Da FOLHA.COM
Os réus do mensalão ficaram perplexos e furiosos com o que consideram
descuido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seus diálogos com Nelson
Jobim e Gilmar Mendes, informa a coluna de Mônica Bergamo, publicada na
edição desta segunda-feira da Folha (a íntegra
está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo
Grupo Folha, que edita a Folha).
Acham que o ex-presidente, na ânsia de ajudar, acabou conturbando o clima de
vez.
Segundo a revista "Veja", Mendes relatou que, em encontro em abril, Lula
propôs blindar qualquer investigação sobre ele na CPI que investiga as relações
de Carlinhos Cachoeira com políticos e empresários. Em troca, o ministro
apoiaria o adiamento do julgamento.
De acordo nota divulgada por Lula ontem, a versão da revista sobre a conversa
é inverídica. "Meu sentimento é de indignação", afirmou o ex-presidente em nota.
Lula afirma que nunca interferiu em decisões do Supremo e da
Procuradoria-Geral da República nos oito anos que foi presidente, inclusive na
ação penal do mensalão.
"O procurador Antonio Fernando de Souza apresentou a denúncia do chamado
mensalão ao STF e depois disso foi reconduzido ao cargo. Eu indiquei oito
ministros do Supremo e nenhum deles pode registrar qualquer pressão ou injunção
minha em favor de quem quer que seja", afirmou Lula.
Mendes confirmou à Folha o encontro e o teor da conversa, revelada
ontem, mas não quis dar detalhes. "Fiquei perplexo com o comportamento e as
insinuações despropositadas do presidente."
O encontro aconteceu em 26 de abril no escritório de Nelson Jobim,
ex-ministro de Lula e ex-integrante do STF.
O petista disse ao ministro, segundo a revista, que é "inconveniente" julgar
o processo agora e chegou a fazer referências a uma viagem a Berlim em que
Mendes se encontrou com o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), hoje
investigado por suas ligações com Cachoeira.
Membro do Ministério Público, Demóstenes era na época um dos interlocutores
do Judiciário e de seus integrantes no Congresso.
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