terça-feira, 29 de julho de 2014

MUNDO: União Europeia amplia sanções econômicas contra a Rússia

Do ESTADAO.COM.BR
JAMIL CHADE, CORRESPONDENTE / GENEBRA - O ESTADO DE S. PAULO

Medidas são resposta à situação na Ucrânia e afetarão os setores de petróleo, tecnologia e defesa
GENEBRA - A União Europeia decidiu nesta terça-feira, 29, adotar o pacote mais amplo de sanções já impostas contra a Rússia desde o final da Guerra Fria. Com o objetivo de mandar um recado ao governo de Vladimir Putin de que Bruxelas não aceitará a desestabilização da Ucrânia, medidas foram adotadas para punir a economia russa e oligarcas que servem de alicerce para o presidente russo. O setor privado europeu já deixou claro que as medidas não vão afetar apenas o governo Putin, mas também os interesses de multinacionais francesas, britânicas e alemãs. 
As sanções econômicas atingirão o setor de petróleo, de tecnologia e de defesa, principalmente em segmentos que possam ter tecnologia sensível ou uso militar. As medidas serão revistas no prazo de três meses. Pela primeira vez, as sanções europeias irão além de congelar bens de lideranças russas e tem como meta tornar cada vez mais custoso o apoio do Kremlin aos rebeldes no Leste da Ucrânia. 
Uma das medidas limita a capacidade de bancos estatais russos de captar recursos no mercado europeu. Segundo as estimativas de Bruxelas, esses bancos precisam rolar dívidas no valor de US$ 50 bilhões e uma sanção pode ter um impacto profundo. 
Um embargo de armas ainda seria detalhado. Mas o pacote seria ainda completado com medidas para limitar os investimentos em novos projetos de energia na Rússia, medida que afetará o mercado europeu. Hoje, 30% do gás na UE é fornecido pelos russos. Na Ucrânia, a taxa chega a 90%. 
UE ampliou lista de pessoas próximas a Putin que tiveram ativos congelados no exterior
Além das sanções, a UE ampliou a lista de pessoas próximas a Putin que passaram a ter seus ativos congelados no exterior. A lista teve oito novos nomes e já conta com 87 pessoas, dos quais uma boa parte é integrante do Conselho Nacional de Segurança da Rússia. Vinte deles teriam seus ativos congelados e vistos negados. O objetivo é bloquear seus investimentos em alguns setores da economia da Crimeia e de Sebastopol, principalmente no que se refere à construção, transporte, telecomunicações e energia. 
As medidas foram anunciadas depois que, na segunda-feira, alguns dos principais líderes europeus se reuniram em uma vídeoconferência com o presidente americano, Barack Obama. O recado de Washington era que sanções apenas funcionarão contra Vladimir Putin se a Europa - o maior parceiro da Rússia, seguir o mesmo caminho. 
Por meses, líderes europeus alertaram sobre os riscos de isolar Putin. Uma das justificativas é de que isso poderia dar força a posições extremistas por parte do Kremlin. Mas outro argumento era justamente da necessidade de proteger os investimentos europeus no mercado russo. Na final da Copa do Mundo, no Brasil no dia 12 de julho, o camarote oficial era uma prova de que Merkel e Putin ainda mantinham um diálogo. Os dois sentaram praticamente juntos para assistir à partida, separados apenas pela presidente Dilma Rousseff e pelo presidente da Fifa, Joseph Blatter. Quando o apito final foi dado, um dos primeiros a felicitar Merkel foi Putin. 
O setor privado europeu teme que as iniciativas adotadas por Bruxelas representem importantes prejuízos não apenas para os russos, mas também para algumas das maiores multinacionais. Ontem, a BP, foi a primeira a se pronunciar claramente contra as sanções. A empresa detém 20% da Rosneft, uma empresa com amplo controle estatal dos russos no setor de energia. A Rosneft já estava na lista negra dos EUA. Mas continuava isenta de qualquer sanção na Europa. "Se novas sanções forem implementadas contra a Rússia, contra a Rosneft ou a indivíduos, isso poderia ter um impacto negativo em nossos investimentos e objetivos estratégicos na Rússia e em nossa posição financeira e resultados de operações", declarou a BP.
Quem também afirmou que vai sofrerá com as sanções é a Renault, que ontem viu suas ações despencarem em 4% depois de indicar que as vendas caíram em 8% no mercado russo no primeiro semestre e que, no restante do ano, a situação deve ser ainda pior. 
A empresa francesa controla a Avtovaz, a maior montadora russa e que fabrica o Lada. "Estamos numa situação em que é complicado saber que sanções serão aplicadas e quai serão seus impactos", disse Jérôme Stoll, um executivo da Renault.

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