quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

CASO PETROBRÁS: Eu preciso ser investigada, afirma presidente da Petrobrás

ESTADAO.COM.BR
FERNANDA NUNES E ANTONIO PITA - O ESTADO DE S. PAULO

Graça Foster confirma ter colocado o cargo à disposição e defende que ela e os demais diretores da estatal sejam submetidos à investigação: 'Não temos receio da verdade'
Rio - A presidente da Petrobrás, Graça Foster, confirmou na manhã desta quarta-feira, 17, que colocou seu cargo e de toda a diretoria à disposição da presidente Dilma Rousseff. Segundo ela, a decisão foi tomada diante do risco de que a permanência da diretoria inviabilizasse a aprovação do balanço da estatal, que pode não ficar pronto em janeiro. Durante um café da manhã com jornalistas, Graça defendeu que ela e a diretoria atual sejam investigados em razão dos desdobramentos da Operação Lava Jato e disse não ter "receio da verdade".
Graça afirmou ainda que as investigações Lava Jato, que apuram esquema de desvios de recurso público, parte envolvendo contratos da estatal, indicaram a necessidade de "uma sinalização positiva de que a diretoria está em condições, do ponto de vista de sua governança, de assinar o balanço". "Eu preciso ser investigada, os diretores, nós precisamos ser investigados. E para isso precisamos das auditorias internas. Eles chegam, entram na sua sala, abrem seus armários, pegam seus papéis, computadores. E isso é bom", afirmou Graça.                                                                                                                 
Presidente da Petrobrás, Graça Foster, participa de café da manhã com jornalistas 
A pressão para que Graça Foster deixe o comando da estatal aumentou após a revelação de que a presidente da estatal, Graça Foster, foi informada sobre irregularidades antes de virem à tona as investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Além de não terem sido tomadas providências em parte das denúncias da geóloga Venina Velosa da Fonseca, ex-gerente executiva da Diretoria de Abastecimento, a funcionária relatou ter sofrido represálias da antiga e da atual direção.
Nesta terça, em nota oficial, a Petrobrás colocou em xeque a versão apresentada pela ex-gerente e afirmou que as quatro mensagens enviadas por Venina a Graça e ao atual diretor de Abastecimento, José Carlos Cosenza, em abril de 2009, agosto e outubro de 2011 e em fevereiro de 2012 "não explicitaram irregularidades relacionadas " nos gastos de comunicação na diretoria de Abastecimento, em negociações de óleo combustível na Ásia e nas obras da Refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco.
Segundo Graça, a diretoria da estatal permanece "enquanto contar com a confiança da presidente e ela entender que devo ficar". Graça afirmou que conversou com Dilma "uma, duas, três vezes", mas que uma definição "é ela quem tem que falar". Sobre Venina, a presidente afirma que as revelações foram uma "retaliação" pelo fato de a ex-gerente ter sido afastada do cargo.
"A coisa mais importante para a diretoria é a Petrobrás, muito mais importante que o meu emprego. Temos discutido isso no conselho também, essa é a motivação de se discutir a conveniência de nossa permanência em função do balanço", disse a executiva. "Os funcionários, 85 mil funcionários, cobram que sejamos respeitados também pela governança", completou.
Segundo a executiva, a não apresentação do balanço não foi uma imposição da auditoria externa, PriceWaterhouse Coopers (Pwc). "Nós não estávamos prontos", afirmou durante coletiva de imprensa nesta manhã. "Os resultados das investigações tornaram evidente que nós precisamos fazer baixa no patrimônio líquido da companhia."
'Confortável'. A presidente da estatal afirmou estar "absolutamente confortável" para responder às investigações da Operação Lava Jato. A executiva, que em 2012 demitiu Paulo Roberto Costa da diretoria de Abastecimento, e também outros diretores alvos da investigação, disse também que à época "sabia o que incomodava" no "estilo de gestão" dos outros diretores.
A executiva foi questionada se já tinha indícios de irregularidades na empresa quando assumiu a presidência, em abril de 2012. Poucos meses após sua posse, Graça Foster demitiu o ex-diretor de abastecimento, Paulo Roberto Costa, e também Renato Duque, ex-diretor de Serviços, e Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional.
"Sabia o que me incomodava. São estilos de gestão diferentes. Não me metia no que estava sendo feito", afirmou a executiva. Segundo ela, a diretoria atual trabalha mais próxima e com "intromissão muito grande".
"Estamos diante de vocês por que não temos receio da verdade. Estamos absolutamente confortáveis, buscando na nossa memória as respostas para ser justo com as pessoas", complementou.
Impacto. Graça cobrou do governo federal um "posicionamento urgente" sobre a situação das empresas envolvidas nas investigações da Operação Lava Jato. Segundo ela, comprovadas as denúncias de corrupção, a estatal ficaria proibida de contratar as empresas que atuam nos principais estaleiros do País na construção de embarcações e plataformas para a Petrobras, o que poderia comprometer a produção da companhia.
"É urgente que o governo se posicione de alguma forma para resolver os impactos da operação lava jato no que se refere às empresas. Nós precisamos delas ou de licitações internacionais para que possamos atingir a curva de produção. Uma vez evidenciada uma série de fraudes e corrupção, não podemos contratá-las, essa é a grande ameaça à curva de produção", afirmou Graça Foster.

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