quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

ARTIGO: Aécio saiu de campo para permanecer em campo

Por RICARDO NOBLAT

O anúncio feito esta tarde pelo governador Aécio Neves, de Minas Gerais, de que desistiu de aspirar a indicação do PSDB para ser candidato à sucessão de Lula, deixa aberta todas as portas por onde ele queira ingressar no futuro - inclusive a de candidato a presidente da República.
O que ele disse:
- Deixo a partir desse momento a condição de pré-candidato do PSDB à Presidência da República, mas não abandono as minhas convicções e minha disposição para colaborar com meu esforço e minha lealdade para a construção das bandeiras da social democracia brasileira.
- Escolho contribuir dessa forma para que o PSDB e nossos aliados possam, da maneira que compreenderem mais apropriada, com serenidade, sem pressões, construir o caminho que nos levará à vitória em 2010. No curso dessa jornada, mantive um pacto que jamais me descudei: dos grandes compromissos que assumi com Minas, razão e causa a que tenho dedicado toda a minha vida pública. Ao deixar a condição de pré-candidato à Presidência da República renovo reflexões ao lado dos mineiros. Independente de nova missão política que porventura possa vir a receber continuarei trabalhando para ser merecedor da confiança e das melhores esperanças dos que partilharam conosco neste período uma nova visão sobre o Brasil.
Ele não disse que será candidato ao Senado. Poderá sê-lo. Vinha dizendo que seria caso não fosse escolhido por seu partido para disputar a vaga de Lula.
Ele não descartou a hipótese de ser candidato a vice numa chapa encabeçada por José Serra. Por sinal, sequer mencionou o nome de Serra.
Por último, ao qualificar seu gesto de contribuição "para que o PSDB e nossos aliados possam, da maneira que compreenderem mais apropriada, com serenidade, sem pressões, construir o caminho que nos levará à vitória em 2010", deixou subentendido que ainda admite, sim, ser candidato a presidente.
Para isso, basta que Serra prefira ser candidato outra vez ao governo de São Paulo. Ou que o PSDB e seus aliados concluam mais adiante que ele, Aécio, é o candidato ideal.
Serra tem dito e repetido que tem até março para decidir se concorre à presidência da República ou ao governo de São Paulo. O gesto de Aécio não o fará mudar de opinião. Ele nada tem a ganhar saindo candidato mais cedo.
E se até março Dilma Rousseff tiver crescido o suficiente nas pesquisas de intenção de voto a ponto de Serra perder a condição de favorito que ainda conserva? Mesmo assim ele se arriscará?
Aécio atravessará os próximos 100 dias sob pressão para que aceite ser candidato a vice de Serra. São Paulo e Minas Gerais são os maiores colégios eleitorais do país. Tudo o que Lula e o PT mais temem é uma dobradinha Serra-Aécio.
Com um índice de aprovação, na época, de pouco mais de 80%, e com o apoio do então prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT), aprovado por 76% dos moradores da cidade, Aécio imaginou que elegeria com facilidade o sucessor de Pimentel.
Foi um sufoco. A vitória só veio no segundo turno.
O candidato de Aécio à sua sucessão é o vice-governador Antonio Anastasia. É um técnico competente, mas que nunca disputou uma eleição. Aparece nas pesquisas de intenção de voto com algo como 6%.
Pimentel é candidato ao lugar de Aécio. Elegeu recentemente o novo presidente do PT de Minas e espera derrotar dentro do partido a possível candidatura do ministro Patrus Ananias, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
Se o fizer, começará a campanha como forte candidato ao governo de Minas.
Aécio se elegerá com folga senador. Mas candidato ao Senado não costuma puxar voto para candidato a governador. O contrário é o mais comum.
Talvez Aécio acabe se convencendo de que o melhor para ele será a candidatura a vice-presidente da República, podendo negociar sua vaga ao Senado com o PMDB de Hélio Costa, ministro das Comunicações, em troca do apoio do PMDB à Anastasia.
É só uma hipótese. Mas todas as hipóteses continuam ainda ao alcance de Aécio.

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