quinta-feira, 10 de outubro de 2013

COMENTÁRIO: Inocentes, não são. Úteis, sim.

Por Pedro Simon - JB.COM.BR

O inocente útil é uma conhecida personagem da narrativa política. Serve para identificar aqueles que seguem opiniões, teses ou ideologias sem a necessária reflexão sobre as consequências de seu gesto. A lembrança dessa expressão surge a propósito da atuação dos ‘Black Blocs”, espécie de tropa de choque que se autodefine como anticapitalista. Surgiram em 1980 na Alemanha, e ficaram conhecidos no mundo todo e, também, no Brasil, por um truculento e característico método de ação: infiltram-se em manifestações pacíficas para acabar com elas, promover atos de vandalismo e semear o medo.
Dessa forma, ao mesmo tempo em que prestam um serviço útil aos incomodados pelos protestos, esvaziando as ruas, contribuem para acobertar a ação de extremistas de direita, interessados em criar um clima de terror que afasta a população e os movimentos sociais das mobilizações. Ao lado desses dois grupos antidemocráticos, bandos de criminosos comuns aproveitam a confusão para saques e roubos.
Um cidadão entrevistado por uma rede de televisão no Rio de janeiro constatou, com tristeza, que “estamos começando a nos acostumar com esse cenário de destruição, a cada manhã”. De fato, diariamente, somos bombardeados com notícias de atos públicos que descambam para o quebra-quebra e confrontos violentos com a polícia.
Uma situação de medo e incerteza coletiva pode gerar soluções antidemocráticas, limitadoras das liberdades públicas. Um delegado de polícia de São Paulo decidiu enquadrar dois membros do grupo “Black Blocs” na Lei de Segurança Nacional. Nosso código penal é perfeitamente capaz de dar conta desse assunto, sem a necessidade de recorrer a uma legislação cuja origem é o regime ditatorial que vigorou por duas décadas no país.
Já vimos esse filme antes, e nossa própria história está recheada de exemplos de escaladas dessa ordem com desfechos conhecidos e indesejados. Vivemos, atualmente, um período extremamente importante da política nacional. Falta exatamente um ano para as eleições presidenciais que serão das mais disputadas. Nessa hora, é grande a responsabilidade dos democratas brasileiros. 
*Pedro Simon é senador da República pelo PMDB-RS.

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