segunda-feira, 15 de agosto de 2011

MUNDO: Ex-presidente do Egito volta a tribunal do Cairo para julgamento

De O GLOBO.COM.BR

O Globo

Com agências internacionais

CAIRO - O ex-presidente do Egito, Hosni Mubarak, voltou a um tribunal do Cairo nesta segunda-feira numa maca para a segunda sessão de seu julgamento por acusações de corrupção e cumplicidade em assassinatos de manifestantes durante a revolta em seu país no início do ano.
Mubarak, de 83 anos, chegou ao tribunal de helicóptero vindo de um hospital do Cairo, onde tem sido mantido desde sua primeira aparição na corte, em 3 de agosto. Sua defesa tentava usar seu estado de saúde para impedir o julgamento, que pode levá-lo a ser condenado à morte.
O ex-ditador foi levado para o julgamento dentro de uma gaiola de metal em uma maca, assim como na
primeira audiência . Tanto Mubarak como seus filhos, Alaa e Gamal - também presentes no julgamento desta segunda-feira -, negam todas as acusações. Os irmãos também são acusados de corrupção. Manifestantes pró-Mubarak entra em confronto com policiais
Cerca de 5 mil policiais fazem a segurança no entorno do tribunal. Apesar do reforço, dezenas de partidários de Mubarak entraram em confronto com manifestantes que pediam a condenação do egípcio. Os manifestantes pró-Mubarak ainda jogaram pedras nos agentes enquanto gritavam: "Ele é egípcio até a morte" e "Hosni Mubarak não é Saddam".
No tribunal, o juiz Ahmed Refaat teve dificuldades para manter a ordem, já que havia mais de 100 advogados presentes na sessão. Advogados das famílias dos manifestantes mortos já pediram mais acessos aos registros das comunicações de Mubarak. Os parentes querem saber quais ordens o ex-ditador deu às forças de segurança no combate aos protestos.
A defesa, enquanto isso, pediu que Mohamed Hussein Tantawi, presidente da Junta Militar que governa o Egito, testemunhe no julgamento. O depoimento de Tantawi, ministro da Defesa por mais de duas décadas, será fundamental no resultado do julgamento. A defesa acredita que o chefe da Junta Militar poderia inocentar Mubarak. A acusação, no entanto, espera que o relato do militar vá contribuir para condenar Mubarak, declarando que ele recebeu ordens do ex-ditador para atirar em manifestantes.
O juiz ainda precisa decidir quem vai testemunhar. O advogado do ex-presidente, Farid al-Deeb, pediu a convocação do ex-chefe do serviço secreto Omar Suleiman e de outras 1.600 testemunhas. Analistas afirmam, porém, que o magistrado deve reduzir esta lista. Julgamento é inédito no mundo árabe
O processo do presidente deposto é um momento sem precedentes para o mundo árabe. É a primeira vez que um líder do Oriente Médio moderno é julgado (exclusivamente) por seu próprio povo.
O episódio mais próximo a isso foi o julgamento de Saddam Hussein, mas o ex-presidente iraquiano foi capturado por tropas americanas, depois que uma aliança ocidental tomou seu país. Além disso, seu júri era formado por autoridade americanas e observadores internacionais.
Até mesmo o julgamento do presidente deposto da Tunísia, Zine el-Abidine Ben Ali, também catapultado pela Primavera Árabe, não pode ser equiparado ao de Mubarak, já que Ben Ali foi condenado à revelia e continua em exílio na Arábia Saudita.
O julgamento pode ser usado para ampliar a popularidade da Junta Militar do Egito, que vem sofrendo com protestos de ativistas, já que o povo cansado e enojado de tanta corrupção e abuso policial vai estar com sede de vingança. A principal questão á se o julgamento em si vai representar uma mudança concreta de sistema.

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