terça-feira, 28 de janeiro de 2014

ECONOMIA: Na expectativa de que BC dos EUA reduza estímulos à economia, dólar fecha a R$ 2,42

De OGLOBO.COM.BR
JOÃO SORIMA NETO (EMAIL)
COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Mercado estima que Federal Reserve poderá cortar compra de ativos em mais US$ 10 bilhões - de US$ 75 bilhões mensais para US$ 65 bilhões
Ibovespa sobe 1,6%, mas perde força e encerra com alta de 0,29%, abaixo do patamar dos 48 mil pontos
SÃO PAULO - Depois de ter permanecido em queda a maior parte do dia, o dólar comercial inverteu o sinal e fechou a sessão desta terça-feira em leve alta. A moeda americana se valorizou 0,08%, sendo negociada a R$ 2,425 na compra e R$ 2,427 na venda, renovando a máxima desde o dia 22 de agosto passado. Os investidores estão cautelosos à espera da decisão do Federal Reserve (o banco central americano) sobre a redução dos estímulos à economia dos EUA. A reunião começa hoje e termina amanhã.
Na máxima do dia, a divisa alcançou R$ 2,431 (alta de 0,24%) e na mínima foi negociada a R$ 2,405 (queda de 0,82%).
As apostas do mercado são de que o Fed promoverá um novo enxugamento de US$ 10 bilhões na compra mensal de títulos, passando dos atuais US$ 75 bilhões para US$ 65 bilhões. Em relação aos juros americanos, não se esperam surpresas: o Fed deve manter a taxa entre zero e 0,25% ao ano.
Para o economista Sidnei Nehme, da corretora NGO, se o banco central americano reduzir em mais US$ 10 bilhões os estímulos, nesta quarta, haverá novo impacto na liquidez internacional, com menor oferta de dólares. Isso trará desconforto aos países emergentes, na avaliação do economista, com o dólar podendo chegar a R$ 2,45 frente ao real, no fim desta semana. Para ele, no fim do primeiro trimestre, a moeda americana estará no patamar de R$ 2,50.
- A decisão do Fed vai provocar uma desvalorização mais forte nas moedas dos países com fundamentos econômicos mais vulneráveis. Por isso, no Brasil, está aberta a janela para que o dólar chegue a R$ 2,45 nesta semana - diz Nehme.
Para ele, a expectativa de que o Fed confirme a redução dos estímulos já levou o dólar de volta ao patamar de R$ 2,42 hoje, a despeito das intervenções do Banco Central.
O BC fez dois leilões nesta terça. No primeiro, foram ofertados quatro mil novos contratos, o equivalente a US$ 197,2 milhões. No segundo, foram rolados 20,5 mil contratos que vencem em 3 de fevereiro, totalizando US$ 1 bilhão. Com a rolagem de hoje, o BC concluiu a renovação do lote de US$ 11 bilhões que vencia no dia 3 de fevereiro. O próximo lote vencerá no dia 5 de março e totaliza US$ 7,3 bilhões.
Segundo Michael Carey, economista chefe do banco Crédit Agricole na América do Norte, "apesar do possível choque desestabilizador dos mercados financeiros globais, especialmente nos países emergentes, acreditamos que as compras de ativos devem sofrer um novo corte".
Banco centrais de países emergentes reagem
O dólar recuou hoje pela manhã, segundo analistas, com um certo alívio na aversão do mercado em relação aos ativos de países emergentes. Os bancos centrais dessas nações atuaram para acalmar os investidores. O BC da Índia surpreendeu o mercado elevando sua taxa de juro em 0,25 ponto percentual, para 8% ao ano. Já o Banco Central da Turquia convocou uma reunião de política monetária de emergência para hoje e, segundo analistas, também deve promover uma alta dos juros. Amanhã é a vez do Banco Central da África do Sul se reunir.
No Brasil, o BC elevou a taxa básica de juro de 10% para 10,5% ao ano, no início de janeiro. O governo também deve anunciar um corte de R$ 30 bilhões no Orçamento para acalmar os mercados, segundo reportagem publicada no GLOBO.
- Essas respostas dos emergentes ajudaram a sustentar os ganhos nas bolsas europeias e promover alguma recuperação das moedas ligadas a commodities pela manhã, incluindo o real. Entretanto, essa situação era muito frágil e acabou sendo revertida ao longo do pregão com a expectativa pela reunião do Fed - avalia João Paulo de Gracia Côrrea, gerente de câmbio da corretora Correparti.
No mercado de juros futuros, as taxas dos contratos de Depósitos Interfinanceiros (DIs) seguem também próximas da estabilidade. O contrato com vencimento em janeiro de 2015 tinha estabilidade em 11,20%, com volume de R$ 17,2 bilhões e o contrato com vencimento em janeiro de 2017 subia de 12,71% para 12,75%, com giro de R$ 13,3 bilhões.
Ibovespa sobe mais de 1%
Depois de subir 1,6% pela manhã, o Ibovespa, principal índice de ações da Bovespa, perdeu força durante a tarde e fechou com ganho de 0,29%, abaixo da linha dos 48 mil pontos. O índice encerrou aos 47.840 pontos e volume negociado de R$ 5,2 bilhões. O baixo volume negociado indica que os investidores estão evitando assumir posições mais arriscadas antes da decisão do Federal Reserve. O Ibovespa encerrou uma sequência de três quedas consecutivas e foi puxado pela alta das ações da Vale. A valorização só não foi maior porque as ações da Petrobras perderam força durante o dia.
Os papéis PNA da Vale subiram 1,19% a R$ 28,92 . Já os papéis preferenciais da Petrobras se desvalorizaram 0,39% a R$ 15,06.
Os papéis de bancos também subiram. As ações preferenciais do Itaú Unibanco ganharam 0,70% a R$ 30,08, enquanto os papeis PN do Bradesco se valorizaram 0,07% a R$ 26,59.
- Além do clima mais tranquilo em relação aos emergentes no exterior, também houve um movimento dos investidores para tentar recuperar parte das perdas do mês na Bolsa, que já superam a 7%. Também as ações da Vale acabam sendo beneficiadas pela alta do dólar, já que exportam parte de sua produção - diz o operador de uma corretora de São Paulo.
As ações da B2W, loja de varejo eletrônico, têm mais um dia de alta. Os papéis subiam 10,98% no início da tarde a R$ 24,36, depois de terem se valorizado 41,6% no pregão de ontem. O papel sobe após a informação de que a empresa receberá uma capitalização de até R$ 2,38 bilhões, liderada pelas controlada Lojas Americanas e pelo fundo americano Tiger Global. Os papéis se aproximam do valor de R$ 25 a que nova ação será subscrita na operação.
Bolsas da Ásia fecham sem tendência definida
Na Europa, as Bolsas fecharam em alta, enquanto nos Estados Unidos os principais índices acionários também se valorizam, repercutindo novos números da economia americana divulgados hoje. O índice de confiança do consumidor americano medido pelo Conference Board subiu para 80,7 pontos em janeiro, de 77,5 pontos em dezembro. Analistas previam que o índice recuasse para 77,5 pontos em janeiro. E a atividade industrial da região de Richmond, nos Estados Unidos, melhorou em janeiro, mas em ritmo menos acentuado que em dezembro. O índice calculado pela unidade regional do Federal Reserve e Richmond caiu de 13 para 12 pontos em janeiro ante dezembro.
O dado mais fraco veio das encomendas de bens duráveis. O Departamento do Comércio informou que as encomendas de bens duráveis tiveram queda de 4,3% em dezembro, pressionadas pela fraca procura por equipamentos de transporte, metais primários, computadores, bens eletrônicos e bens de capital. A queda do mês passado foi a maior desde julho e reverteu a alta de 2,6% em novembro. Economistas consultados pela agência de notícias Reuters esperavam que as encomendas tivessem aumento de 1,8% em dezembro.
Na Ásia, as Bolsas fecharam sem tendência única, depois que o Banco do Povo da China (Pboc, o banco central do país) voltou a injetar recursos no sistema financeiro diante de um novo aumento nas taxas locais de juro interbancário. O Pboc emprestou 150 bilhões de iuanes (US$ 24,8 bilhões) aos bancos do país por meio de uma operação compromissada de duas semanas, mas ainda assim a taxa de juro para empréstimos de uma semana saiu de 4,69% ontem para 4,96% hoje. Os investidores também aguardam o fim da reunião do banco central americano.
Na China, o índice Hang Seng caiu 0,07%, para 21.960,64 pontos, enquanto o Xangai Composto avançou 0,26%, a 2.038,51 pontos.

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