terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

CASO PETROBRÁS: Doação oficial ao PT foi feita com recursos desviados da Petrobras, diz empresário

OGLOBO.COM.BR
POR CLEIDE CARVALHO

Em depoimento, Augusto Ribeiro Mendonça Neto confirma que Duque mandou pagar propina como doação oficial ao PT
CURITIBA — O empresário Augusto Ribeiro Mendonça Neto, do grupo Toyo Setal, confirmou em audiência na 13ª Vara Federal de Curitiba, realizada na segunda-feira, que o então diretor da área de Engenharia e Serviços da Petrobras, Renato Duque, mandou pagar parte da propina negociada nos contratos fechados com a Petrobras em forma de doação oficial ao PT. Segundo ele, no total, as propinas pagas em dois contratos fechados pela empresa somaram cerca de R$ 60 milhões. Os pagamentos de propina a Duque eram feitos em dinheiro vivo, remessas ao exterior e doações oficiais ao PT, explicou. O empresário entregou à Polícia Federal depósitos realizados ao PT no valor de R$ 4,26 milhões.
— O diretor Duque me pediu que fizesse contribuições ao PT decorrente da comissão que havia negociado com ele — afirmou Mendonça Neto.
A Setal fechou dois contratos com a Petrobras nos quais foram pagas propinas. Um deles na Refinaria Duque de Caxias, em parceria com a MPE Montagens Industriais, e o outro na Refinaria Presidente Vargas, no Paraná, no qual a Setal integrou um consórcio com a empreiteira Mendes Junior e a MPE Montagens Industriais. Segundo ele, os contratos foram fechados em 2007 e a propina foi paga durante a execução do contrato, que durou até 2011.
As notas de depósitos depósitos em contas do PT mostram que R$ 600 mil foram "doados" ao diretório do PT de Salvador pela Setec, uma das empresas de Mendonça Junior. Outras duas empresas do Grupo, a SOG Óleo e Gás e PEM Engenharia, depositaram R$ 3,660 entre 2010 e maio de 2012 na conta do PT Nacional.
Mendonça Neto afirmou que nunca teve contato com um político do PT, embora negociasse diretamente e tenha sido pressionado por José Janene, do PP-PR, um dos condenados do Mensalão. O deputado faleceu em 2010. O empresário disse que Janene era bastante duro e que viu ele colocar um interlocutor a tapas para fora do escritório que mantinha na Rua Jerônimo da Veiga, no Itaim, em São Paulo.
— Ele tinha um jeito bastante duro de conversar. Sempre dizia: é uma coisa de vocês, vocês vão acabar tendo problema no contrato - disse Mendonça Neto, explicando que a ameaça era que o diretor de Abastecimento prejudicasse a empresa, como de fato ocorreu num contrato na Reduc.

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