quinta-feira, 18 de agosto de 2011

MUNDO: Plano de Obama para gerar emprego inclui incentivo a pequenas empresas

Do ESTADÃO.COM.BR

Alexandre Rodrigues, da Agência Estado - MINNEAPOLIS, MINNESOTA
Carolyn Kaster/AP


Segundo a Casa Branca, duas de cada três das poucas vagas que a economia americana tem gerado recentemente vieram de pequenas empresas
Ainda sob intenso fogo cruzado, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, terminou nesta quarta-feira, a sua caravana pelo interior do chamado meio-oeste americano deixando um recado no ar: continuará insistindo num papel mais forte do governo para estimular a economia. E quer arrecadar mais impostos dos ricos para fazer isso sem deixar de cumprir os cortes estabelecidos no acordo com o Congresso para aumentar o teto da dívida americana.
Assessores de Obama prometem para setembro, após as férias do Congresso e do presidente, o anúncio de um novo pacote de estímulos. Um de seus objetivos é estimular investimentos de pequenas empresas, produtores rurais e projetos de infraestrutura, três segmentos vistos pelos democratas como os de maior potencial gerador de vagas na combalida economia americana.
O desemprego de 9,2% é o que lança ladeira abaixo a popularidade de Obama, que agora goza da aprovação de apenas 39% dos americanos. Ao percorrer a zona rural de Minnesota, Iowa e Illinois em três dias num reluzente ônibus blindado, Obama pediu à população e aos empresários com quem se reuniu para lhe enviarem sugestões sobre como deve agir contra o desemprego.
Obama também pediu pressão sobre o Congresso, de maioria republicana, para facilitar a sua vida na aprovação de medidas como a criação de fundos públicos para financiar investimentos em infraestrutura, especialmente em rodovias, cuja proposta ele promete enviar aos parlamentares após o recesso de verão. O presidente também quer colocar dinheiro em inovação, no desenvolvimento de novas tecnologias para a produção agrícola e combustíveis alternativos.
Para Dick Senese, reitor associado do departamento de extensão da Universidade de Minnesota, Obama não tem motivos para seguir a receita dos republicanos, que pregam cortes de gastos públicos e impostos como forma de deixar mais dinheiro nas mãos das empresas para investir.
"O estímulo do governo até agora fez bem para a economia, mas precisaria ser maior. O problema é que, com a posição do Congresso, é impossível ter mais recursos. Nesta viagem, o presidente apontou o seu plano de financiamento de infraestrutura, o que pode movimentar muitas construtoras que estão ociosas a voltar a contratar num setor que gera muito emprego", disse Senese ao Estado, um dia depois de encontrar-se com Obama em Cannon Falls, a primeira parada do giro presidencial.
Integrante do diretório local do partido democrata, que em Minnesota é bastante identificado com empresários e trabalhadores rurais, Senese foi um dos correligionários de Obama que levaram a ele diagnósticos e sugestões do que oferecer à platéia do meio-oeste americano que enfrentou nos três dias em cinco cidades.
Apesar das acusações da oposição de motivação política, Senese diz que o roteiro iniciado por Minnesota, estado da estrela do Tea Party Michelle Bachmann, tem mais a ver com economia. O meio-oeste, que tem forte produção agrícola e investimentos em inovação, tem uma taxa de desemprego menor do que a média nacional, em torno de 6%.
"Obama estava relaxado, confiante, muito interessado em ver e ouvir. Ele deixou claro que é preciso superar os embates políticos e resolver os problemas que temos como nação", disse Senese. Para republicanos como Bachmann, que venceu uma consulta entre republicanos em Iowa no fim de semana, e o governador do Texas, Rick Perry, que também circulou pelo meio-oeste nos últimos dias, Obama só está fazendo política em favor de sua reeleição.
Segundo a Casa Branca, duas de cada três das poucas vagas que a economia americana tem gerado recentemente vieram de pequenas empresas. Metade dos trabalhadores americanos hoje dedica-se ao próprio negócio ou é empregado de um pequeno empreendedor. Por isso, na passagem por Iowa, Obama anunciou que o governo entrará com US$ 1 de cada US$ 10 tomados pelas empresas para investimentos de micro e pequenas empresas, o que multiplicará o orçamento de US$ 360 milhões do programa em cinco anos.
Mesmo assim, parece pouco para animar aquela que ainda é a maior economia do mundo. No Brasil, uma economia bem menor, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) emprestou R$ 23 bilhões para pequenas empresas só no primeiro semestre deste ano. Mas diferentemente do governo brasileiro, que não tem dificuldade para fortalecer o BNDES a despeito do impacto dessa política na dívida pública, Obama já teve provas mais do que suficientes de que, se depender do Congresso de maioria republicana, não terá um centavo a mais para gastar.
Forçado a fechar um acordo com a maioria republicana no Congresso para cortar US$ 2,4 trilhões em uma década em troca da elevação do teto da dívida americana, cuja definição no último minuto não impediu o primeiro rebaixamento da classificação de risco do país em décadas, Obama ainda deixou muitos insatisfeitos em seu próprio partido. Para Senese, a retomada dos seus princípios nos discursos pelo meio-oeste americano, inclusive usando o inusitado apelo do bilionário Warren Buffet para pagar mais impostos, também ajudou a curar feridas entre os democratas.
"Conversei com muitos democratas após o encontro em Cannon Falls. Claro que há dissidentes, mas a maioria gostou do que Obama disse sobre como reagir nesse tema fundamental, que é a criação de empregos. Nosso partido também precisa entender que é possível manter políticas sociais e fazer acordos, com equilíbrio", afirmou Senese.(Alexandre Rodrigues - o repórter viajou a convite do World Press Institute - WPI)

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