terça-feira, 6 de março de 2012

POLÍTICA: Dilma, tensão, choro e lulodependência

Do POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL



A quaresma trouxe pesadas cinzas políticas para a presidente Dilma, refletidas no choro por ela exibido sexta-feira no Palácio do Planalto. Não há que se imaginar que ela, durona como é tida, tenha soltado lágrimas por causa da dispensa do ex-ministro Luis Sérgio, político petista fluminense que humilhou duas vezes. Menos ainda se deve supor que a emoção tenha sido pela aquisição para o ministério da Pesca do senador e bispo licenciado Marcelo Crivella. Seria muita vela para pouco santo. A razão, segundo bons observadores políticos de Brasília, seria outra: o alto grau de tensão a que Dilma está submetida em razão das confusões no campo governamental, nada especificamente a ver com a economia, que é um outro departamento. Vê-se a presidente assolada por:
1. Rebelião na base aliada e as desavenças explicitadas publicamente entre o PT e o PMDB. A insatisfação é grande e é diretamente com a presidente e a forma como ela se conduz politicamente.
2. O documento dos militares da reserva com críticas indiretas à presidente e diretas do ministro Celso Amorim. Nasceu pequeno, cresceu e merece uma resposta dura do governo. Porém, isto pode acender um rastilho de pólvora, pois junta insatisfações com a Comissão da verba com desencantos salariais e com a falta de recursos para reaparelhar as Forças Armadas.
3. A disputa pelo poder dentro do BB; uma queda de braço entre petistas, com reflexos no meio ambiente da equipe econômica.
4. A inesperada (para quem não lê bem a política) entrada de José Serra na corrida eleitoral pela prefeitura de SP, criando dificuldades para a montagem de uma coligação governista ampla para apoiar a candidatura petista de Fernando Haddad. Com isto, Dilma vai ter de mostrar mais sua cara na sucessão paulistana, coisa que não estava em seus planos. E que já começou a fazer dando a Crivella o ministério da Pesca.
Em consequência dessa confusão, Dilma teve de correr para os braços de seu criador, reacendendo a velha conversa da "lulodependência" coisa que ela vinha tentando apagar, até com algum sucesso, nos últimos tempos.


Sistema esgotado
Toda essa confusão demonstra que o sistema de coalizão partidária amplo, que sustenta o governo Dilma, montado milimetricamente pelo ex-presidente Lula, está se esvaindo. É gato demais no balaio para uma pessoa com pouca experiência e pouco apetite político como Dilma. Quando o partido do vice-presidente da República, Michel Temer, que é também seu presidente licenciado, faz circular um manifesto como o assinado pela maior parte de sua bancada na Câmara, dá para ver o tamanho da encrenca que Dilma tem pela frente. De agora em diante, a tendência é aumentar as cobranças dos aliados e as concessões por parte do Palácio.
Não é esse o problema
A questão preocupante não é o fato de o bispo-senador Marcelo Crivella não entender de pesca, nem ao menos colocar uma minhoca no anzol. Não tem importância. Os ministros que o antecederam na Pesca também não sabiam e o ministério não tem razão de existir. Qualquer coisa, ou nada, é a mesma coisa. O problema é o modo como ele foi escolhido e as credenciais que o levaram ao posto - apenas razões eleitorais e partidárias.

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