Do UOL
Dois dias antes de a juíza Patrícia Acioli ser morta, na noite da última quinta (11), a Polícia Civil do Rio informou à Polícia Federal que havia um plano de assassinato contra a magistrada. O aviso foi dado por um policial da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod). A informação foi publicadas nesta terça-feira (16) pelo jornal “O Globo”.
De acordo com o jornal, na semana que antecedeu o crime, a própria Patrícia compareceu à Corregedoria da Polícia Militar para relatar ameaças feitas por policiais do 7º BPM, em São Gonçalo, e do 12º BPM, em Niterói.
Patrícia foi morta com 21 tiros de revólver, calibres 40 e 45 (de uso exclusivo da polícia e das Forças Armadas), quando chegada à casa onde morava em Piratininga, região oceânica de Niterói. A magistrada era conhecida pela rigidez nas sentenças referentes a policiais envolvidos com milícias e grupos de extermínio. No início do ano, o nome dela foi encontrado em uma lista de marcados para morrer achada com um traficante de Minas Gerais.
Segundo "O Globo", na última segunda (15) o Disque-Denúncia (2253-1177) recebeu a informação de que quatro detentos do presídio Ary Franco, em Água Santa, seriam os mandantes do assassinato de Patrícia. Eles são ligados à máfia dos caça-níqueis em Niterói, São Gonçalo e Maricá e teriam como novos alvos um juiz federal de Niterói e o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), que foi presidente da CPI das Milícias. Conforme a denúncia apurada pelo jornal, o homicídio teria sido executado por dois bombeiros e por PMs do 7º BPM e do 12º BPM.
O conteúdo da denúncia teria sido encaminhado aos setores de inteligência da Secretaria de Segurança, da Assembleia Legislativa, do Tribunal de Justiça, do Tribunal Regional Federal, da PM e da Polícia Civil.
Família cobra investigação
A família da juíza cobrou a investigação de grupos criminosos que seriam julgados por ela nos próximos meses. Parentes acreditam que ela foi morta a mando de quadrilhas que respondem a processo na 4ª Vara Criminal de São Gonçalo.
"Acreditamos que há relação com algum julgamento futuro", disse Humberto Nascimento Lourival, primo da juíza. "A família não trabalha com a hipótese de crime passional. Seria muito cômodo para o Estado afirmar isso", completou, em alusão à informação de que o namorado de Patrícia, o PM Marcelo Poubel, a teria agredido duas vezes.
Entre os processos sob responsabilidade de Patrícia Acioli estavam acusações contra policiais, milícias e grupos de extermínio. A primeira audiência que seria comandada pela juíza nesta semana, marcada para ontem, envolve o policial civil aposentado Luiz Jason Tosta Pereira, acusado de participar de cinco homicídios e integrar um grupo de extermínio na região. A sessão do júri popular será remarcada. Em audiências anteriores, o policial negou as acusações. O advogado do réu não foi encontrado para comentar o processo.
* Com informações da Agência Estado.
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