quarta-feira, 1 de outubro de 2014

ELEIÇÕES: Marina ignora Aécio e sobe tom contra Dilma na reta final

Do UOL, em São Paulo
Guilherme Balza

A campanha de Marina Silva (PSB), ao menos no discurso, minimiza a subida deAécio Neves (PSDB) nas pesquisas e promete aumentar os ataques contra Dilma Rousseff (PT) nesta reta final de campanha.
Segundo a última pesquisa Datafolha, Dilma está com 40% das intenções de voto, seguida de Marina, com 25% e Aécio, com 20%. A candidata do PSB perdeu nove pontos percentuais desde 3 de setembro, data em que estava com 34% das intenções. No mesmo período, Aécio aumentou seis pontos percentuais, e Dilma, cinco.
Isso significa que os votos perdidos de Marina se dividiram entre o tucano e a petista. No mesmo período, a rejeição da ex-senadora subiu de 16% para 25%; a de Dilma caiu de 34% para 31%; e a de Aécio subiu de 21% para 23%.
Desde o início de setembro, a ex-senadora tornou-se alvo de ataques das duas campanhas. Enquanto o PSDB explora o passado petista de Marina e diz que ela não tem preparo para assumir a Presidência, o PT acusa Marina de mentir e mudar de posição conforme a ocasião.
Nesta semana, durante atos de campanha em Pernambuco, Marina focou os ataques à Dilma, colocando Aécio em segundo plano. Em entrevistas e discursos, aliados e própria candidata já se colocam no segundo turno. Ontem (30), durante evento em São Paulo, a ex-senadora fez as declarações mais agressivas contra a rival petista desde que as eleições tiveram início.
"Não me venha chamar de mentirosa. Mentira é quem diz que não sabe que tinha roubo na Petrobras. Mentira é quem diz que não sabe o que está acontecendo na corrupção deste país. Mentira é quem diz que vai fazer 6.000 creches e só faz 400", disse.
Marina disse ainda que Dilma "come pela boca do marqueteiro e come pela mão do assessor". Após acusar o PT de fazer "o jogo de dominador" com ela, afirmou: "eu não quero me parecer com essa gente".
No mesmo discurso, Marina repetiu quatro vezes "nós estamos no segundo turno". "Escrevam isso". As falas da ex-senadora irão abastecer as inserções e os programas eleitorais nos próximos dias.
O discurso inflamado empolgou o estafe de Marina. O deputado Walter Feldman (PSB-SP), braço direito da presidenciável, comemorava com Roberto Freire (PPS-SP). "Foi ótimo", disseram ambos. "Ela é uma mulher verdadeira, fala aquilo que pensa", afirmou Feldman.
O ex-deputado federal Maurício Rands, coordenador do programa de Marina, se dizia aliviado. "Que alívio, meu Deus, quem esperava que ela fosse dizer tudo isso?". Já a deputada federal Luíza Erundina (PSB-SP), que vinha evitando dar entrevistas, afirmou que Marina "respondeu a altura, com muita firmeza".
Corrupção será explorada
Antes da divulgação da pesquisa Datafolha de ontem, Beto Albuquerque (PSB), vice de Marina, afirmou que Aécio está estacionado nas pesquisas internas do PSB. "Nos nossos trackings o Aécio não cresce. Está estacionado. Ele está paralisado entre 17 e 18% e nós com nosso capital.
Albuquerque disse que o discurso de ontem da parceira marcou uma mudança no tom e se repetirá nesta reta final. "Nós conversamos muito, eu e a Marina hoje, e achamos que não temos que só responder pergunta dos outros, mas fazer as nossas também. Parar de respeitar muito e perguntar o que precisa ser perguntado. Acho que estamos fazendo uma mudança salutar que o Brasil exige que nós façamos", afirmou.
Segundo Albuquerque, a campanha irá explorar mais os episódios de corrupção do governo Dilma, como os desvios da Petrobras e a troca de ministros. "Vai ser a tônica do primeiro [turno] mesmo. E vai se repetir no segundo turno." 
Perguntado sobre se usar o escândalo da Petrobras como munição não pode dar margem para ataques do PT, já que Eduardo Campos foi citado por Paulo Roberto Costa como um dos que receberam propina, Albuquerque disse que contra o ex-governador de Pernambuco só há uma citação genérica e contra partidos da base aliada há acusações graves.
O biólogo João Paulo Capobianco, militante da Rede Sustentabilidade e integrante da campanha de Marina, afirmou que a mudança no tom de Marina reflete uma "indignação" com os adversários.
De acordo com Capobianco, os ataques a Dilma foram turbinados apenas agora, a cinco dias das eleições, porque a campanha não poderia entrar "no jogo" dos rivais. "Deixar se pautar por eles e fazer uma campanha suja nos traria um prejuízo enorme."
O biólogo afirmou que a subida de Aécio na pesquisa não os "abala". "Todos os dados mostram que isso não está acontecendo. Na verdade o que a candidatura Aécio está fazendo é criar uma falsa notícia viral de que está tendo chance. Mas as pesquisas e os trackings mostram que isso não está acontecendo. Isso não nos abala em nada."

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