terça-feira, 2 de julho de 2013

ECONOMIA: Empresas de Eike caem até 19% e Bovespa volta a menor nível desde abril de 2009

Da FOLHA.COM
DANIELLE BRANT
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou em baixa de 4,24% nesta terça-feira (2) afetada por um pessimismo generalizado dos investidores em relação à economia do país e com as empresas do grupo EBX, de Eike Batista, que protagonizaram as maiores quedas no pregão de hoje.
O índice fechou aos 45.228 pontos, no menor nível desde 22 de abril de 2009, quando encerrou a sessão aos 44.888 pontos. Foi a maior queda percentual diária desde 22 de setembro de 2011, quando a desvalorização foi de 4,83%.
Para analistas ouvidos pela Folha, a desvalorização desta terça-feira foi motivada por uma perda de confiança do mercado em relação ao crescimento brasileiro, motivada pelos dados fracos de produção industrial.
"A indústria vinha tendo uma performance relativamente boa, com uma recuperação pontual devido à venda de caminhões, mas agora mostra sinais de desaquecimento", explica Bruno Gonçalves, analista da corretora WinTrade.
A fuga dos investidores de aplicações consideradas de risco, como ações, porém, foi intensificada pelo aumento da percepção de que a OGX, do setor de petróleo, vai dar calote.
As ações de petrolífera OGX caíram 19,64%, a R$ 0,45, afetadas por relatórios de bancos que cortaram o preço-alvo de suas ações para R$ 0,10.
De acordo com Alfredo Sequeira, superintendente da Fator Corretora, o anúncio da OGX de que não é viável explorar o pré-sal acaba respingando na Petrobras. "Há uma correlação. A tecnologia que a OGX possui, em tese, é tão boa quanto a da Petrobras. Por que, então, a Petrobras acharia uma boa ideia explorar o pré-sal, enquanto a OGX não vê viabilidade?", questiona.
A agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou as notas de crédito da OGX para o nível de pré-calote por causa dos recentes anúncios da petroleira de Eike.
Outras empresas do grupo tiveram fortes perdas nesta terça-feira. Os papéis da mineradora MMX caíram 17,29%, enquanto os da empresa de logística LLX tiveram queda de 11,23%.
A baixa também influenciou as ações dos bancos credores do grupo de Eike Batista. As ações do Bradesco, por exemplo, fecharam em queda de 5,07%, a R$ 27,32. As do Itaú tiveram desvalorização de 4,32%, para R$ 27,27.
DÓLAR
No mercado cambial, o dólar à vista -- referência para as negociações no mercado financeiro -- fechou com valorização de 0,88%, a R$ 2,237. O dólar comercial teve alta de 0,85%, para R$ 2,250.
"Houve uma dinâmica global de dólar forte. A moeda americana ganhou valor em relação a outras divisas, como o euro, o iene e a libra. ", explica Daniel Cunha, economista-chefe da XP Investimentos.
PEQUENO INVESTIDOR
As notícias para o pequeno investidor que comprou ações de alguma empresa X não são nada boas, afirma o analista Bruno Gonçalves, da WinTrade. "O acionista é o último a receber em caso de quebra. É o último a ser ressarcido. Antes vêm os credores e funcionários", explica.
Antes de decidir se permanece com o papel ou não, o investidor deve analisar as possibilidades envolvendo a empresa, afirma o consultor de investimentos Clodoir Vieira. "Quem já aguentou (as perdas) até hoje deveria permanecer no jogo. Pode ser que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) libere alguma verba ou que o governo faça alguma interferência junto com Petrobras, ou mesmo um investidor estrangeiro surja e compre a empresa", pondera o especialista.
O professor de finanças Michael Viriato, do Insper, recomenda que o investidor não se deixe influenciar somente pelo preço ao decidir vender a ação. "O papel pode estar caindo 5%, mas o mercado também pode estar com essa queda. Pode ser um problema conjuntural, e não específico, e é preciso analisar todo o contexto", diz.
Caso o problema afete apenas a ação, Viriato recomenda que o investidor analise as perspectivas da empresa, para verificar se são positivas ou não. No caso da OGX, especialistas ouvidos pela Folha dizem haver sérias dúvidas sobre a capacidade financeira da empresa. "O grupo como um todo está sob uma desconfiança muito grande, o que faz com que todas as portas (de bancos) fiquem mais difíceis de serem abertas", diz Marcio Cardoso, sócio-diretor da Easynvest Título Corretora.
"Eu ficaria de fora desses papéis, o risco é muito grande", diz Gonçalves, da WinTrade.

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