quarta-feira, 6 de março de 2013

CIDADES: Chuva provocou quatro mortes e deixou rastro de destruição e sujeira no Rio

De OGLOBO.COM.BR
GUSTAVO CARVALHO (EMAIL·FACEBOOK·TWITTER)
DIEGO BARRETO (EMAIL·TWITTER)

Aeroporto Santos Dumont ficou fechado por duas horas e meia para pousos devido ao mau tempo
Duas mulheres, entre elas uma polonesa, morreram eletrocutadas no Catete
Ruas ficaram tomadas por lixo, que obstruiu bueiros e dificultou escoamento da água
A Lapa amanheceu com pontos de alagamentos - Pablo Jacob / Agência O Globo
RIO - A chuva que atingiu o Rio na noite desta terça-feira deixou rastro de destruição e sujeira. Quatro pessoas morreram, outras três ficaram feridas e um adolescente está desaparecido. Nesta quarta-feira, a cidade ainda sofre o impacto do temporal. Alguns bairros do Rio e da Baixada Fluminense, ainda estão sem energia elétrica. Segundo a Light, equipes continuam trabalhando para restabelecer o serviço nas regiões afetadas.Ainda há bolsões de água em vias importantes, como a Avenida Francisco Bicalho, e árvores que caíram pela cidade ainda ocupam faixas em diversas vias e atrapalham a vida dos motoristas.
Na região central do Rio, comerciantes tinham muito trabalho para limpar a sujeira deixada pelo temporal. Próximo aos Arcos da Lapa havia uma nuvem de poeira, e as ruas ainda estavam tomadas por lama e terra. Uma árvore caiu e até as pedras portuguesas da calçada foram parar no meio da rua. Durante a manhã desta quarta-feira, o porteiro de uma casa de shows tentava com um balde tirar a água da piscina que se formou em frente ao estabelecimento.
— A água entrou nos bares porque o bueiro aqui em frente estava entupido. Antes da chuva, já tinha solicitado quatro vezes à Comlurb que limpasse este ralo. Não vieram, acabou alagando tudo — disse Elson Pereira dos Santos.
Na Rua do Passeio, também havia muita lama. Comerciantes e motoristas contabilizavam os prejuízos causados pelo alagamento. O Passeio Público ainda havia áreas alagadas assim como a frente do edifício do Automóvel Clube do Brasil, cujo tapume de uma obra, que acontece no local, foi derrubado. O músico Paulo Andrade estava em uma apresentação na Escola da Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) quando ocorreu a chuva. Com a rua completamente alagada, ele teve que deixar o carro ali mesmo. Nesta manhã, quando chegou para resgatar o veículo, por volta das 7h30m, a rua ainda estava alagada, e o carro havia sido arrastado pela correnteza:
— A água só começou a baixar por volta das 8h, quando um morador de rua, limpou os bueiros. Meu carro está cheio de água.
Em uma loja, a gerente Fátima Soria ainda não sabia o valor do prejuízo que teve. Enquanto limpava a lama, que entrou no estabelecimento percebia que já havia perdido muito material de papelaria, por exemplo. Dentro da loja, a água ficou na altura do joelho dos clientes.
Já na Rua Riachuelo, além da sujeira, chamavam a atenção montes de paralelepípedos que desceram de ruas que dão acesso a Santa Teresa. Na esquina com a Rua Monte Alegre, os cantos estavam cheios de paralelepípedos. E subindo a via, havia várias crateras abertas pela força da água.
— Isso aqui virou uma cachoeira. Os carros que estavam estacionados foram arrastados rua abaixo e ficaram amontoados na esquina com Rua Riachuelo. Parecia um terremoto com os buracos abertos — disse o taxista José Valentim Ribeiro de Guerra, que em 15 anos morando ali, afirmou nunca ter visto tamanho estrago.
Aeroporto fechado pela manhã
Devido ao mau tempo na manhã desta quarta-feira, o Aeroporto Santos Dumont ficou duas horas e meia fechado para pousos e operando por instrumentos para as manobras de decolagens. Desde as 8h30m, a situação foi normalizada. Seis voos foram transferidos para o Aeroporto Internacional Tom Jobim.
O teleférico do Alemão está temporariamente fechado para manutenção, devido às fortes chuvas desta terça. A Supervia informou que uma equipe está trabalhando para reabrir o quanto antes.
No Largo do Machado, no Catete, na Zona Sul do Rio, a polonesa Rosa Magdalina, de 32 anos, morreu após receber uma descarga elétrica. De acordo com guardas municipais, ela passava pelo local quando pisou em uma fiação que estava sob o bolsão d´água e foi eletrocutada. A estrangeira – que havia acabado de se mudar para o Rio – foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros e encaminhada ao Hospital municipal Souza Aguiar, no Centro, mas não resistiu.
A menos de dois quilômetros desse primeiro incidente, outro caso semelhante. Uma mulher, identificada como Raimunda Neves da Silva, também foi eletrocutada quando caminhava pela Rua do Catete. Ela foi levada para mesma unidade hospitalar, onde morreu.
Em Jacarepaguá, na Zona Oeste, o vigia José Rodrigues da Silva, de 48 anos, morreu após uma árvore – derrubada por um raio – cair sobre ele na Estrada do Camorim. Na Baixada Fluminense, agentes da Defesa Civil confirmaram a morte de um homem, vítima de um desabamento no bairro Lote 15, em Belford Roxo.
Já em Cordovil, na Zona Norte, um adolescente de 14 anos desapareceu após cair em um valão durante o temporal. Bombeiros seguiram para o local, mas não conseguiram localizar o jovem. De acordo com a assessoria de imprensa da corporação, a forte correnteza dificultou o trabalho dos militares, que vão retomar as buscas no início da manhã desta quarta-feira.
Pelo menos três pessoas ficaram feridas por causa de desabamentos. A queda de uma marquise na Rua Hadock Lobo, na Tijuca, feriu dois idosos. Conceição da Silva, de 65 anos, e um homem sem identificação foram levados para o Hospital Souza Aguiar. Em Vigário Geral, uma casa desabou e feriu Adriana Ferreira da Silva, de 38 anos. Ela foi levada para o Hospital Getúlio Vargas.
Lixo acumulado dificultou o escoamento da água
Os sacos de lixo postos para a coleta em frente das casas dificultou o escoamento da água durante o temporal. Na Rua das Laranjeiras, no bairro de mesmo nome, na Zona Sul, a enxurrada arrastou o material para os bueiros, impedindo a passagem da água. A via ficou tomada de lixo, principalmente em frente a uma maternidade particular.
O mesmo ocorreu na Rua Haddock Lobo, na Tijuca. Durante a madrugada, cerca de 10 funcionários da Comlurb retiravam o lixo, que também invadiu casas e comércios.
— Em dois anos que trabalho aqui, essa é a segunda vez que vejo uma enchente desse tipo. O mais impressionante foi a quantidade de lixo que invadiu o estabelecimento — contou Luiz Martins, de 45 anos, gerente do tradicional Boteco do Divino, na Tijuca.
Vento forte derrubou árvores e interrompeu fornecimento de energia
Após a tempestade, o prejuízo. Durante a madrugada, moradores da Tijuca – um dos locais mais atingidos pelo temporal – contabilizavam os danos provocados pelas árvores que caíram sobre os carros e sobre a rede elétrica.
Na Rua Mariz e Barros, em frente ao Palácio Maçônico, três carros foram atingidos. Ninguém ficou ferido, mas parte da via teve que ser interditada para a retirada da árvore. O fornecimento de energia elétrica foi interrompido por volta das 20h. Técnicos da Light trabalham para tentar resolver o problema.
— Estava em uma reunião quando ouvi um barulho muito forte durante o temporal. Observei pela janela e vi meu carro sob a árvore. Sem dúvidas foi perda total — lamentou o empresário.
A poucos metros do local do acidente, na Rua Campos Sales, próximo ao América Futebol Clube, outra árvore caiu sobre um poste, deixando os moradores sem energia elétrica. — Já estamos há mais de cinco horas sem luz. Não aguento mais — reclamou o vendedor Jairo Ferreira, de 32 anos.
Na Rua Felisberto de Menezes, também na Tijuca, uma árvore atingiu o muro Colégio estadual Antônio Prado Júnior e também interrompeu o tráfego na via durante a madrugada.

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