sexta-feira, 10 de junho de 2016

NEGÓCIOS: Operação Lava Jato dá espaço para empreiteira menor em obras federais

FOLHA.COM
JOÃO PEDRO PITOMBO, DE SALVADOR

Eduardo Knapp/Folhapress

Ao mesmo tempo em que grandes empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato viram seus contratos minguarem nos últimos anos, empresas de médio porte do setor ganharam espaço nos repasse de recursos federais.
Levantamento feito pela Folha aponta que o número de grandes empresas entre as 10 que mais receberam dinheiro do governo federal neste ano passou de 4 em 2013, antes da operação Lava Jato, para 2 em 2016.
Neste ano, elas são Odebrecht e Queiroz Galvão. Em 2013, estavam também Constran e Camargo Corrêa. Todas são investigadas na Lava Jato.
Os dados são do Portal da Transparência e consideram recursos do Orçamento Geral da União, o que exclui obras contratadas por estatais como Petrobras e Eletrobras.
No espaço deixado pelas grandes empreiteiras crescem empresas como CCM (Construtora Centro Minas), Sanches Tripolini, Castellar Engenharia e S/A Paulista –a única dessas entre as 50 do setor de construção com maior receita líquida em 2015.
A maioria toca obras de construção e manutenção de rodovias, além de grandes projetos como a transposição do rio São Francisco.
VICE-LÍDER
Em franco crescimento em contratos federais, a CCM desponta como a segunda que mais recebeu recursos do governo neste ano. Ao todo, foram R$ 180,6 milhões em obras de manutenção de estradas –mais do que o dobro do registrado em igual período do ano passado (veja quadro nesta página).
Outro grupo que avançou foi o Castellar Técnica Viária, dono da Castellar Engenharia e da Técnica Viária Construções, ambas no grupo das 10 que mais receberam dinheiro federal em 2016. Juntas, levaram R$ 189,8 milhões por obras em estradas.
Para Alexandre Zamberlan, diretor técnico da Castellar Engenharia, este é "um momento de adaptação de todo o setor". Além das investigações, a construção vem recebendo verbas menores a cada ano. Em 2014, foram 18,3 bilhões em repasses; em 2015, R$ 12,7 bilhões, e, neste ano, R$ 5,5 bilhões até maio.
Embora integre a lista das que mais receberam, a Paviservice questiona o montante registrado no Portal da Transparência. Segunda a empresa, os dados incluem repasses a consórcios no qual ela é a líder e são divididos com os parceiros.
INVESTIGAÇÕES
Parte das empreiteiras que ganharam espaço nos últimos anos responde a investigações, segundo dados do Tribunal de Contas da União.
Sanches Tripoloni, Paviservice e Castellar Engenharia são alvos de processos de "tomada de contas especial", instalados quando há indícios de dano financeiro à União. Os processos cobram ressarcimento aos cofres públicos por irregularidades e superfaturamento em obras.
Sobre o processo sofrido, a Castellar Engenharia diz que não reconhece como irregularidade os questionamentos feitos pelo TCU: "Apresentamos defesa técnica em todas as instâncias e hoje discutimos na Justiça Federal".
As demais construtoras foram procuradas pela Folha, mas não se posicionaram até a conclusão desta edição.

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