terça-feira, 2 de outubro de 2012

ECONOMIA: Vendas de carros decepcionam, caem 31% e lojas voltam a acumular estoques

Do ESTADAO.COM.BR
Márcia De Chiara, de O Estado de S. Paulo

Lojistas dizem que consumidores anteciparam as compras em agosto para aproveitar o desconto do imposto, que acabou sendo renovado
SÃO PAULO - As vendas de carro zero quilômetro despencaram em setembro e surpreenderam até mesmo as revendas. Entre automóveis e comerciais leves foram emplacados no mês passado 277.614 veículos no País. É um volume 31,54% menor em relação a agosto e 5,44% abaixo do registrado no mesmo mês do ano passado, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
"A queda foi além do que imaginávamos", afirma o presidente da Fenabrave, Flávio Meneghetti. Ele diz que a única explicação plausível para esse resultado é que houve uma forte antecipação de compras em agosto por causa da perspectiva de fim do benefício do corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) previsto para o fim daquele mês. E a redução do imposto acabou sendo prorrogada para o fim de outubro. "O resultado de setembro nos deixa apreensivos sobre o desempenho do mercado após o fim do corte do IPI e quanto isso pode comprometer as vendas."
Para outubro, o presidente da Fenabrave acredita que haverá recuperação nas vendas de veículos porque a previsão é que o IPI volte a ser cobrado a partir de novembro. "Mas não acredito que o recorde de vendas de agosto será repetido." Em agosto, foram vendidos 405.511 veículos.
A perda de ritmo nas vendas fica clara quando se observa a média diária. No mês passado, foram comercializados 14.611 veículos por dia, um volume 17,12% menor que a média diária de agosto, mas 4,5% maior que a registrada em setembro de 2011.
"Setembro foi um fracasso de vendas para todas as montadoras", afirma Marcos Jordano, gerente de vendas da Gran Brasil, concessionária da marca Renault, com oito lojas em São Paulo. Ele diz que esse foi o pior mês de vendas que ele presenciou em 17 anos de atuação no mercado. Nas suas lojas, houve uma retração de 40% nos volumes vendidos em setembro na comparação com agosto. Isso fez o estoque médio da concessionária subir para 68 dias, enquanto o normal é de 35 dias.
"Não acredito que as vendas de outubro retomem o mesmo fôlego de agosto. O consumidor antecipou a compra do carro zero", diz Jordano. Ele conta que, por enquanto, as vendas estão no mesmo ritmo de setembro. "Estamos catando os clientes."
Usados
Além da antecipação de consumo, a forte desvalorização dos veículos usados atrapalhou as vendas de zero. Flávio Corrêa, vendedor da concessionária Avante da Freguesia do Ó, que revende a marca Ford, diz que os preços dos usados recuaram cerca de 20% e isso fez com vários clientes desistissem de comprar o carro novo. "Em setembro o consumidor tirou o pé do acelerador", diz o vendedor, que registrou na sua loja entre 30% e 40% de retração nas vendas em relação a agosto.
Esse recuo é confirmado por Marcos Leite, gerente de vendas da Amazon, revenda Volks, com duas lojas em São Paulo. Apesar da queda de 40% em relação a agosto, ele está mais otimista que seus pares e projeta para este mês desempenho semelhante ao de agosto. "A volta do IPI e a chegada do 13º salário devem acelerar as vendas."
Para Fábio Silveira, sócio da RC Consultores, enquanto a massa salarial estiver crescendo, há espaço para ampliar vendas, desde que o IPI continue reduzido. "No dia em que, de fato, subir o IPI, a queda será drástica", prevê o economista.

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