quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

MUNDO: Na reta final, Maduro dá salto surpreendente e alcança 32,3% de aprovação

OGLOBO.COM.BR
POR MARINA GONÇALVES

Apesar do crescimento nas pesquisas, mudança não deve se refletir nas urnas nas eleições venezuelanas
Em campanha. Maduro cumprimenta eleitores em Caracas: diante de crise de abastecimento, presidente acusou empresas alimentícias de sabotagem. Analistas veem tentativa de angariar simpatia - CARLOS GARCIA RAWLINS/REUTERS

RIO — A poucos dias das eleições legislativas de domingo, a popularidade do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, deu um salto surpreendente, passando a 32,3% de aprovação — uma mudança de cenário que pode assustar parte da oposição. O aumento de 11 pontos percentuais, no entanto, não deve ser uma ameaça real para opositores que, pela primeira vez, têm entre 15 e 35 pontos de vantagem, segundo as pesquisas.
— Nenhum grupo perdeu votos. A mudança acontece graças aos indecisos que, apesar de apáticos, parecem ter se decidido na reta final da campanha — explica ao GLOBO Luis Vicente León, do Instituto Datanálisis, responsável pelo levantamento. — Uma parte importante da população é chavista e, mesmo mais inertes que de costume, ao final se decidiram. Apesar disso, provavelmente a recuperação não será suficiente para impedir uma vitória da oposição no domingo. Isso não ameaça sua capacidade de triunfo.
A coalizão Mesa de Unidade Democrática (MUD), que agrupa os principais partidos da oposição, permanece na dianteira: são 55,6% de intenções de voto para a oposição e 36,8% para o governo, de acordo com o levantamento. O que indica que a diferença se mantém entre os 18 e 28 pontos percentuais esperados. O instituto de pesquisa, um dos maiores do país, estima ainda que as abstenções fiquem entre 30% e 35%.
— A incerteza principal não é se o chavismo ou a MUD vai ganhar, mas que tipo de maioria a oposição vai obter — acrescentou León. — A vitória do oficialismo seria uma surpresa e, caso aconteça, poderá gerar uma frustração maciça na oposição.
Nesta quarta-feira, o Parlamento Europeu decidiu suspender a missão que deveria enviar ao país, evocando “razões de segurança”. A delegação seria composta por 12 deputados de todos os grupos políticos. Apenas uma missão da Unasul acompanhará, de maneira simbólica, o pleito.
— Creio que é impossível que haja uma fraude capaz de acabar com uma diferença tão grande de votos — acredita Ernesto Ackerman, presidente da ONG Cidadãos Venezuelanos-Americanos Independentes (IVAC), em Miami. — Se as pessoas forem votar será muito difícil reverter os números.
Na noite de terça-feira, em um programa estatal de quatro horas de duração, Maduro voltou a carga novamente contra líderes empresariais e afirmou que trabalhadores denunciaram a companhia alimentícia Heinz por paralisação “injustificável” das linhas de produção.
Analistas são unânimes em coincidir que a MUD se beneficiou do balanço negativo na administração da crise econômica, com alta inflação e escassez de produtos básicos, além da profunda crise de segurança. Críticos veem a retórica antiempresarial de Maduro como uma tentativa de angariar apoio.
— Se os gerentes estão cometendo sabotagem, aqui está o chefe da Sebin (Serviço de inteligência) e ele irá colocá-los na prisão — disse Maduro, acrescentando que autoridades iriam visitar as fábricas. — Chega da burguesia. Vamos prendê-los.

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