quinta-feira, 14 de agosto de 2014

ELEIÇÕES: Caciques do PSB se reúnem em SP para definir rumo de candidatura

De OGLOBO.COM.BR
POR MARCO GRILLO / PAULA FERREIRA / JULIANNA GRANJEIA / FLÁVIO ILHA / SÉRGIO ROXO, ENVIADO ESPECIAL

Para nome forte do partido, Marina Silva seria a escolha de Eduardo Campos
Deputado Júlio Delgado (PSB-MG) participou de reunião com a cúpula do partido - Ailton de Freitas/09-04-2014 / Agência O Globo
RIO, SÃO PAULO, PORTO ALEGRE, BRASÍLIA, RECIFE E TERESINA — Caciques do PSB se reuniram na manhã desta quinta-feira em São Paulo para discutir os rumos do partido na campanha presidencial e definiram que qualquer decisão a respeito do futuro da sucessão presidencial só será anunciada oficialmente depois do sepultamento de Eduardo Campos.
O presidente nacional do partido, Roberto Amaral, o líder no Senado e candidato ao governo do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), o líder na Câmara, Beto Albuquerque (PSB-RS), o presidente do partido no Rio, deputado Gláuber Braga e o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) estão na capital paulista. Roberto Freire, presidente nacional do PPS, um dos partidos que compõem a chapa, também está em São Paulo.
Após o encontro, Delgado e o ex-ministro Fernando Bezerra seguiram para o Instituto Médico Legal (IML) para acompanhar a liberação do corpo de Eduardo Campos, que morreu na manhã de quarta-feira, vítima de um acidente de avião em Santos, no litoral paulista.
Júlio Delgado afirmou que Eduardo Campos, caso estivesse vivo, gostaria de ver Marina Silva candidata. A ex-senadora, vice na chapa da coligação "Unidos pelo Brasil" (PSB, PPS, PHS, PRP, PPL, PSL, além da Rede), ainda não se posicionou sobre o assunto.
— É um sentimento que tenho (de que Eduardo gostaria de ver Marina candidata), pela relação que eles construíram ao longo dos últimos meses — afirmou, por telefone, o deputado, presidente do PSB em Minas Gerais e integrante do Diretório Nacional do partido.
CANDIDATA "NATURAL"
A opinião é compartilhada por Beto Albuquerque, que considera a candidatura de Marina "natural".
— Não sabemos exatamente qual será o destino (da candidatura). Temos que conversar internamente, ver a disposição de um ou de outro, nossos aliados também, saber o que estão pensando. Não sei se a Marina, que é nossa grande companheira, aceita ou não (a candidatura). Não a consultamos, não tivemos nenhum diálogo ainda. O nome dela, num primeiro momento, parece ser natural. Mas num abalo desses a gente não sabe o que está passando na cabeça de cada um — disse o deputado, ressaltando que o PSB vai "honrar o legado de Campos". — A chama que ele acendeu, e que não era pequena no Brasil, estava crescendo muito. Essa chama, não vamos deixar apagar. Vamos honrar esse legado do Eduardo, não vamos deixar a peteca cair.
Outro nome presente à reunião, Rollemberg também citou a candidatura de Marina como o cenário mais provável.
— O que a gente acertou é que qualquer desdobramento será depois do sepultamento do Eduardo. Claro que é natural que seja Marina (a candidata), mas esse não é o momento de falar nisso — disse Rollemberg, emocionado.
Ex-senador e candidato a deputado federal no Piauí, Heráclito Fortes (PSB) foi além. Segundo ele, a candidatura de Marina à Presidência e a de Roberto Freire para a vice-presidência são "naturais".
— Se Marina Silva podia ser a vice-presidente, também pode ser a presidente. O lógico que o nome seja o de Marina e acho que o nome natural é o do Roberto Freire (para a vice), porque ele já foi senador, foi deputado federal por Pernambuco, é deputado por São Paulo. É um nome que o Brasil conhece — disse Heráclito.
O prazo do partido para resolver a questão é apertado. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estipula um prazo de dez dias para a definição sobre a candidatura, mas a agenda é ainda mais apertada, já que a campanha na televisão começa na próxima terça-feira.
NOME ESPECULADO
Por telefone, a secretária de Roberto Amaral afirmou que o vice-presidente do partido estava em reunião. O deputado Júlio Delgado (PSB-MG), um dos nomes influentes do partido e ventilado como um possível candidato a vice-presidente, nega que a sucessão presidencial esteja na pauta do encontro.
— Estou aqui com o (Rodrigo) Rollemberg, o Beto (Albuquerque) e o Roberto Amaral e não existe essa discussão. Estamos aqui para prestar as últimas homenagens ao nosso grande irmão, o Eduardo — afirmou.
Questionado se aceitaria uma indicação do partido para a vice-presidência da chapa, o deputado desconversou.
— Não existe essa especulação, em momento nenhum isso foi conversado. Não vou falar sobre o futuro, porque o presente é a dor.
Delgado, candidato à reeleição para deputado federal, ressaltou que ainda é cedo para o partido tomar alguma decisão.
— O abalo do pessoal ligado ao Eduardo é muito grande. Não existe posicionamento, batida de martelo. Primeiro, estamos pegando energia. O que eu tenho é um sentimento (sobre Marina), mas não é uma deliberação e nem uma decisão partidária. O que pode acontecer (alguma posição do partido) é em Recife, após o sepultamento, porque, por enquanto, não tem a menor condição. Hoje, nada acontece, isso eu posso garantir — afirmou o deputado, destacando que não é nenhuma reunião partidária agendada para debater o assunto.
FUTURO DE MARINA NA ELEIÇÃO
Há muitas questões a serem acertadas entre PSB e Rede antes de uma decisão sobre o futuro de Marina. Uma preocupação por parte de lideranças do PSB é com relação às alianças feitas por Eduardo Campos em alguns estados e que não tiveram o apoio de Marina, como no caso de São Paulo. No estado, o PSB se aliou ao PSDB, por exemplo. Muitos no PSB se perguntam se a vice vai manter esses acordos políticos.
Outra preocupação é com o futuro de Marina no PSB no caso de uma vitória nesta eleição. Há quem diga que o partido pode ganhar a Presidência da República, mas não levá-la. A ex-senadora repetiu inúmeras vezes nos últimos meses que, no ano que vem, voltará a se empenhar na criação do seu partido, a Rede Sustentabilidade. No processo de aliança e filiação, havia o compromisso de permitir a saída de Marina e de seus aliados em 2015.
Apesar da aliança com Campos, Marina ainda mantém grande distância da maioria dos integrantes do PSB. Campos era o principal elo dela com a legenda. A ex-senadora discordava das alianças feitas nos principais estados. Para se ter uma ideia, desde o início oficial da campanha, a candidata a vice não fez nenhuma atividade de rua ao lado de Campos nos 13 estados em que o seu grupo e o PSB não chegaram a um acordo sobre as candidaturas estaduais. Nesse locais, a campanha conjunta se resumiu a reuniões fechadas.
Um outro ponto é que todo o núcleo central da campanha era formado por homens de confiança de Campos, muitos deles oriundos de Pernambuco. É o caso, por exemplo, do tesoureiro da campanha Henrique Costa, amigo do ex-governador. O partido surpreendeu ao declarar na primeira prestação de contas uma arrecadação de R$ 8,2 milhões. A coordenação do programa de televisão estava a cargo do argentino Diego Brandy, que trabalhou nas duas campanhas ao governo de Pernambuco de Campos.
Embora considerada neste momento remota, existe a possibilidade de descartar Marina na cabeça de chapa e optar por um outro nome. O partido não possui nenhuma liderança que lidere uma eleição majoritária em estado importante. Abaixo de Campos, os principais nomes da legenda são o senador Rodrigo Rollemberg (DF), candidato a governador do Distrito Federal, e os deputados federais Márcio França, candidato a vice de Geraldo Alckmin em São Paulo, Beto Albuquerque, candidato ao Senado no Rio Grande do Sul, e Julio Delgado (MG).
No caso da escolha de um novo nome, o partido também corre o risco de ver a debanda de Marina e seu grupo, o que enfraqueceria o projeto presidencial
DOCUMENTOS ENCONTRADOS
Durante a madrugada, bombeiros localizaram a carteira de Eduardo Campos, com uma série de documentos, na área atingida pela quada do avião, na manhã de quarta-feira. Durante a manhã desta quinta, o prefeito de Recife, Geraldo Júlio, e o presidente do PSB em Pernambuco, Sileno Guedes, estiveram na casa da família de Campos, no bairro Dois Irmão. Geraldo Júlio afirmou que Campos é o maior líder político que ele já conheceu.
(Colaborou Efrém Ribeiro)

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