terça-feira, 26 de agosto de 2014

COMENTÁRIO: Um foguete chamado Marina

 Por NATUZA NERY - FOLHA.COM

Quem olha as pesquisas internas dos partidos, os chamados "trackings", normalmente solta um palavrão, tamanha é a surpresa com o rápido crescimento de Marina Silva nas sondagens.
Para manter o nível desta coluna, melhor descrever como "susto" a reação dos generais das campanhas ao ver a escalada da nova candidata.
Mais do que a disparada, Marina Silva reorganiza a identidade da campanha. As pesquisas qualitativas sinalizam isso: Marina tem cara de povo, quase um Lula de saias; Aécio é, por vezes, associado a "doutor". Dilma, em diversas referências, é descrita como uma "patroa brava".
É nas chamadas salas de espelho (aquele formato no qual um grupo de eleitores analisa o perfil dos candidatos com uma equipe a monitorá-los secretamente por detrás do vidro) que essas percepções são flagradas.
O método não tem valor científico, mas costuma mostrar tendência e capturar sentimentos difusos. Tanto é assim que até mesmo os programas do horário eleitoral gratuito passam pelo crivo desses grupos.
O slogan "deixa o homem trabalhar", usado em 2006 para reeleger Lula, foi criado após uma sala de espelho.
Nas qualitativas, quase não há resistências à imagem de Marina. Tudo o que ela fala, mesmo que não diga religiosamente nada, soa bonito e honesto. Um desafio para PT e PSDB.
Desconstruir esse personagem será a obsessão dos adversários. Mas se um deixar para o outro o trabalho sujo de atacar a concorrente da terceira via, o foguete chamado Marina corre o risco de romper a estratosfera.
Tudo indica, porém, que que ela não desfilará, solene e protegida, pela passarela da eleição. Haverá petardos e muitas caneladas.
E é bom um alerta: que a presidenciável não confunda sua popularidade com escudo ao contraditório.
Marina Silva foi candidata em 2010, mas seu estilo de vida, suas ideias e suas relações ainda precisam ser escrutinados. Há quatro anos, a ex-senadora não era alvo dos demais. Agora, está no jogo.
Os números mostram que ela veio para competir como gente grande. 
Natuza Nery é repórter especial. Na Sucursal de Brasília, é uma das responsáveis pela cobertura do governo federal e do Congresso Nacional. No exterior, realizou coberturas como a do terremoto que devastou o Haiti em 2010 e da indicação de Barack Obama à Casa Branca em 2008.




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