segunda-feira, 9 de maio de 2011

ECONOMIA: Come-cotas tira um mês de rendimento dos fundos DI e de renda fixa, que passam a perder para a inflação

Do blog do NOBLAT

De O GLOBO

Bruno Villas Bôas

RIO - No momento em que a inflação brasileira avança, corroendo ganhos das aplicações, os investidores de fundos de renda fixa e DI - que têm rendimento atrelado aos juros básicos (Selic) - terão o dissabor de ver seu dinheiro levar uma mordida este mês. Maio é quando o chamado come-cotas, o desconto semestral do Imposto de Renda (IR) de fundos, reduz o número de cotas de clientes para pagar o Fisco. E o Leão vai ficar com o equivalente a um mês de rendimento dos fundos, o suficiente para que as aplicações rendam menos do que a inflação acumulada no período.
O imposto pago a cada seis meses, em maio e novembro, será recolhido automaticamente no próximo dia 31, independentemente do resgate do valor aplicado. Os investidores receberão em junho o extrato de seus fundos com menos cotas, que foram convertidas pelo administrador do fundo para recolher imposto à Receita.
O come-cotas não tem escapatória.
Mesmo quem decidir resgatar as cotas antes do IR, apenas vai antecipar o pagamento do imposto. É um dinheiro que poderia estar rendendo, mas que vira antecipação de imposto ao governo - afirma Gilberto Braga, especialista em finanças.
Imposto semestral fica com 15% a 20% do rendimento
De dezembro a maio, os fundos DI terão registrado um rendimento de 5,52%. Os de renda fixa, 6,12%. O percentual é um pouco acima do IGP-M acumulado em seis meses até abril, que foi de 5,09%. Isso significa que, depois de descontada a inflação, os aplicadores teriam em maio um ganho real em seus investimentos.
O problema é que o come-cotas vai reduzir, no caso dos fundos DI, o rendimento para 4,69%. Quem tem investimento em renda fixa terá um rentabilidade de 5,21%, um pouco acima da inflação do período. Mas esses cenários valem para quem mantiver a aplicação por mais de um ano, quando será cobrada a menor alíquota do IR, de 15%. Menos do que isso, o imposto sobe para 20% e as perdas do poder de compra da quantia investida ficam maiores.
O administrador de investimentos Fabio Colombo lembra que a rentabilidade desses fundos varia de acordo com a taxa de administração cobrada pelo gestor, que pode chegar a 4% ao ano. Por isso, recomenda aos investidores sempre avaliar o investimento nos juros via Tesouro Direto, sistema de compra e venda de títulos pela internet.
- Quando se desconta a taxa de administração e o Imposto de Renda, os fundos perdem até mesmo para o IPCA, que é a inflação oficial e tem registrado uma taxa inferior à dos IGPs - explica Colombo.
No ano passado, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) encaminhou ao Ministério da Fazenda uma proposta para tornar o come-cotas um imposto anual. Mas não existe nenhuma decisão nesse sentido.
Especialista sugere títulos indexados à inflação
Para a designer Raphaella Caldas, que tem cotas de um fundo de investimento em renda fixa, o modelo de cobrança do imposto prejudica os pequenos investidores.
- O dinheiro que vira antecipadamente o imposto poderia estar rendendo. E esse fundo é uma poupança minha para o futuro - afirma.
Segundo Flavio Lemos, diretor da Trader Brasil Escola de Investidores, o caminho para investidor agora é buscar a proteção contra a inflação. Ele recomenda, portanto, aplicar nas Notas do Tesouro Nacional da série B (NTN-B), que remuneram o investidor com a inflação pelo IPCA mais uma parcela de juros.
- Os fundos DI também tendem a render mais, já que são pós-fixados e o BC tem sinalizado mais aumento de juros - explica Lemos.

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