FOLHA.COM
Carolina Linhares
SÃO PAULO
Durante evento, ex-ministro do PDT diz que governo é feito por bando de boçais e canalhas
Derrotado nas eleições presidenciais do ano passado, Ciro Gomes (PDT) diz que vai pensar cem vezes se será candidato novamente em 2022.
"Sabe lá o que vai acontecer com o Brasil, estou muito angustiado, muito preocupado e acho que preciso ter a liberdade de uma não conveniência de candidatura para ajudar os jovens, principalmente, a entender o que está acontecendo", disse.
Ciro Gomes (PDT) discursa em evento da UNE (União Nacional dos Estudantes) - Matheus Alves - 7.fev.19/Cuca da Une/Twitter
O ex-ministro afirmou, porém, que se for essa a vontade do partido, terá entusiasmo para disputar o Planalto mais uma vez.
Ciro diz que, agora, não vai "agir com a prudência de candidato", ou seja, não terá "silêncios, conversa mole e promessas mirabolantes". "Vou falar o que as pessoas precisam ouvir", disse à imprensa após palestrar em evento em São Paulo nesta segunda-feira (11).
Na ocasião, por exemplo, chamou os integrantes do governo Jair Bolsonaro (PSL) de "bando de boçais" e de "canalhas". Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro (PSL), foi qualificado de "laranja-mor" para o público do evento organizado pelo Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa.
Ciro Gomes (PDT) em evento organizado pelo Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa, em São Paulo - Carolina Linhares/Folhapress
Também sobraram críticas à imprensa, ao PT, ao Judiciário e ao vereador Fernando Holiday (DEM-SP). Ciro disse que continuará lutando, e planeja lançar um livro e fazer palestras pelo país.
Em meio a uma longa explanação sobre economia para cerca de 70 pessoas, entre elas o vereador Eduardo Suplicy (PT), Ciro disse ver confusão no governo federal. "Minha angústia maior hoje é a precocidade disso", afirmou.
"Botaram um garoto de 13 anos, adolescente, tuiteiro, para governar o país", disse arrancando risadas da plateia. À imprensa, Ciro disse que não iria comentar os tuítes de Bolsonaro, pois não são temas relevantes, como as suspeitas sobre Flávio Bolsonaro e o laranjal doPSL — assuntos que ele pediu que a imprensa continue investigando.
"O que o governo tem feito é aproveitado essa leviandade da imprensa, que não creio que seja de má-fé, é uma coisa dos tempos modernos, em que tudo é descartável, tudo é irrelevante, e vive distraindo vocês com esses papos-furados aí. Vai tomar conta de Zé de Abreu uma altura dessa? Zé de Abreu, eu o conheci fanático do PSDB", disse aos repórteres.
A respeito da reforma da Previdência, Ciro afirmou que seu papel é de conter danos, ou seja, "minimizar prejuízos para as pessoas mais pobres", e que o PDT é contra o projeto proposto pelo governo. Ele chamou o PT para fazer parte desse esforço de oposição, dizendo que precisará de votos.
Ao mesmo tempo, contudo, criticou o partido, isentando Fernando Haddad (PT). "Não aceito mais a hegemonia desse lado bandido do PT. [...] O Haddad eu cito como homem de bem, mas esse lado quadrilha eu não aguento mais, não quero saber e vou enfrentá-los. Acho que eles são corresponsáveis por esses malefícios todos que o Brasil está vivenciando."
Ciro ainda contestou sua condenação pelo Tribunal de Justiça de São Paulo ao pagamento de R$ 38 mil de indenização por danos morais ao vereador Fernando Holiday por chamá-lo de "capitãozinho do mato" em entrevista à Rádio Jovem Pan no ano passado.
No mês passado, ele voltou a usar a expressão "capitão do mato" em entrevista à rádio cearense Tribuna BandNews FM, e Holiday disse que o processará novamente.
"Apenas perguntado por um jornalista, expliquei por que eu disse. Agora um juiz que condena um político por isso é um juiz que absolutamente não tem muita condição de se explicar para 100 juristas que examinarem isso. A crítica política é livre. O dia que alguém tipo um bostinha desses me calar, nesse dia eu já saí da vida pública", disse Ciro nesta segunda.
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