segunda-feira, 2 de abril de 2012

MUNDO: Argentina aperta o cerco a Repsol

De OGLOBO.COM.BR

Janaína Figueiredo
Governo pode reestatizar YPF, que pertence ao gigantesco grupo espanhol
BUENOS AIRES. Seis províncias argentinas decidiram anular contratos de exploração da espanhola Repsol-YPF, novo inimigo público da presidente Cristina Kirchner. O governo da província de Chubut, que foi um dos primeiros a aderir à ofensiva contra a principal companhia petrolífera com operações no país, ontem, foi ainda mais longe: Chubut anunciou o fim da concessão da jazida de Manantiales Behr, a mais importante da região. A estratégia abre caminho para uma possível reestatização da YPF, que tinha sido privatizada durante o governo Carlos Menem.
— Nossa decisão é avançar no processo de reversão de outras quatro jazidas que a YPF tem em Chubut, começando por Manantiales Behr — declarou o governador de Chubut, o peronista Martin Buzzi, aliado da Casa Rosada.
Os governos provinciais alegam falta de cumprimento dos contratos de exploração por parte da Repsol-YPF mas vários analistas acreditam que o governo Kirchner poderá aprovar, por lei ou decreto, a estatização de pelo menos 30% das ações da companhia. A informação está circulando há várias semanas em Buenos Aires e Madri e, no último sábado, foi publicada com destaque no jornal “Página 12”, um dos mais alinhados com o governo Kirchner.
Segundo o diário argentino, Cristina está estudando várias propostas, entre elas, uma que prevê declarar a empresa como de “interesse público”, dando ao Estado o controle de até 35% de suas ações. Desde 2008, 25% do capital da YPF estão em poder do grupo argentino Petersen, um antigo aliado dos Kirchner. Outros 50% são da espanhola Repsol. O restante está diluído no mercado.
Segundo informações publicadas por jornais argentinos e espanhóis, um telefonema do rei Juan Carlos teria levado Cristina Kirchner a adiar o projeto de reestatização, mas ele estaria novamente ganhando força nos últimos dias. Movimentos políticos vinculados ao governo, entre eles La Cámpora, fundado e liderado pelo filho da presidente, Máximo Kirchner, espalharam cartazes com mensagens contra a Repsol-YPF nas ruas da capital.
Além de Chubut, Rio Negro, Salta, Mendoza, Santa Cruz e Neuquén já tinham cancelado concessões da Repsol-YPF. Em todos os casos, os governos provinciais alegam falta de investimentos e queda da produção. Os números em poder do governo Kirchner indicam que, entre 2002 e 2011, a produção de petróleo recuou de 43,9 milhões de metros cúbicos para 33 milhões (dos quais 35% são produzidos pela Repsol-YPF). Em discurso no mês passado, a presidente lamentou o fato de seu país ter desembolsado US$ 10 bilhões no ano passado para importar combustíveis.
— Estamos cansados das políticas decididas na Espanha para tirar o petróleo da nossa Patagônia querida — afirmou recentemente o governador de Santa Cruz, peronista Daniel Peralta.
A empresa disse ter cumprido o plano de investimentos nas províncias de Chubut e Santa Cruz e ameaçou recorrer à Justiça para recuperar as concessões anuladas. De acordo com a Repsol-YPF, no ano passado foram investidos US$ 350 milhões em Chubut e US$ 380 milhões em Santa Cruz, superando os montantes injetados em ambas províncias nos dois anos anteriores.
— É uma vergonha a Argentina continuar importando combustível — disse o governador Martín Buzzi, de Chubut.

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