terça-feira, 8 de outubro de 2013

NEGÓCIOS: OGX se reúne com credores nos EUA e busca empréstimo emergencial

Do UOL

Representantes da empresa petrolífera brasileira OGX (OGXP3), de Eike Batista, se reuniram nesta segunda-feira com credores dos Estados Unidos, em Nova York, na tentativa de negociar rapidamente o seu resgate, disseram à agência de notícias Reuters fontes próximas à negociação, que pediram para não serem identificadas por se tratar de uma discussão sigilosa.
Ao mesmo tempo, segundo as fontes, bancos correm para arranjar um empréstimo emergencial para a companhia, caso não haja acordo.
Os credores deveriam se reunir com um novo time de assessores de Eike Batista. O objetivo é evitar um pedido de recuperação judicial -a antiga concordata-, que pode ser feito já neste mês, segundo as fontes.
Na semana passada, a OGX informou que está avaliando todas as opções possíveis para proteger seu patrimônio e continuar ativa.
A empresa já procurou o Goldman Sachs, o Barclays e o Credit Suisse para obter um empréstimo conhecido pela sigla DIP (debtor in possession, em inglês).
A OGX tomou essa iniciativa depois de não ter conseguido convencer seus acionistas a fazerem um novo aporte até que a empresa comece a produzir gás e petróleo em seus campos, segundo as fontes.
A quebra da OGX levaria ao maior calote empresarial já ocorrido na América Latina, envolvendo títulos no valor total de US$ 3,6 bilhões, segundo dados da agência de notícias Thomson Reuters.
Se a Justiça brasileira aprovar um pedido de recuperação judicial da OGX, a empresa terá 60 dias para negociar com seus credores e apresentar um plano de reestruturação.
A OGX já deixou de pagar obrigações da dívida no valor de US$ 44,5 milhões que venceram em 1º de outubro, e disse que tampouco fará o pagamento num prazo adicional de 30 dias.
A Pacific Investment Management Co, conhecida como Pimco, maior fundo de renda fixa do mundo, e a BlackRock, maior gestora de capitais do mundo, estão entre os credores que podem perder milhões de dólares em caso de calote da OGX.
Os investidores também temem que uma disputa judicial prolongada esteja se avizinhando no Brasil, onde recentes processos de recuperação judicial e reestruturação de dívida acabaram prejudicando os detentores de títulos.
A OGX não quis se pronunciar. As empresas Angra Partners, Blackstone Group e Lazard, que prestam consultoria financeira à OGX, também não responderam a repetidos pedidos para comentarem o assunto.
Os bancos Goldman, Credit Suisse e Barclays também não se manifestaram.
Tipo de empréstimo é pouco comum no Brasil
Embora os empréstimos DIP sejam comuns nos EUA, as fontes ouvidas pela agência de notícias Reuters disseram que os bancos de Nova York estão desconfortáveis com a falta de precedentes para esse mecanismo no Brasil.
Nos EUA, os empréstimos DIP são os primeiros a serem honrados -por isso, eles tendem a ser comuns em processo de recuperação judicial, e são vistos como responsáveis por evitar a liquidação expressa de empresas, com consequências ruins para seus empregados.
O empréstimo do tipo DIP é quase inédito no Brasil. Um caso recente foi do frigorífico Independência SA, que emitiu US$ 261 milhões em títulos depois de ter entrado em um processo de recuperação judicial, em 2009. A empresa foi adquirida em janeiro pela JBS (JBSS3), maior produtora mundial de carnes, mas o processo de recuperação judicial ainda não foi concluído.
A lei brasileira não garante aos credores DIP as mesmas proteções da lei norte-americana, e os consultores precisam apresentar manobras criativas para obter empréstimos durante um processo de recuperação judicial, segundo Bill Govier, advogado da Lesnick Prince Pappas, em Los Angeles, e especialista em reestruturações empresariais na América Latina.
"É duro ser a cobaia nessas situações", disse uma das fontes.
A OGX está rapidamente desinvestindo seu patrimônio, abandonando licenças de exploração e reduzindo seus gastos de capital, para tentar focar nos negócios mais lucrativos.
Eike, que há apenas um ano era o homem mais rico do Brasil e o sétimo mais rico do mundo, com uma fortuna de quase US$ 35 bilhões, enfrenta agora falta de capital, acúmulo de dívidas e a desconfiança dos investidores, o que o obriga a desmantelar seu conglomerado EBX, com atuação nas áreas de mineração, energia e logística, entre outras.
Quebra da OGX poderia levar junto a OSX
A OGX, Eike e os credores atualmente negociam para impedir o colapso da empresa, o que também poderia arrastar a empresa de construção naval OSX Brasil (OSXB3), controlada pelo empresário e credora da OGX, por equipamentos fabricados e alugados para a petrolífera.
A OSX já foi informada de que não receberá pagamento pelos navios, segundo relato de outra fonte à Reuters.
Outra fonte disse ainda que, embora a OGX não tenha o patrimônio necessário para evitar a concordata, a OSX poderá ser salva.

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