terça-feira, 12 de agosto de 2014

POLÍTICA: Júlio Delgado: Não dava para pensar em novo caso de corrupção do PT

Do blog do NOBLAT
Gabriel Garcia

O deputado federal Júlio Delgado (PSB-MG) carrega a fama de exterminador de petistas. Na semana passada, leu o relatório contra o deputado André Vargas (sem partido-PR), por seu envolvimento com o doleiro Alberto Youssef.
Júlio pediu a cassação de Vargas, expulso do PT em abril. Houve pedido de vista, mais prazo para análise do parecer.
Caso a perda de mandato seja aprovada na reunião do Conselho de Ética da Câmara prevista para acontecer em setembro, Vargas será mais um exterminado por Júlio, filho do candidato ao governo de Minas, Tarcísio Delgado (PSB). A decisão precisará ser referendada pelo plenário.
Foi Júlio quem relatou o processo, em 2005, que culminou com a cassação do ex-ministro José Dirceu, condenado pelo Supremo Tribunal Federal no esquema do mensalão.
De acordo com o relator do processo, não dava para imaginar que, nove anos após estourar o escândalo do mensalão, os petistas reeditariam “outro esquema tão pesado” de corrupção.
Tal esquema de lavagem de dinheiro, comandado por Youssef, movimentou mais de R$ 10 bilhões. E foi desvendado pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
O senhor acaba de relatar o processo que pediu a cassação do deputado André Vargas. Como vê a fama de exterminador de petista?
A fama é em função dos equívocos cometidos pelos petistas. Há nove anos, o ex-ministro José Dirceu, chefe da Casa Civil, sabia do esquema do mensalão. No caso do André, não imaginávamos que os petistas tentariam reestruturar outro esquema tão pesado. André levou o Youssef para Brasília para assinar contrato com o Ministério da Saúde, que só suspendeu as negociações com a empresa de fachada Labogen porque veio à tona a Operação Lava Jato. Eles são tão ousados que preparavam um segundo contrato, com a Caixa Econômica.
Ao final desses dois processos, qual dos dois o senhor preferiu relatar?
O caso do José Dirceu teve muito mais embate jurídico. Neste último caso, conseguimos nos proteger das tentativas de protelação judiciais impetradas pelos advogados do André Vargas, que tiveram menos êxito. Hoje, amadurecemos porque aperfeiçoamos o código de ética e decoro que, ao dar prazos e garantias, faz com que o processo termine.
O fato de a votação ser aberta praticamente define a perda do mandato de André?
Se a votação for em setembro, o presidente pode colocar para análise do plenário em um esforço concentrado. Se assim acontecer, o eventual impacto das eleições pode fazer com que a votação seja de uma forma. Se ficar para depois da eleição, vai depender do grau de renovação da Câmara. O voto aberto, independente do resultado, deixa claro como o representante de determinado eleitor viu o processo que desonrou a imagem do Parlamento.
A apresentação do relatório pela cassação não o beneficia eleitoralmente?
Os processos éticos e disciplinares dão pouco retorno eleitoral. Durante a instrução do processo, as pessoas diziam que eu estava querendo fazer uso eleitoral. Se eu fosse pensar assim, deixaria para ler meu voto no esforço concentrado de setembro.
O senhor, antes da apresentação do relatório, dizia que os fatos eram mais graves do que no caso do mensalão. Essas declarações não dão munição para o Vargas recorrer à Justiça?
Pessoas ligadas ao André falam do seu envolvimento com o doleiro. A Justiça sabe disso. Sobre a suspeição, participaram da votação 14 membros do Conselho, 11 votaram pela manutenção da minha relatoria, dois foram contra e houve uma abstenção. O relatório não tem brecha para que ele negue a relação com o Youssef. A prova maior foi um mimo de R$ 105 mil.
Outros deputados, como o Cândido Vaccarreza, são mencionados em seu relatório. Eles não precisam ser investigados pelo Conselho de Ética?
A deputada Rosane Ferreira (PV-PR) entrou na Comissão de Seguridade Social com pedido contra o ex-secretário do Ministério da Saúde Carlos Gadelha e o ex-ministro Alexandre Padilha. Ficou comprovada a relação da Labogen com o Ministério da Saúde. Houve tráfico de influência no ministério, com conhecimento das hierarquias superiores. Sobre os outros deputados mencionados pela Polícia Federal, tem que haver providência.
No decorrer da análise do caso, o senhor verificou algum ponto que a polícia precisa avançar nas investigações?
Os processos estão instaurados. Todos os personagens envolvidos, que não têm foro privilegiado, respondem a ações criminais na Justiça do Paraná. Tem uma relação do Youssef com o Paulo Roberto, que era diretor da Petrobras, na evasão de divisas. Vou oferecer para o Supremo o meu parecer.
Por que a punição ao André Vargas foi diferente da do deputado Carlos Leréia, que apenas foi suspenso apesar de seu envolvimento com o bicheiro Carlinhos Cachoeira?
São casos distintos. O Leréia disse que conhecia e era amigo do Cachoeira. Mas não ficou provado que Leréia usou espaços no governo de Goiás para favorecer o Cachoeira. Quem evoluiu o processo do Ministério da Saúde com a Labogen foi o senhor André Vargas.

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