terça-feira, 21 de maio de 2019

POLÍTICA: Planalto vê risco de ato pela educação afetar apoio ao texto da PEC

FOLHA.COM
Talita Fernandes
BRASÍLIA

Auxiliares de Bolsonaro monitoram a possibilidade de profissionais da educação ampliarem a articulação

Os protestos que tomaram as ruas de ao menos 170 cidades do país na semana passada contra os cortes no Ministério da Educação geraram um alerta no governo sobre a possibilidade de professores direcionarem a mobilização contra a reforma da Previdência.
Considerado projeto essencial para o sucesso da economia pelo governo Jair Bolsonaro (PSL), a reforma com mudanças nas regras de aposentadorias e pensões tramita em comissão especial da Câmara.
Auxiliares de Bolsonaro monitoram a possibilidade de profissionais da educação ampliarem a articulação da quarta-feira passada (15) para criar novos focos de protestos. Mobilização já começou a ser convocada para o dia 30 de maio.
O governo monitora tanto a possibilidade de protestos nos estados, o que atinge diretamente os governadores, e que pressiona indiretamente a União, quanto nos arredores do Congresso nos dias em que a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) for submetida à votação no Legislativo.

Manifestantes na avenida Paulista, em São Paulo, durante protesto contra os cortes na educação Danilo verpa/Folhapress

A preocupação se deu pelo motivo de terem aparecido nas ruas cartazes contra a reforma da Previdência e pelo fato de os professores serem vistos como uma categoria bem articulada no país.
Embora o Palácio do Planalto evite demonstrar publicamente estar em alerta sobre a possibilidade de a insatisfação gerada pelos cortes do Ministério da Educação se espalhar, nos bastidores esse é um cenário estudado pelos auxiliares do presidente.
O número de manifestantes, sobretudo em São Paulo e no Rio de Janeiro, surpreendeu o setor de inteligência do governo, que esperava que os protestos sofressem uma redução ao longo do dia, na quarta.
Com a força das mobilizações, o receio de auxiliares presidenciais, sobretudo do núcleo militar, é que manifestações sejam convocadas nas próximas semanas.
O temor é que incluam protestos contra as reformas da Previdência e tributária, desgastando ainda mais a imagem do governo Bolsonaro.
Na quinta-feira (16), o vice-presidente, general Hamilton Mourão, negou que haja a possibilidade de se repetir a onda de protestos que se formou no país em 2013, quando o país assistiu às jornadas de junho.
“Eu julgo que não [se repita 2013]. Isso foi uma coisa pontual. À medida que o governo federal tomar decisões, e acho que será aprovada a reforma previdenciária, vão mudar as expectativas econômicas e os recursos voltarão para as universidades federais”, disse.
Em 2013, protestos contra o aumento das tarifas de ônibus em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro estimularam uma onda de manifestações pelo país inteiro, o que se transformou em uma crise de governo para a então presidente Dilma Rousseff (PT).
No Palácio do Planalto, a avaliação é que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, não soube explicar de maneira adequada a necessidade do bloqueio de recursos, transformando um problema pontual em uma crise de governo.

Comentários:

Postar um comentário

Template Rounders modificado por ::Power By Tony Miranda - Pesmarketing - [71] 9978 5050::
| 2010 |