segunda-feira, 1 de julho de 2013

MUNDO: Governo egípcio enfrenta ultimatos de militares e de manifestantes

De OGLOBO.COM.BR
COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Chefe das Forças Armadas anunciou que políticos têm 48 horas para resolver a crise do país
Manifestantes afirmam que Mursi tem até a terça-feira para apresentar sua renúncia
Fogos são lançados na sede da Irmandade Muçulmana no Cairo - Brian Rohan / AP
CAIRO - O governo islamista de Mohamed Mursi enfrenta um duplo ultimato no Egito. O chefe das Forças Armadas, Abdel Fattah al-Sisi, anunciou nesta segunda-feira que os políticos têm 48 horas para resolver a crise do país. Mais cedo, os manifestantes afirmaram que Mursi tem até a terça-feira para apresentar sua renúncia e antecipar as eleições presidenciais. Ao menos cinco ministros pediram demissão de suas pastas nesta segunda-feira, aumentando a crise em torno do governo.
Em pronunciamento lido na TV estatal egípcia, al-Sisi disse que os militares vão anunciar “um novo caminho para o futuro” e reforçar medidas “para ajudar todas as facções, incluindo os jovens”. As declarações levantaram temores de que a Junta Militar - que comandou o país após a queda de Hosni Mubarak até a posse de Mursi - esteja cogitando tomar o poder.
Segundo o “Egypt Independent”, dois políticos que pediram para deixar a liderança das pastas são Hatem Begato, do Ministério de Relações Legais e Parlamentares e Atef Helmy, do Ministério das Comunicações. Os chefes do Ministério do Turismo e do Ministério do Meio Ambiente também estariam na lista dos que vão abandonar Mursi. De acordo com a mídia local, os políticos afirmam que tomaram a decisão em solidariedade às últimas manifestações.
O Ministério da Saúde afirma que ao menos 16 pessoas morreram e 781 ficaram feridas nos protestos que começaram no domingo. Nove mortes ocorreram no Cairo e outras sete nas cidades de Alexandria, Beni Suef, Karf el-Sheikh, Fayoum e Assiut.
Oito das nove vítimas na capital morreram quando uma sede da Irmandade Muçulmana foi saqueada e invadida por dezenas de manifestantes na última madrugada. Imagens de TVs locais mostram móveis quebrados e jovens retirando cadeiras, vasos, livros e outros objetos de dentro do edifício. Segundo a agência egípcia Mena, partidários do governo tentaram defender o prédio, mas acabaram abandonando o local em um carro. Durante a fuga, eles abriram fogo contra os manifestantes.
Fontes da emissora BBC afirmam que seriam oito mortos, mas a informação ainda não foi confirmada. De acordo com testemunhas, manifestantes utilizaram coquetéis molotov e pedras para invadir o escritório político. Na manhã seguinte, forças de segurança retomaram o local e atiraram contra jovens que resistiam em abandonar uma manifestação em frente ao prédio.
Sobre o caso, um porta-voz da Irmandade Muçulmana afirmou que os escritórios teriam sido esvaziados antes do tumulto, para que nenhum funcionário corresse risco. Mas o que imagens da TV local mostram são homens lançando equipamentos para fora das janelas, minutos antes da invasão. Um deles jogou uma bandeira do Egito de uma varanda.
No domingo, a oposição marcou massivas manifestações, pois Mohamed Mursi completou seu primeiro ano de governo na data. Os ativistas tentam pressionar pela renúncia do presidente, que garantiu que não deixará o cargo por causa dos protestos.
O tamanho dos protestos, entretanto, não significa que o clamor pela queda de Mursi é unânime; o Egito está profundamente dividido entre partidários e opositores do presidente, e o temor é de uma onda de violência generalizada.
As manifestações tomaram as ruas de diversas cidades do país e teriam atraído cerca de 14 milhões de egípcios, disse uma fonte militar à agência Reuters. Não há como confirmar independentemente o número. Grupos antigoverno disseram que os atos nas ruas vão continuar até que Mursi renuncie.
Opositores acusam o presidente e a Irmandade Muçulmana de estarem interessados em se fortalecer no poder, além de tentar islamizar a sociedade egípcia. A frustração com Mursi também é alimentada pelo péssimo estado da economia, o que contribuiu para o comparecimento maciço aos protestos. Egípcios enfrentam racionamento de energia e de combustível, desemprego e custo de vida em alta, além de uma explosão na violência.

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