De OGLOBO.COM.BR
RAMONA ORDOÑEZ
Resultados serão divulgados amanhã. Mercado espera lucro de R$ 3 bi a R$ 5 bi, abaixo do mesmo período do ano passado (R$ 7,7 bi)
Defasagem de preços, queda da produção e valorização do dólar teriam pressionado resultados da companhia
Defasagem do preço dos combustíveis provocou perdas de R$ 1 bilhão na Petrobras no quatro trimestre, segundo cálculos do CBIE Gabriel de Paiva/30-01-2013
RIO - A defasagem dos preços dos combustíveis, somada à queda na produção de petróleo e à alta da cotação do dólar frente o real, fazem com que o mercado não espere um resultado excepcional da Petrobras no quarto trimestre de 2013, a ser divulgado na noite desta terça-feira. O lucro líquido da companhia deve ficar entre R$ 3 bilhões e R$ 5,5 bilhões, segundo projeção de especialistas, o que representaria uma queda de 28% a 60% em comparação ao mesmo período do ano anterior (R$ 7,7 bilhões).
Se os resultados a serem anunciados ficarem dentro das expectativas dos especialistas, o lucro líquido da Petrobras pode ficar entre R$ 20 bilhões a R$ 23 bilhões no acumulado do ano passado. Em 2012, a companhia lucrou R$ 21,18 bilhões, uma queda de 36% em relação ao ano anterior e o pior resultado em oito anos, pressionada também pela defasagem dos combustíveis e o câmbio.
Segundo cálculos do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a Petrobras trabalhou com uma defasagem média dos preços da gasolina em torno de 10,8% em relação ao mercado internacional no quarto trimestre do ano passado. Já os preços do diesel estavam 16,7% mais baixos no quatro trimestre de 2013.
O diretor do CBIE Adriano Pires acrescenta que a situação da Petrobras até melhorou no quarto trimestre do ano passado com o reajuste anunciado em 29 de novembro, de 4% para a gasolina e 8% para o diesel. No terceiro trimestre, a defasagem estava maior: chegou a ser de 21% para os dois combustíveis.
‘Câmbio pode ter impacto considerável nos custos’
A economista Paula Barbosa, especialista em óleo e gás, também não espera um resultado excepcional para a Petrobras. Ele acrescenta que a variação do câmbio foi de 6,5% no quatro trimestre do ano passado, o que pode ter “um impacto considerável na estrutura de custos da Petrobras”.
- Essa variação do câmbio contribui para puxar o resultado da empresa ainda um pouco mais para baixo, junto com a produção 2,5% menor. Os preços dos combustíveis também pesam. Estão de 5% a 10% abaixo do necessário para a empresa - disse Paula.
A economista acrescentou que, sem poder reajustar a gasolina e o diesel, a Petrobras tem elevado os preços de outros produtos que não afetam diretamente o índice de inflação. Entre os setores que já se reclamaram estão a industria de papel e celulose (por causa dos reajustes de solventes e ureia) e navios de cabotagem (sobre os reajustes dos preços do bunker, óleo combustível de navio).
Pelos cálculos do CBIE, a Petrobras teve uma perda de R$ 1 bilhão com a importação de gasolina e diesel no quatro trimestre do ano passado, considerando o valor gasto e a receita obtida com a venda no mercado interno.
Expectativa de alta da produção este ano
Adriano Pires diz que o resultado poderá vir um pouco melhor porque no quatro trimestre deverão ser contabilizados os US$ 2,6 bilhões que a companhia recebeu pela venda de 100% dos ativos que possuía no Peru para a chinesa National Petroleum Corporation (CNPC).
Já Paula Barbosa lembra que a situação da companhia deve começar a melhorar a partir deste ano com o aumento da produção de petróleo:
- A expectativa do mercado é que este ano a produção volte a crescer finalmente, porque os resultados operacionais têm deixado muito a desejar. A empresa já não conseguiu emplacar sua nova política de reajustes de preços automáticos. Mas é preocupante ver que o reajuste dos combustíveis não tenha conseguido resolver a situação da companhia.
O balanço da Petrobras, que vai ser divulgado amanhã, estava previsto para ser publicado em 14 de fevereiro, uma sexta-feira, mas data acabou sendo trocada. Também amanhã a empresa vai divulgar seu Plano Estratégico 2030.
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