quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

ECONOMIA: Política econômica em mudança

Do POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL
Há a máxima - muito desgastada, diga-se - de que "não existe almoço grátis". Pois bem : Dilma terá de escolher entre o combate à inflação e o nível de atividade. Tão simples assim : a manutenção da atividade no atual patamar gerará inflação maior e incompatível com as metas estabelecidas pelo próprio governo. E vice-versa. Deve-se notar que a inflação já é um fenômeno consistente e perigoso. Além disso, se o governo resolver operar em favor de uma taxa de câmbio mais depreciada, haverá mais combustão para a inflação. As medidas de contenção de crédito anunciadas pelo BC na última sexta-feira não são suficientes para conter o galopante consumo. São, ademais, uma alerta relevante de que o crédito excessivo dá sinais de deterioração em termos de adimplência e comprometimento da renda disponível da classe média (incluindo a "nova classe média") e da classe de baixa renda.
Investimento sob risco
Quando se restringe o crédito, a demanda agregada como um todo é afetada. Por mais que as autoridades tentem segmentar o crédito de curto e longo prazo (o que é correto), evitando efeitos nefastos sobre o investimento, as restrições de crédito tendem a se generalizar e atingem os investimentos de médio e longo prazo. O que significa que projetos de expansão acabam por ser prejudicados e o papel dos bancos oficiais permanece muito relevante. O problema é que a capacidade do governo emprestar para financiar os investimentos não é infinita. Ao contrário : está bastante limitada pelos riscos fiscais que causam a transferência de recursos do Tesouro. Portanto, devemos esperar menor nível de investimento, muito embora com efeitos menores que no caso do consumo.
COPOM, Selic, etc.
Não deve vir aumento da Selic na próxima e última reunião de 2010. Se virá na primeira de 2011, ficará por conta do "novo BC" : se este estiver comprometido de fato com a política de metas, terá de haver aumento. Caso contrário, a leitura do tal de mercado será negativa, relativamente à política monetária do governo de Dilma. O caso aqui não é fazer uma aposta. É o de verificar a ação governamental e agir depois dos fatos. Há dentro do governo correntes de opinião sobre a condução da política monetária. A presidente terá de optar. Desta opção nascerão as expectativas em relação à inflação, em particular, e à política econômica, em geral. O resto é ruído nos jornais.
É a política, estúpido
Em complemento às análises econômicas, algumas considerações de teor menos, digamos assim, técnico :
1. É curioso, para dizer o menos, que se tenham tomado medidas, um mês depois da eleição, para combater problemas da economia brasileira que, durante a campanha, a presidente eleita e o ministro da Fazenda diziam não existir, embora apontados por especialistas e não apenas identificados com a oposição - ameaça inflacionária, excesso de consumo, crédito mais ou menos frouxo.
2. É curioso que as medidas entrem em vigor às vésperas da última reunião do Copom no governo Lula, quando mais e mais entendidos acham que o BC já deveria ter começado a elevar os juros. Lula, como está visível, não aceita nem um mínimo grão de areia no salto alto que alimenta sua popularidade. Nem Dilma parece querer começar o governo com uma pedra dessas.
3. Para muitos é um sinal das dificuldades - das resistências - de realizar um ajuste fiscal necessário ao corte do consumo via governo.
4. Seria também sinal de que o governo ainda não encontrou uma saída para o Real valorizado.

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