segunda-feira, 18 de agosto de 2014

ECONOMIA: Dólar fecha em queda com pesquisa e menor aversão a risco no exterior

Do UOL

O mercado de câmbio hoje reagiu a menor aversão a risco no exterior, com a redução da tensão geopolítica na Ucrânia, e à pesquisa Datafolha, divulgada nesta segunda-feira, que reforçou as possibilidades de um segundo turno e de uma mais disputa mais acirrada na corrida eleitoral, o que ajudou a sustentar a queda do dólar frente ao real.
A moeda americana caiu 0,16%, encerrando a R$ 2,2585. Já o contrato futuro para setembro recuava 0,04% para R$ 2,267.
A pesquisa Datafolha divulgada hoje mostrou que, se concorresse à Presidência da República pelo PSB, a candidata Marina Silva teria 21% das intenções de voto, na primeira consulta feita após a morte do ex-governador pernambucano Eduardo Campos, que morreu na semana passada vítima de um acidente de avião em Santos (SP). Com o resultado, Marina fica em empate técnico com Aécio Neves, com 20% das intenções de voto. Dilma Rousseff, por sua vez, conta com 36% das intenções de voto. Em uma simulação de um segundo turno, Marina conquistaria 47% dos votos, contra 43% de Dilma. O Datafolha mostrou ainda que a aprovação do governo Dilma subiu 6 pontos percentuais, para 38%, em relação a última leitura.
A avaliação dos investidores é que a entrada de Marina Silva na corrida eleitoral pode levar o processo ao segundo turno. Para Tony Volpon, diretor executivo e chefe de pesquisas da Nomura Securities, é preciso avaliar com cautela o resultado da pesquisa, uma vez que a morte de Eduardo Campos ainda é muito recente, o que sugere que os eleitores poderiam ainda estar sob impacto da notícia. "De qualquer maneira, o início de um governo Aécio Neves ou Marina Silva teria um voto de confiança inicial, que facilitaria os ajustes da política econômica."
Volpon destaca que, por enquanto, a leitura do mercado é de que Marina Silva, se confirmada candidata à Presidência da República pelo PSB, deve adotar as posições macroeconômicas que vinham sendo defendidas por Eduardo Campos, que eram vistas como pró-mercado como a retomada do tripé macroeconômico ? baseado no regime de metas de inflação, câmbio flutuante e superávit primário ? e a defesa de um Banco Central independente. "A reação do mercado tem sido favorável, as pessoas estão dando um voto de confiança, mas se ela se consolidar como a favorita para ganhar a eleição terá que detalhar mais a sua política e quais as pessoas que irão compor sua equipe de governo."
Analistas destacam a credibilidade da equipe que está por traz da elaboração das propostas na área econômica do PSB, encabeçada por Eduardo Giannetti e André Lara Resende, que têm perfis mais próximos da equipe de Aécio Neves. 
Hoje, Eduardo Giannetti, um dos assessores na área econômica da candidata Marina Silva, afirmou que o tripé macroeconômico está "absolutamente fragilizado" e defendeu que o controle dos preços administrados no curto prazo é "danoso", durante evento em São Paulo, organizado pela Empiricus.
Na avaliação do economista-chefe para mercados emergentes da Capital Economics, Neil Shearing, os mercados financeiros ainda estão "incertos" sobre o que fazer com os resultados da pesquisa.
Shearing diz suspeitar, contudo, que o quadro que se desenha torna menos provável que a eleição seja um gatilho para reformas mais abrangentes e necessárias para reavivar a economia brasileira.
O economista diz que Marina Silva emerge com uma "influência maior" e que, ainda que não se saiba muito sobre suas prioridades para a economia, Marina "nunca mostrou apoio a profundas reformas agora necessárias". Shearing diz haver dúvidas sobre a capacidade da provável candidata na chapa do PSB de construir amplas alianças. "Claro que a política traz surpresas, mas, considerando o valor de face, a perspectiva de reformas radicais após as eleições parecem ter diminuído."
Para o estrategista sênior de câmbio do Scotiabank, Eduardo Suarez, no caso de uma vitória de Marina, um "elemento-chave" de seu sucesso será o apoio legislativo necessário para promover mudanças significativas. Suarez cita como argumento desfavorável a Marina sua menor experiência em "papéis de gerenciamento de governo". Do lado positivo, há a possibilidade de o PSB construir alguma unidade com o PSDB, o que ampliaria a base de apoio a Marina.
Ainda no mercado doméstico, o Banco Central seguiu hoje com suas intervenções e fez a rolagem de todos os 10 mil contratos de swap cambial tradicional que venceriam em 1º de setembro, cuja operação movimentou a US$ 493,8 milhões.
Dos 201.400 contratos (US$ 10,07 bilhões) com vencimento em 1º de setembro, ainda há 101.400 (US$ 5,07 bilhões) a serem renovados. A expectativa é que o BC complete a rolagem de até 95% do lote total.
Mais cedo, o BC vendeu todos os 4 mil contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão nesta segunda-feira, em operação que movimentou o equivalente a US$ 197,1 milhões.
Lá fora, os dólar operava em queda frente às principais moedas emergentes com um cenário externo mais calmo após o início das negociações em torno de um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia, que foi o argumento para o aumento do apetite por risco.
O dólar caía 0,18% diante da lira turca, 0,14% em relação ao peso mexicano e 0,13% frente ao peso chileno.
Investidores aguardam a divulgação amanhã do índice de inflação ao consumidor americano de julho e pelo início do simpósio anual de Jackson Hole, que contará na sexta-feira com um discurso da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen.

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