quinta-feira, 9 de junho de 2011

COMENTÁRIO: Em busca de um novo modelo

Do blog do NOBLAT

Por Murillo de Aragão


Conforme diz Raymundo Costa, um dos mais experientes jornalistas políticos de Brasília, “é pouco provável que a demissão do ministro Antonio Palocci e a sua substituição por outro petista encerrem a crise pela qual passa o governo”. É verdade.
A crise que envolve Antonio Palocci não foi o fator detonador da crise política do governo. Mas, ao ficar exposto ao noticiário ruim, este ficou ainda mais fragilizado.
A crise da gestão Dilma Rousseff foi deflagrada pela montagem errada do ministério, pelo achatamento dos aliados e, também, pela ausência de diálogo com a base.
Nenhum dos principais aliados do Planalto, em especial PMDB, PSB e PCdoB, ficou satisfeito com a divisão de cargos no primeiro escalão. Tampouco o PT, mesmo que tenha ampliado seu espaço.
A expectativa era de que na distribuição de postos do segundo escalão a situação ficasse mais confortável. Não aconteceu. Pior, nunca se estabeleceu uma rotina de diálogo.
Em consequência, já em abril – de acordo com pesquisa da Arko Advice no Congresso –, o apoio ao governo estava em declínio.
E nossa previsão era de que, em maio, o ambiente ficasse mais instável ainda. Independentemente da questão Palocci.
Eram muitas as críticas sobre o relacionamento com o governo. Além disso, havia uma grave discrepância de expectativas entre os dois principais partidos da base.
Enquanto o PT, que se acha dono do governo, vê no PMDB um simples aliado, este se considera um cogestor. Quando Palocci ligou para Michel Temer ameaçando demitir ministros do partido, ficou clara a diferença de perspectiva.
Os episódios na votação do Código Florestal revelaram tal diferença de modo emblemático e didático. Para encerrar a crise, como bem disse Raymundo Costa, será necessária uma mudança de postura.
O governo deve ser mais pró-ativo e buscar o diálogo de forma permanente. Deve entender que os aliados de primeira hora são mais do que aliados: são cogestores de um governo de co-habitação.
As expectativas de todos devem ser consideradas seriamente. A partir daí, e de uma mudança de atitude, é necessário entender que o sucesso político dos aliados amplia a possibilidade de continuidade do atual projeto político.

Murillo de Aragão é cientista político

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