terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

CASO PETROBRÁS: Dono da UTC negocia delação premiada, revelam depoimentos

OGLOBO.COM.BR
POR RENATO ONOFRE

Defesa de Ricardo Pessoa conseguiu interromper sabatina de delegado da PF porque acordo entre empresário e Ministério Público estaria em andamento
SÃO PAULO — Durante o depoimento do delegado da Polícia Federal Márcio Adriano Anselmo, um dos coordenadores da Operação Lava Jato, ficou claro que Ricardo Pessoa, dono da UTC, negocia um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF). Na última segunda-feira, o delegado da PF era interrogado pela Justiça do Paraná quando a defesa de Pessoa tentou impugnar parte do depoimento, alegando que o delegado não poderia dar informações relacionadas ao empresário por conta de um acordo de delação premiada entre Pessoa e a Justiça.
O conteúdo do depoimento foi divulgado nesta terça-feira.
Enquanto Anselmo era questionado pelo juiz Sergio Moro, um dos defensores de Pessoa disse que “a ilustre autoridade policial que presta depoimento, que está sentada no banco das testemunhas, participou recentemente de uma audiência para os fins da lei 12.850 de 2013 (lei da delação premiada)”.
Segundo o advogado de Pessoa, embora ainda não tenha se concretizado nada na audiência de negociação da delação premiada, “a testemunha (Anselmo) ouviu diversas coisas” e, portanto, o delegado “não pode depor sobre os fatos ouvidos naquela audiência”. E solicitou assim, sua impugnação.
Em resposta, o juiz Sergio Moro atendeu o pedido da defesa e ressaltou que a testemunha não falaria sobre o que entrou nas negociações da delação premiada.
Apontado nas investigações como um dos coordenadores do “Clube das Empreiteiras”, Ricardo Pessoa pode ser o primeiro grande empresário a entregar informações à Justiça em troca de atenuantes à eventuais punições. Até o momento, nove réus da Lava-Jato já colaboram com as investigações em delação premiada.
Em sua defesa prévia, entregue à Justiça Federal do Paraná na semana passada, Ricardo Pessoa arrolou entre as testemunhas o ministro da Defesa, Jaques Wagner, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), candidato derrotado à Presidência da Câmara, além do ex-ministro das Comunicações Paulo Bernardo e outros quatro deputados federais: Paulinho da Força (SD-SP), Arnaldo Jardim (PPS-SP), Jorge Tadeu Mudalen (DEM-SP) e Jutahy Magalhães (PSDB-BA).
Foi chamado ainda o secretário municipal de Saúde de São Paulo, José de Filippi Júnior, ex-tesoureiro da campanha de reeleição do ex-presidente Lula, em 2006, e da primeira campanha da presidente Dilma Rousseff (PT), em 2010.
Ricardo Pessoa está preso desde novembro na carceragem da Polícia Federal em Curitiba. No início de janeiro, ele divulgou uma carta levantando suspeitas nos contratos firmados entre empreiteiras e a Petrobras, além de recursos doados para a campanha da presidente Dilma Rousseff.

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