segunda-feira, 18 de agosto de 2014

ANÁLISE: Marina concretiza potencial eleitoral de Campos

Da FOLHA.COM
MAURO PAULINO,
Diretor-Geral do Datafolha
ALESSANDRO JANONI,
Diretor de Pesquisas do Datafolha


Marina Silva (PSB) ressurge como nome forte na corrida pelo Palácio do Planalto. Não só eleva de maneira expressiva a probabilidade de segundo turno, como ameaça a reeleição de Dilma Rousseff e impõe-se como alternativa da oposição.
Com a entrada da ambientalista na disputa, fica mais claro o espaço da chamada "terceira via" junto aos brasileiros na eleição presidencial. Especialmente entre os mais jovens e escolarizados, perfil predominante nas manifestações de rua em 2013.
A entrada de Marina não provoca uma diminuição nos apoios obtidos por Dilma e Aécio na pesquisa realizada em julho, ainda com Eduardo Campos, mas nota-se uma queda importante na taxa dos que não tinham candidato definido. Entre os que têm de 16 a 24 anos e os que possuem nível superior, por exemplo, os votos brancos ou nulos caem pela metade.
O potencial de crescimento que se verificava em relação a Campos vê-se parcialmente concretizado na figura de Marina, embalada principalmente pela imagem consolidada na eleição anterior e menos pela comoção causada pela tragédia.
E, pelos resultados, a ambientalista ainda não alcançou o teto de sua candidatura no primeiro turno. Em abril último, após exposição na mídia, ela chegou a 27% das intenções de voto. Hoje, no cálculo de seu potencial, há 8% de brasileiros que ainda não a escolhem, mas demonstram alta simpatia por seu nome. Em relação a Aécio, essa taxa é de 6%.
Caso Marina seja de fato candidata, o sucesso na comunicação com esses subconjuntos será determinante para definir a possível vaga no segundo turno.
Mas o tão citado discurso da mudança – que, a partir de amanhã, será onipresente no horário eleitoral - não deve se limitar à eleição presidencial. Pelos dados, o sentimento não é exclusivamente direcionado ao governo federal. Ele se espraia por outras esferas e instituições. Tem a mesma intensidade em relação aos governos estaduais e é ainda mais contundente quanto ao Congresso Nacional: nada menos do que 82% dos brasileiros querem mudanças em suas práticas.
O exemplo de Minas Gerais ilustra bem esse diagnóstico, onde, mesmo estimulados com os nomes dos candidatos ao governo, quase metade dos eleitores do Estado não escolhe nenhum deles.
Quando apresentados ao possível cenário de segundo turno entre Dilma e Marina, os moradores das capitais e regiões metropolitanas dão uma vantagem de 13 pontos à ambientalista. Separando-se apenas as cidades com mais de 500 mil habitantes, sua dianteira chega a 20 pontos. São os locais onde se concentram em maior proporção a insegurança, o pessimismo e o desencanto.
A repercussão da morte de Eduardo Campos parece lançar nova luz sobre essa decepção da opinião pública com as práticas de seus representantes. O representado quer ser ouvido e Marina é, neste reinício de campanha, a maior beneficiária desse sentimento.

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