quinta-feira, 21 de julho de 2016

TERROR: Terrorista de Nice planejava atentado havia meses e tinha cúmplices

UOL
Em Paris

Reprodução/TF1
Mohamed Lahouaiej Bouhlel, autor do ataque em Nice, em foto tirada de dentro do caminhão utilizado no atentado

O autor do atentado terrorista que matou mais de 80 pessoas em Nice planejou o massacre "vários meses antes de passar à ação" e contou com a cooperação de vários cúmplices, entre eles as cinco pessoas que continuam detidas, informou nesta quinta-feira (21) o procurador-geral da República da França, François Molins.
"A investigação em curso desde a noite de 14 de julho avançou e não só confirmou a natureza premeditada do assassinato perpetrado por Mohamed Lahouaiej Bouhlel, mas também mostra que ele se beneficiou de ajuda e cumplicidade", disse.
De acordo com ele, houve "avanços notáveis" na investigação nas últimas horas, que apontam para um atentado melhor preparado e com mais participantes do que as autoridades acreditavam no começo. Segundo o procurador, cerca de 400 agentes trabalharam na ação.
As cinco pessoas detidas enfrentam acusação preliminar de terrorismo por causa da possível ajuda a Bouhlel. São dois homens franco-tunisianos, um albanês, um tunisiano e uma mulher franco-albanesa.
Apesar do relato de pessoas próximas a Bouhlel de que ele não dava sinais de ter se radicalizado, Molins afirmou que evidências encontradas no telefone do terrorista indicaram que ele planejava um ataque desde 2015.
Falha na segurança
A revelação destes novos dados sobre o autor do atentado coincidiu com a publicação de uma investigação do jornal "Libération" que aponta graves na organização da segurança do Passeio dos Ingleses, em Nice, onde as pessoas assistiam aos fogos de artifício do feriado do Dia da Bastilha.
A polícia tinha apenas um carro de serviço no Passeio dos Ingleses, segundo o "Libération".
Desde o atentado, há uma forte polêmica entre a prefeitura de Nice, em poder do partido de direita Les Républicains, e o governo socialista francês sobre o esquema de segurança na noite do atentado.
Segundo o "Libération", que cita "uma fonte policial que teve acesso às câmeras de vigilância (...), apenas um veículo da polícia municipal se encontrava na avenida, na calçada do lado do mar", no ponto restrito aos pedestres.
Ainda de acordo com o jornal, que cita uma testemunha, não havia qualquer elemento da polícia nacional na zona.
"Foram substituídos às 20h30 pelos colegas municipais e não havia qualquer carro da polícia nacional para fechar a avenida", afirma o "Libération".
As autoridades do departamento dos Alpes Marítimos afirmaram dois dias após o ataque que "os pontos mais sensíveis" de Nice na noite da festa nacional francesa estavam sob a guarda de "equipes da polícia nacional, com o reforço da polícia municipal".
"Este era o caso do ponto de acesso do caminhão à avenida, que com a proibição de tráfego estava bloqueada com o posicionamento de veículos" da polícia, explicaram as autoridades na ocasião, acrescentando que o "caminhão forçou sua passagem subindo a calçada".
O primeiro-ministro, Manuel Valls, afirmou na quarta-feira (20) que o dispositivo de segurança em Nice foi "acertado, consentido e validado" pela prefeitura local, o que foi desmentido por Christian Estrosi e Philippe Pradal, ex e atual prefeitos da cidade.
"As reuniões de que fala o primeiro-ministro foram encontros preparatórios nos quais a prefeitura reuniu o conjunto dos serviços envolvidos (...) para discutir as diretrizes", afirmaram Estrosi e Pradal.
Desde os ataques em Nice, o governo socialista de François Hollande é alvo de críticas virulentas da oposição de direita por sua gestão na luta contra o terrorismo.

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