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NICE DE PAULA
Estudo do Ipea aponta que trabalhadores começam a receber benefícios muito antes de perder a capacidade
O homem que se aposenta por tempo de contribuição continua no mercado por mais 7,3 anos e as mulheres, por 5,4 anos - Agência O Globo
RIO – Um estudo divulgado nesta segunda-feira pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) afirma que os trabalhadores brasileiros estão começando a receber os benefícios da Previdência Social muito antes de perder a capacidade de trabalhar. Pelos cálculos dos pesquisadores Ana Amélia Camarano, Solange Kanso e Daniele Fernandes, em média, o homem que se aposenta por tempo de contribuição continua no mercado por mais 7,3 anos e as mulheres, por 5,4 anos.
“Considerando que o aumento da esperança de vida tem sido acompanhado por melhora nas condições de saúde, e diante da preocupação com o envelhecimento ativo e a redução no futuro próximo da oferta de força de trabalho, seria importante criar políticas para manter o trabalhador na ativa o maior número de anos possível”, propõem no texto os pesquisadores do Ipea.
Atualmente, o brasileiro que atua no setor privado pode se aposentar após 35 anos de contribuição se for homem ou 30 anos, no caso da mulher. Também é possível receber o benefício por idade, ao atingir 65 anos (homens) e 60( mulheres) , além de uma contribuição mínima de 15 anos. Para os servidores públicos, há uma idade mínima de 55 anos para mulheres e de 60 para homens, com 30 e 35 anos de tempo de contribuição, respectivamente.
Outra mudança defendida pela equipe do Ipea diz respeito às mulheres. Segundo os pesquisadores, mesmo tendo expectativa de vida mais alta do que as dos homens, elas se aposentam mais cedo – um benefício criado no passado para compensar o custo da maternidade - e portanto recebem os benefícios previdenciários por mais tempo.
“ A maior esperança de vida feminina aliada à crescente participação da mulher no mercado de trabalho e as mudanças na família estão requerendo uma reavaliação nas de contribuição por parte das mulheres, dos tradicionais benefícios (duplos ou não) dos valor da pensão por morte (igual ao benefício do cônjuge ou fração deste e das adaptações frente à nova realidade das famílias com mais de um provedor e das mulheres que, mesmo casadas, não têm filhos”, afirma o texto.
Mercado de trabalho teve um ano bom
O Boletim de Mercado de Trabalho do Ipea confirmou que, apesar do crescimento econômico baixo, de apenas 0,9%, o ano de 2012 foi bom para o emprego, com queda da informalidade e melhoria dos salários.
"A despeito desse cenário macroeconômico não muito favorável, os dados referentes ao mercado de trabalho metropolitano brasileiro em 2012 registram um desempenho positivo tanto na geração de novos postos de trabalho como na melhoria das condições de trabalho. Entre os indicadores analisados podem-se destacar a redução nas taxas de desemprego e o aumento da remuneração média”, analisam os técnicos.
Em 2012, o desemprego apresentou a sua menor média anual, 5,5%, e a tendência de queda continuada ficou clara na taxa de dezembro, último mês do ano, quando a taxa ficou em 4,6%. Com base nos números da Pesquisa Mensal do Emprego (PME) do IBGE, os técnicos do Ipea mostram que, apesar de ter havido em dezembro de 2012 um contingente maior de pessoas disponíveis no mercado de trabalho do que em igual mês de 2011, o desemprego não aumentou.
Entre os grupos de trabalhadores, os maiores destaques positivos foram a construção civil, com alta de 4,6% em relação a 2011 e administração pública (4,1%). As maiores ocorreram entre os empregados domésticos (-2,03%) e os trabalhadores da indústria (-0,22%). O número de vagas com carteira assinada cresceu 3,5% no ano, ou cerca de 412 mil novos empregos formais nas seis regiões metropolitanas cobertas pela PME. Na outra ponta, os empregados sem carteira tiveram queda de 3,2%. Já o contingente de ocupados por conta própria registrou um crescimento de 1,4%.
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