terça-feira, 15 de janeiro de 2013

ECONOMIA: O que o BC vai escrever ?

Do POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL

Há uma grande expectativa sobre o que o BC vai dizer na nota explicativa posterior à reunião do Copom de hoje e amanhã e, principalmente, no texto mais alentado da ata do encontro, só liberado uma semana depois. O grupo liderado por Alexandre Tombini vai se deparar com duas realidades econômicas que estavam apenas esboçadas em seus comunicados anteriores : a persistência da inflação em níveis elevados e bastante espalhada e as manobras contábeis do Tesouro Nacional para fingir que entregou o prometido superávit primário cheio (3,1%) em 2012. Quanto à questão fiscal, o BC já vinha fazendo sutis alertas para a política expansionista do governo Federal. Agora não há mais sutilezas. Como o BC vai se virar ? Sua comunicação com os agentes econômicos já anda um pouco cheia de ruídos. E o Palácio do Planalto insiste em equilibrar-se entre a agenda econômica e agenda político-eleitoral. Como o BC vai se virar nessa corda bamba ? Dançando de sombrinha, como na canção da anistia, "O Bêbado e o Equilibrista", de João Bosco e Aldir Blanc, imortalizada por Elis Regina ?

Dilemas monetários

Conceitualmente o Brasil vive um processo de inflação relativamente elevada comparativamente às principais economias e uma taxa de crescimento equivalente ou inferior a vários destes países. Mais que um processo de estagflação, trata-se de um processo estrutural de perda de competitividade na medida em que grande parte desta inflação não é "repassada" à taxa de câmbio ou, ainda, esta última se valoriza mais. A política fiscal expansionista ainda tem efeitos menores no curto prazo, mas pouco a pouco está destruindo a reputação ordeira de nossas contas públicas, apesar da relação dívida/PIB ser muito saudável (35%). Neste contexto, há de se reconhecer que o papel do BC brasileiro não é nada fácil. Subir a taxa de juros num contexto de estagnação seria inadequado. Deixar a inflação "correr solta" também não pode, mas o custo de elevação da taxa de juros seria um exagero frente aos benefícios em termos de inflação. Além dos efeitos de valorização cambial. Portanto, mais que o contorcionismo que o BC terá de fazer em seus documentos públicos será necessário que Tombini e seus diretores, no uso de sua autoridade sobre a moeda, diga como vê os dilemas perante os quais se defronta.

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