terça-feira, 27 de outubro de 2015

ECONOMIA: Dinheiro repassado ao BNDES pode pagar 'pedaladas', diz Levy

OGLOBO.COM.BR
POR JOÃO SORIMA NETO

Ministro da Fazenda diz que banco devolverá recursos ao Tesouro

Levy no Brazil Summit, em São Paulo - PAULO WHITAKER / REUTERS

SÃO PAULO - O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse nesta terça-feira em São Paulo que o governo estuda a possibilidade de o BNDES devolver ao Tesouro Nacional recursos que seriam usados no Programa de Sustentação do Investimento (PSI). Esse dinheiro, afirmou o ministro, poderia ser utilizado para pagamento de dívidas que o governo tem com instituições financeiras. Essas dívidas ficaram conhecidas como "pedaladas fiscais", já que o Tesouro atrasava propositadamente os repasses dos recursos aos bancos para melhorar as contas públicas.
— Não são recursos do BNDES. São recursos que o Tesouro repassou e ficou evidente que havia espaço para se reduzir o que foi demandado no ano passado. E pode-se considerar a conveniência desses recursos eventualmente voltarem ao Tesouro, diminuindo a exposição à divida. Neste momento de fortalecimento fiscal é uma coisa a ser considerada — afirmou Levy.
O ministro afirmou que o PSI não vai ter a mesma magnitude que vinha tendo e calcula-se que há uma ociosidade de recursos para emprestar da ordem de R$ 30 bilhões. A informação de que o BNDES poderia devolver recursos ao Tesouro foi antecipada pelo jonal "Valor Econômico". O PSI é uma linha de crédito que financia a compra de máquinas, equipamentos, caminhões. Com a economia parada, a demanda por crédito caiu muito.
— Há atrasos em pagamentos do governo para algumas instituições financeiras que nós vamos regularizar dentro de um cronograma — afirmou, sem usar a palavra "pedalada".
INDICAÇÃO DA META FISCAL
Levy disse que o governo enviaria, nesta terça, uma correspondência ao relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) com a indicação da meta fiscal a ser alcançada este ano. Ele não revelou se o déficit ficará em R$ 50 bilhões ou será ainda maior. Em Brasília, o relator do projeto que altera a meta fiscal, deputado Hugo Leal (PROS-RJ), informou que o resultado primário de 2015 será deficitário em R$ 51,8 bilhões, diante da frustração nas receitas. O rombo não incluiu o pagamento das pedaladas fiscais (atrasos nos repasses de recursos do Tesouro Nacional aos bancos públicos), no valor de R$ 40 bilhões e que foram condenadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Levy no Brazil Summit, em São Paulo - PAULO WHITAKER / REUTERS

O ministro encerrou um seminário realizado pela Sociedade Brasileira de Estudos e Empresas Transnacionais e Globalização (Sobeet) que discutiu o investimento estrangeiro no Brasil e investimentos brasileiros no exterior. Ele afirmou que enquanto não houver clareza fiscal a confiança do investidor não volta, embora tenha ressaltado que o Brasil tem papel fundamental na atração de recursos no mundo e continua sendo um dos destinos favoritos. Nos últimos 12 meses, disse Levy, o país atraiu US$ 72 bilhões, quase 4% do Porduto Interno Bruto. O ministro afirmou que os empresários brasileiros também têm feito investimentos em outros países e já estão em 94 países.
— É fundamental convergir para uma solução do Orçamento de 2016, o que vai trazer a confiança. É fundamental que se tenha clareza. Tenho convicção que ao resolver o Orçamento de 2016 economia volta a crescer e de maneira rápida — afirmou ele.
O QUE O FARIA RENUNCIAR?
Durante a tarde, Levy participou de evento realizado pela revista The Economist, Summit Brazil 2015, também em São Paulo, e confirmou que o déficit este ano será de 1% do PIB. O editor e colunista da "The Economist", Michael Reid, disse ao ministro que o trabalho dele não era fácil e perguntou em seguida que o que teria que acontecer para que ele renunciasse. A pergunta arrancou risos da plateia e o ministro desconversou.
- O importante no trabalho é se a gente tem sucesso para explicar o que está fazendo e convencer as pessoas. Precisa convencer por que é preciso ter um esforço fiscal. As pessoas tem que ter confiança de que se a gente acertar o fiscal, a economia vai voltar. A gente tem que passar a mensagem de que lá frente o gasto estará sob controle. Assim como o Congresso tem que entender que se a gente não conseguir chegar a uma solução concreta para o fiscal, o custo para a sociedade é muito grande - disse o ministro.

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