quarta-feira, 31 de julho de 2013

POLÍTICA: Leitura política e econômica de uma entrevista - I

Do POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL

A entrevista concedida pela presidente Dilma Rousseff à Folha de S.Paulo, publicada neste último domingo, é muito ilustrativa para o delineamento do provável rumo político e econômico do país nos próximos meses. De fato, a presidente confundiu convicções sobre princípios políticos com convicções sobre medidas políticas (e econômicas). Os primeiros dizem respeito à necessária visão republicana da política. Já as segundas dizem respeito à condução de certas políticas de governo. Ora, a confusão dos dois conceitos pela presidente resulta num quadro preocupante no qual se combinam diagnósticos errados sobre a condução do governo com soluções inadequadas. Vejamos algumas das conclusões extraídas da entrevista presidencial e os aspectos que devem prevalecer nos próximos meses nas decisões governamentais :
1. Inflação: não há grandes riscos para a alta dos preços. A meta de inflação é secundária na gestão da política monetária. Basta ver que FHC não a cumpriu quase sempre ;
2. Política fiscal: a execução fiscal não é problemática e não deve haver maiores contenções dos gastos públicos. Além disso, não vê a presidente risco fiscal devido à redução da atividade econômica ;
3. Câmbio: um problema incontornável, não há o que fazer, pois é fruto das intempéries externas ;
4. Guido Mantega: o homem certo no lugar certo suportado por uma lealdade canina do Planalto ;
5. Base aliada: será mantida, basicamente, às custas dos 39 ministérios e, nas demandas pós-manifestações juninas, precisa ser "submetida ao povo", via plebiscito ;
6. Ministros e ministérios: são auxiliares sem poder de decisão e cobrados na medida da capacidade e intensidade de trabalho da presidente ;
7. Empresários e setor privado: não são aliados, mas apenas a outra parte de um processo negocial ;
8. Lula: um copresidente com o qual as divergências são normais (e antigas, desde 2005 quando era ministra da Casa Civil). Assim sendo, não precisa voltar porque não saiu ;
9. Investimentos: precisam crescer e, para isto, na essência, dependem do impulso estatal. Os leilões e concessões que devem ocorrer no segundo semestre vão dar este impulso ;
10. Controle da mídia: a questão é controlar as empresas e não a opinião das empresas, mas ainda não se sabe como fazê-lo. Mas, será feito (um dia ?)

Leitura política e econômica de uma entrevista - II
A entrevista da presidente joga um balde d'água fria na expectativa de que existam substanciais alterações na política e na economia nos próximos meses. Isso dependerá muito mais da evolução dos fatos do que da percepção da presidente. Esta última parece obscurecida por uma mistura de arrogância pessoal combinada com teimosia e miopia política. Se houver mudança por força dos fatos, esta será feita contrariando o desejo e o humor da presidente e não como resultado do natural processo político de reavaliação pelo qual "mudam os fatos, mudo de opinião". Com efeito : a perda de legitimidade política do governo, fruto da queda de popularidade, tornará a política e a economia muito mais arriscadas em função da visão de Dilma. As notas a seguir mostram um pouco dos riscos à vista.

Comentários:

Postar um comentário

Template Rounders modificado por ::Power By Tony Miranda - Pesmarketing - [71] 9978 5050::
| 2010 |