sexta-feira, 22 de julho de 2016

MUNDO: Trump promete restaurar ordem e ataca Hillary em encerramento da convenção republicana

OGLOBO.COM.BR
POR HENRIQUE GOMES BATISTA / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Em discurso, candidato republicano critica opositora e diz que seu legado se resume a morte, destruição e terrorismo

Donald Trump fala durante encerramento da convenção republicana - BRIAN SNYDER / REUTERS

CLEVELAND, EUA — O indicado republicano à Casa Branca, Donald Trump, pediu os votos dos americanos, prometendo restaurar “a lei e a ordem” em um país abalado por tiroteios e ataques no encerramento da convenção republicana, nesta quinta-feira. No discurso, o mais longo do gênero em 40 anos, com 1h15min, o magnata atacou o presidente americano, Barack Obama, e disse que o legado de Hillary Clinton em sua gestão no Departamento de Estado, se resumia à “morte, destruição e terrorismo”.
Para encerrar a convenção republicana que confirmou sua nomeação, o magnata tentou se aproximar do americano comum, descontente com o governo e temeroso com o atual momento econômico e social. “Eu sou a sua voz”, sentenciou várias vezes durante todo o discurso, que encerrou uma das mais controversas convenções da história moderna dos partidos americanos:
— Nessa corrida para a Casa Branca, eu sou o candidato da lei e da ordem — disse o candidato, acusando o presidente Barack Obama de promover a desunião racial nos EUA. — A retórica irresponsável do nosso presidente, que usou o púlpito da presidência para nos dividir por raça e cor, tornou a América um ambiente mais perigoso para todo mundo.
Na noite desta quinta-feira, encerrando a convenção republicana, o bilionário nova-iorquino aceitou formalmente a indicação do partido. Mas o evento mostrou que Donald Trump não conseguiu seu grande objetivo: unir o partido. A esperada festa viveu polêmicas todos os dias, e transformou-se num festival de problemas, que não só deixou de sarar as feridas das primárias e fortalecer o nome indicado — o magnata teve de jogar para escanteio outros 16 concorrentes numa acirradíssima disputa — como exacerbou o racha no partido.
— Juntos, vamos liderar nosso partido de volta para a Casa Branca — prometeu a seus correligionários. — Eu tenho uma mensagem para todos vocês: o crime e a violência que hoje afligem nossa nação vão, em breve, chegar ao fim. Começando em 20 de janeiro de 2017 (dia da posse), a segurança será restaurada.
Público assiste discurso de Trump na convenção republicana em Cleveland - John Locher / AP

Trump ainda culpou Hillary pela ascensão do grupo Estado Islâmico (EI) e por semear o caos no Iraque, na Líbia, na Síria e no Egito. Também criticou o acordo nuclear negociado pelo governo Barack Obama com o Irã.
— Depois de quatro anos de Hillary Clinton, o que nós temos? O EI se espalhou pela região e pelo mundo. A Líbia está em ruínas, e nosso embaixador e sua equipe foram deixados abandonados para morrer. Esse é o legado de Hillary Clinton: morte, destruição, terrorismo e fraqueza.
Convenção marcada por problemas
O agora candidato também garantiu aos delegados de seu partido que sua política externa colocará os americanos em primeiro lugar.
— A diferença mais significativa entre o nosso plano e o dos nossos oponentes é que nosso plano vai colocar a América primeiro. Americanismo, não globalismo, será nosso credo. O povo americano virá em primeiro mais uma vez.
Lembrando e citando o pré-candidato democrata Bernie Sanders, ainda atacou o sistema e os bilionários de Wall Street, e disse que Hillary é uma “fantoche” dos poderosos.
— Ninguém conhece o sistema melhor do que eu, que é por isso que eu só possa corrigi-lo — disse, afirmando que milhões de democratas vão votar nele.
O início da quarta noite de debates foi marcada pelo discurso de Peter Thiel, empresário fundador do Paypal, que atacou muito a política econômica democrata. Mas o que chamou atenção no pronunciamento foi o fato de ele ser o primeiro gay assumido a discursar numa convenção da legenda em 16 anos. Thiel disse que tem orgulho de ser homossexual, republicano e, sobretudo, de ser americano:
— Quando eu era criança, o grande debate era como derrotar a União Soviética. E nós ganhamos. Agora nos dizem que o grande debate é sobre quem pode usar que banheiro — disse, fazendo referência à polêmica sobre o uso de banheiros por transgêneros em todo o país. — Esta é uma distração de nossos problemas reais. Quem se importa?
Mais cedo, o magnata criou uma nova polêmica, ao dizer que, caso seja eleito, deverá abandonar a garantia de proteção aos aliados da Otan. Desta forma, Trump, que já fez elogios ao presidente russo, Vladimir Putin, alteraria o princípio básico da organização — um ataque a um aliado é um ataque a todos — desmontando o esquema de defesa do Ocidente montado no pós-guerra. As reações foram imediatas. A Casa Branca reafirmou o compromisso blindado com parceiros transatlânticos. O secretário-geral da Otan disse que não se mete na campanha americana, mas ressaltou a solidariedade como ponto-chave da parceria. E até os próprios republicanos reagiram, condenando Trump, que viu a união da legenda ainda distante.

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