segunda-feira, 26 de setembro de 2016

GERAL: Engenheiro havia alertado para perigo de reabertura do Centro de Convenções

CORREIO24HS
Priscila Natividade e Victor Villarpando (mais@correio24horas.com.br)

Secretário previa para 15 de outubro liberação de local que desabou

Autor do projeto estrutural do Centro de Convenções da Bahia, na década de 1970, o engenheiro civil Carlos Emílio Meneses Strauch já havia demonstrado preocupação com a reabertura do espaço, antes prevista para outubro, e que desabou, na noite de anteontem, ferindo três pessoas. “Ele [Strauch] afirmou que não tinha como reabrir o local”, indicou a promotora Rita Tourinho, ao informar, ontem, que o Ministério Público (MP-BA) solicitou, este ano, uma perícia do equipamento, após o engenheiro dizer que a perícia no Centro de Convenções não seria simples, pelas características arquitetônicas da obra. "É uma obra 'suspensa' e complexa".
Peso da estrutura desabada já enverga a laje (Foto: Marina Silva/CORREIO)

O secretário do Turismo do Estado, José Alves, havia previsto para a primeira quinzena do mês que vem a liberação do equipamento, após reforma iniciada há um ano, interrompida anteontem com o desmoronamento de parte do primeiro e segundo pisos. “Não estamos economizando esforços para a partir do dia 15 de outubro já começar a liberar as áreas para a montagem do Congresso Internacional de Odontologia, que acontece de 2 a 5 de novembro”, diz ele, em um vídeo promocional do evento, que foi transferido de local.
Segundo o governo do estado, que é responsável pelo Centro de Convenções, a área só será liberada para perícia amanhã à noite, 72 horas após a ocorrência, quando estará garantida a estabilidade da estrutura. “Um drone foi utilizado pelo Corpo de Bombeiros para filmar, sem risco para o efetivo, as áreas comprometidas do Centro de Convenções”, diz a o governo, em comunicado. As imagens, no entanto, não serão divulgadas, para evitar conclusões precipitadas sobre o incidente, segundo a assessoria do governo.
Risco continua
De acordo com o coordenador da Câmara de Engenharia Civil do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (CREA-BA), Luiz Edmundo Campos, há risco de novos desabamentos no local. “Tem uma laje inclinada e há a possibilidade disso cair em cima da guarita. Do lado esquerdo também existem duas lajes em situação semelhante às que caíram na sexta. Verificamos que as duas fachadas na parte de vidro e alumínio estão soltas”, disse ao CORREIO.
Ainda conforme Campos, a estrutura que caiu não abala a sustentação do prédio por completo. “Hoje (ontem) de manhã fizemos esta avaliação. É um consenso entre os técnicos - não só do Crea - que estavam lá presentes que seja providenciada a demolição destas partes que estão penduradas”, comentou.
Para o engenheiro civil, o desabamento de sexta à noite foi provocado por um problema de corrosão nos apoios que sustentam a laje. “Os tirantes estavam sendo reforçados justamente por isso durante as obras de reforma que estavam sendo feitas no Centro. Eles se romperam e por isso a laje desceu, junto com o aquário e o andar acima dele”, pontuou.
Pelo menos em um primeiro momento, ainda segundo ele, não há necessidade de demolir o Centro de Convenções. “É muito prematuro falar se será preciso derrubar o centro. Mas é fundamental fazer uma avaliação profunda para que o governo decida o que é mais viável”.
A Metro Engenharia e Consultoria é a empresa responsável pela reforma do local. A ordem de serviço para execução da reforma emergencial foi assinada em setembro de 2015 com valor estimado em R$ 5,3 milhões. Entre os serviços previstos estavam a substituição de vigas, recuperação de estrutura da estrutura metálica e das vigas de travamento, além da reforma das torres de saída de emergência. 
Batalhão
Ontem, segundo o Corpo de Bombeiros Militares (CBM), ocorreu o processo de análise de risco de parte da estrutura que cedeu. “Nosso trabalho está sendo realizado por etapas. Ontem, fizemos o atendimento das vítimas com total êxito”, afirmou o comandante-geral do CBM, o coronel Francisco Telles. Ele destacou também que o cordão de isolamento no entorno do centro ficará por tempo indeterminado garantindo a segurança dos que moram na vizinhança.
Segundo o governo, dois militares do Batalhão de Policiamento Turístico (Beptur) que tiveram ferimentos leves no incidente foram atendidos e liberados. Em nota, a Associação dos Policiais e Bombeiros Militares do Estado da Bahia (Aspra) alega que os riscos em manter o Beptur no Centro de Convenções já haviam sido sinalizados ao comando da PM. “Por pouco o desabamento não acaba com tragédia envolvendo policiais militares. Se compararmos as fotos da unidade antes e depois do desabamento, é possível ter a dimensão do tamanho da tragédia”, afirmou o coordenador-geral da Aspra, Marco Prisco.
A assessoria do governo do estado negou que os policiais estejam sendo obrigados a continuar as atividades no local e confirmou que estuda a transferência do Beptur caso a perícia conclua que o local está condenado.
Além dos dois policiais militares, que não tiveram os nomes divulgados, o vigilante Sérgio Souza, 37 anos, também ficou ferido no desmoronamento, também de forma leve, após quebrar o vidro da guarita onde estava na hora do incidente.

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