terça-feira, 24 de setembro de 2013

ECONOMIA: Para além da mera conjuntura - 1

Do POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL

Os substantivos problemas pelos quais o Brasil atravessa têm sido sistematicamente tratados, seja do alto da maior autoridade brasileira, seja dos analistas, como "conjunturais" na ausência de outra palavra no vernáculo. Ocorre que o país está acumulando problemas de natureza estrutural sem que estes tenham encaminhamento estratégico. Agrava-se esta constatação com o lançamento de factóides que contribuem para a formulação dos discursos oficiais com vista às próximas eleições. A maioria das políticas governamentais ou das críticas a estas não subsiste a um exame mais demorado, mais estrutural. Como não está instalado na sociedade e no governo um sentimento de "emergência" tudo vai sendo empurrado por uma monumental barriga. Assim, com efeito pirotécnico, tudo fica como sempre e sem solução.

Para além da mera conjuntura - 2
Pode-se fazer uma longa lista ou uma "agenda" para comprovar a "dança do ventre" da sociedade e do governo cujo efeito é a paralisia nas soluções. Selecionamos alguns dos itens mais importantes : (i) considerada a atual taxa de câmbio e o chamado "custo-país" (tributação, regras trabalhistas, taxa de juros, etc.), o Brasil não é competitivo perante um mundo, incluso o emergente, altamente competitivo; (ii) nada de relevante ocorreu no país nos últimos 15 anos que tenha sido relevante para alterar as ineficiências da infraestrutura nacional. Das estradas até o balcão dos cartórios dos tribunais, tudo conspira contra o desenvolvimento econômico e social (veja as notas sobre os recentes leilões de concessões); (iii) a larga maioria dos programas sociais se reduz a uma estrita visão eleitoral. Do Bolsa-Família ao "Mais Médicos" nota-se a ausência de uma visão estratégica suficiente para em algumas décadas superar-se a pobreza e o subdesenvolvimento; (iv) em matéria de desenvolvimento tecnológico e educacional a coisa vai de mal a pior. Somos, de fato, um país sem possibilidade de incorporar parcelas importantes de avanços tecnológicos e, de um modo geral, sobram analfabetos funcionais.

Para além da mera conjuntura - 3
Alguém poderia argumentar que "as coisas sempre foram assim" e mesmo assim o Brasil se desenvolveu. Esta duvidosa argumentação, em geral, não considera o fato de que as mudanças dos padrões de competitividade das últimas três décadas jogaram o país num quadro de estupendos desafios. É preciso recuperar rapidamente o que deixamos de fazer naquilo que é o "básico" para jogar o jogo e, ao mesmo tempo, dar arrancadas tecnológicas que permitam ao país ser ao menos competitivo dentre seus pares "emergentes". Para isto, a arte de governar teria de reformar o Estado no sentido de torná-lo eficiente no cumprimento de suas tarefas na formulação de políticas modernas e atrair o capital para mover a máquina do desenvolvimento. Para isto o governo tem de ser fonte de estabilidade e confiança, pois até o mundo mineral sabe que o capital é covarde. Ora, o que se vê no governo é o jorro de bravatas e a incapacidade, digamos, operacional, de fazer o país seguir em frente. Afora, outros aspectos mais nebulosos como a corrupção e a trágica criminalidade. Por toda esta argumentação já não existe, a nosso ver, "conjuntura" e "estrutura". Há uma emergência que embora não aflorada, faz um país muito além de suas próprias possibilidades.

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