meirelles aos líderes partidários esta tarde e por Temer às centrais sindicais no início da noite hoje.
— O trabalhador com 55, 60 anos é relativamente jovem, falo até por experiência própria (Meirelles tem 71 anos). O mais relevante e crucial para todos os brasileiros é termos a segurança que todos vão receber a aposentadoria. A Previdência pode quebrar como vimos no Rio e em outros estados — alertou.

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