quarta-feira, 20 de julho de 2016

LAVA-JATO: ‘Diretor da Propina’ respondia a Marcelo Odebrecht, afirma gerente de RH da construtora

OGLOBO.COM.BR
POR RENATO ONOFRE

É a primeira vez que um funcionário da construtora, que não é alvo da Lava-Jato, aponta a ligação direta do executivo
Marcelo Odebrecht foi preso pela Polícia Federal - Geraldo Bubniak / Freelancer

SÃO PAULO — O Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, conhecido como a “Diretoria da Propina”, respondia ao presidente afastado do grupo Marcelo Odebrect. Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, o gerente de recursos humanos da Odebrecht, Paulo de Sousa Sabiá, afirmou que Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho era o líder do setor e respondia diretamente a Marcelo Odebrecht. É a primeira vez que um funcionário da construtora, que não é alvo da Lava-Jato, aponta uma ligação direta do executivo com a "Diretoria da Propina".
— Seu Hilberto ficava ligado diretamente ao diretor-presidente da organização — afirmou Sabiá, sendo questionado por Moro se então a ligação seria com o empresário Marcelo Odebrecht. O gerente de RH responde: — Isso.
Sabiá foi uma das testemunhas ouvidas nesta quarta-feira pelo juiz Sérgio Moro na ação da 26ª fase da Lava-Jato, batizada de “Xepa”. Ele afirmou ainda ao juiz que o setor funcionava como uma estrutura normal dentro da empresa:
— Era uma estrutura como todas as demais da organização. Não tinha nada que, eventualmente, fosse diferente de outra estrutura.
Durante a coletiva da 26ª fase da Lava-Jato, batizada de “Xepa”, os investigadores afirmaram que o empresário tinha participação direta no esquema:
— Não há qualquer dúvida da participação direta de Odebrecht — afirmou em março a delegada Renata Rodrigues.
O Setor de Operações Estruturadas funcionou com uma estrutura profissional de pagamentos sistemáticos de propina no Brasil e no exterior, segundo a Lava-Jato. Somente em duas contas ligadas a esse setor paralelo, estima-se em R$ 91 milhões os pagamentos suspeitos.
Na terça-feira, o GLOBO mostrou que a assinatura de um acordo de delação de Marcelo Odebrecht, que pode livrá-lo da cadeia, depende da apresentação dos arquivos digitais da empresa contendo provas do pagamento de propina a políticos e autoridades. Os documentos estariam num sistema de informática usado pelo Setor de Operações Estruturadas.
Os investigadores chegaram a achar que os dados haviam sido apagados dos computadores pela Odebrecht no ano passado, após a prisão de Marcelo Odebrecht. Contudo, o depoimento de um técnico de informática revelou a existência de um servidor reserva na Suíça, onde estão armazenados todos os detalhes de transações ilícitas. O sistema funcionou ativamente até o fim de maio de 2016.
Em nota, a Odebrecht informou que não se manifestará sobre o tema.

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