quinta-feira, 22 de julho de 2010

ARTIGO: Ataques esquentam a campanha

Do blog do NOBLAT
Por Murillo Aragão

Na segunda semana da campanha eleitoral é possível perceber que a troca de farpas entre os candidatos que disputam o Palácio do Planalto aumentou. Obviamente, o alvo preferencial é Dilma Rousseff, por conta de sua condição de favorita.
José Serra disse que “Dilma é mais fraca que o PT” e que, ao contrário de Lula, ela não terá condições de controlar as alas mais radicais do partido. Serra seguiu a linha dada pela revista Veja, onde o radicalismo de setores do PT ganhou matéria de capa na semana passada.
Agravando a linha escolhida por Serra, o candidato a vice-presidente Índio da Costa acusou Dilma de ter ligações com as FARC, entre outras bobagens. "Todo mundo sabe que o PT é ligado às Farc, ligado ao narcotráfico, ligado ao que há de pior. Não tenho dúvida nenhuma disso", afirmou.
Marina Silva destinou suas principais críticas ao governo do presidente Lula, afirmando que há muito desperdício de recurso público com corrupção. É um discurso fraco para as massas e de apelo, apenas, para os eleitores mais esclarecidos.
Dilma Rousseff coleciona boas e más notícias. A boa é que o PP decidiu colocar à disposição da ex-ministra a infraestrutura da legenda (5.154 diretórios municipais, 1,2 milhão de filiados, 5.135 vereadores, 555 prefeitos e 96 deputados estaduais e federais).
Por outro lado, Dilma Rousseff foi multada pela quarta vez pela Justiça Eleitoral. Durante evento público sobre o trem-bala, que vai ligar Rio de Janeiro–São Paulo–Campinas, Lula havia elogiado a ex-ministra.
A procuradora-geral eleitoral, Sandra Cureau, investiga se Lula usou da máquina pública em favor de Dilma. Fazendo ressalva de que falava em tese, ela disse que esse tipo de gesto poderia resultar em cassação do registro de candidatura.
Também repercutiu mal a declaração do secretário da Receita Federal, Otacílio Cartaxo, de que foi identificado o servidor que acessou as contas do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge. Entretanto, Cartaxo disse que não poderia revelar seu nome.
A oposição protocolou requerimento na Câmara dos Deputados pedindo informações ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre o episódio, como o nome do servidor, a data, o horário e a motivação.
Causou ainda embaraço o fato de o governo federal ter distribuído 215 mil cartilhas defendendo o voto em mulheres. O material, continha discurso de Dilma Rousseff. Embora tenha sido elaborado entre 2008 e 2009, foi impresso apenas em maio deste ano, quando Dilma já estava confirmada como pré-candidata do PT.
Com a volta de Lula aos palanques, o saldo da segunda semana é favorável à Dilma. Nenhum dos contratempos tende a ameaçar a sua condição de favorita. Evidentemente, a sucessão de problemas com a Justiça Eleitoral é problemática, porém, é difícil acreditar que possa resultar na cassação de sua candidatura.
A oposição, pelo seu lado, não encontrou o tom ideal para atacar Dilma, já que atacar radicalismos do PT é um discurso surrado. Afinal, o PT está no poder há oito anos e o radicalismo foi controlado de forma razoável. E Dilma não é uma radical ideológica. Atacar a questão da corrupção, como fez Marina, também não tem impacto, já que o momento é de grande satisfação com o governo e não temos nenhum escândalo na pauta.
Pesquisas Datafolha (20 e 23/07), contratada pela Folha de São Paulo, e Vox Populi (17 e 20/07), pela TV Bandeirantes, serão divulgadas nos próximos dias, as duas primeiras depois que começou a campanha no dia 6 de julho. Elas mostrarão quem foi mais eficiente até aqui e poderão ajudar os candidatos a calibrar seu discurso antes do início da propaganda no rádio e na TV, que começa em 17 de agosto.

Murillo de Aragão é cientista político

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